Sessão pelos 150 anos da Euterpe marcada pela emoção

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Sessão pelos 150 anos da Euterpe marcada pela emoção
Sessão pelos 150 anos da Euterpe marcada pela emoção

Plenário lotado, com o público permanecendo até o fim da sessão de mais de duas horas, contando ainda com a participação do prefeito, que, segundo funcionários da Casa e antigos vereadores, foi inédita para o caso de uma sessão deste tipo e, ainda, a quantidade de vereadores presentes, além de toda a emoção que tomou conta do Legislativo na noite da última terça-feira, 19, fizeram da homenagem que os vereadores prestaram à Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense um momento realmente especial.
Convocada por proposição do vereador e líder do governo Alexandre Cruz, a sessão ocorreu a uma semana de a agremiação completar seu sesquicentenário, na próxima terça-feira, 26. Com as presenças ainda dos ex-presidentes da banda, Jorge Carvalho e José Carlos Schuenck (ambos também ex-vereadores), bem como de atuais e ex-diretores, integrantes de famílias de tradicionais euterpistas, a exemplo dos Merecci e Bravo—inclusive a presença da senhora Maria Helena Bravo, às vésperas de completar seus 90 anos, acompanhada de uma sobrinha—, a sessão contou ainda com a participação de 19 dos 21 vereadores—sendo que o vereador Christiano Huggenin teve sua ausência justificada por estar hospitalizado, enquanto o vereador Francisco de Barros enviou nota justificando ter outro compromisso prévio que o impedira de comparecer. Já os vereadores Joelson Martins e Nami Nacif estiveram no início, mas tiveram que sair.

Uma unanimidade
Iniciada com as execuções dos hinos Nacional e do Centenário de Nova Friburgo, pela banda sinfônica e sob regência do maestro Nelson José da Silva Neto, a sessão contou com exibições de cinco VTs sobre a história e atividades recentes da Euterpe, ressaltando sempre o lema adotado para o sesquicentenário: “De uma promessa a exemplo de superação”—referindo-se à promessa de Samuel Antonio dos Santos de fundar a Euterpe, durante uma tempestade em alto-mar em 1858, em viagem entre Lisboa e Buenos Aires.
Primeiro dos vereadores a se pronunciar, o radialista e vereador Wanderson Nogueira destacou a homenagem que a Vilage no Samba prestou à SMBEF no enredo para o carnaval deste ano. O mestre-sala Betão portava o estandarte da escola, que se destacava em meio ao público que lotava o Plenário Jean Bazet. Falaram ainda os vereadores Professor Pierre, Cláudio Damião, Gabriel Mafort, Renato Abi-Ramia, Ricardo Figueira e Gustavo Barroso, que levou recortes de revistas antigas destacando diversas apresentações da Euterpe no Rio de Janeiro, sobretudo quando esta era capital do estado. Também os vereadores Zezinho do Caminhão, Wanderléia Lima, Cigano, Jacutinga, Luiz Fernando e Alcir Fonseca se pronunciaram, todos ressaltando o patrimônio cultural que a Euterpe é para o município.
Além disso, como membros da mesa diretora, os vereadores Wellington Moreira e Marcelo Verly também falaram sobre o significado e a importância da instituição, que é a mais antiga expressão cultural viva da cidade. A cada fala os vereadores parabenizavam Alexandre Cruz pela proposição da solenidade, sendo que ele teve o privilégio de ser também o autor de proposta idêntica nos 145 anos da Euterpe.

Um senhor embaixador
Entre os presentes, quase não era notado o motociclista Augusto Lins e Silva Neto, de terno preto e disfarçando o piloto septuagenário, que já quebrou recorde de viagem internacional sob duas rodas e vai partir em maio para sua mais nova aventura: o projeto Eurásia, no qual percorrerá de moto 28 países da Ásia e Europa. Um dos homenageados pela SMBEF com a comenda “Embaixadores do Sesquicentenário”, que será entregue a personalidades e autoridades no dia 10 de março, Augusto BR—como é mais conhecido—levará a bandeira da Euterpe a todos esses povos.
Na mesa principal, o presidente Márcio Damazio surpreendeu a todos quando sacou do bolso uma carteira de ex-aluno da escola de música da Euterpe, aos 12 anos. Quase 30 anos depois, Damazio ressaltou sua alegria e felicidade em ter passado pela agremiação e causou ainda emoção ao presidente da banda, Francisco de Assis da Silva, que é um entusiasta da escola, pelo importante papel de formação dos músicos e permanente renovação da banda.
Também na mesa principal, o presidente do Conselho Deliberativo, José Nilson da Silva, falou emocionado sobre sua trajetória na banda. Nilsinho, como também é mais conhecido, já foi presidente e relatou momentos de dificuldades da SMBEF, e destacou a figura do atual maestro, “uma cria da casa, que assumiu a batuta num momento em que a banda ia parar, pois o maestro de então se demitiu às vésperas de uma importante apresentação”.
Nilsinho ainda agradeceu a todos da diretoria, através dos diretores presentes, músicos e estudantes, bem como dos ex-presidentes que têm acompanhado com tanto entusiasmo as atividades da celebração do sesquicentenário e finalizou dizendo que a responsabilidade de manter e carregar uma banda com 150 anos não é nada fácil.
O secretário de Cultura Roberto Wermellinger exaltou a Euterpe como um bem genuinamente friburguense. Lamentou, porém, a limitação de recursos da pasta para fazer frente a todos os projetos.

Em nome dos ex--presidentes
O professor e ex-vereador Jorge de Carvalho, que também já presidiu a banda, falou em nome dos ex-presidentes e citou a alegria de estar de volta à tribuna daquela casa, exatamente para falar de uma de suas paixões. Frequentador da Euterpe praticamente desde que nasceu, Jorge, que também já foi músico da banda, lembrou de aspectos históricos, inclusive o fato de que, aos oito anos de idade, participou dos festejos do centenário, ressaltando ainda que já que estava numa casa política, citaria o fato de que a Euterpe foi fundada por interesses políticos do Barão de Nova Friburgo.
Fazendo amplo retrospecto, Jorge chegou a citar a saudável rivalidade existente entre as duas bandas locais e mostrou-se ainda muito feliz em poder estar participando desde momento também histórico do sesquicentenário.

sonho em mutirão
Citando Dom Helder Câmara, ex-arcebispo emérito falecido e o identificando como seu guru, o presidente do Conselho Diretor da Euterpe, empresário Francisco de Assis da Silva, iniciou sua fala com um famoso pensamento do religioso católico: “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho, mas quando se sonha em mutirão, já é uma realidade”, exemplificando o trabalho que vem sendo desenvolvido por ele, sua família e outros abnegados nesses últimos 30 anos de atuação na entidade.
“Não quero sonhar sozinho”, complementou o presidente com lágrimas nos olhos e voz embargada, ressaltando ainda que este é o ano da Euterpe e que por isso ela merece todo o respeito e consideração. Enumerando uma série de projetos que a banda tem alinhavado, Assis citou o encontro com o prefeito, programado para a manhã desta quinta-feira, 21, e destacou a série de benefícios que a Euterpe pode auferir para o município.
“Outro dia um amigo ainda me falava: Assis, essa cidade precisa de um ‘pacto de sangue’. Somente assim vamos retirar Nova Friburgo do abismo em que se encontra. O povo tem que voltar a ter orgulho de ser friburguense”, disse o presidente, destacando ainda que, neste sentido, a Banda Euterpe pode ser um exemplo e fazer a diferença. Exibindo a carteira de estudante do presidente da casa, Assis disse que aquilo sim era motivo de emoção, de recompensa, destacando ainda que certamente o fato de ter aprendido música muito o ajudou na sua formação e até mesmo chegar à presidência.
Agradecendo e parabenizando o vereador que propôs a homenagem, o presidente lembrou de seu mandato e inquiriu a todos que tem atuação na Casa para o fato do ineditismo daquela noite: a presença maciça dos vereadores e a participação do prefeito. “Eu mesmo, na época como vereador, fiz aqui uma sessão de homenagem a uma instituição importante de Nova Friburgo, em que vieram apenas quatro vereadores.”
 
Prefeito garante apoio
Encerrando as falas, Rogério Cabral fez questão de usar a tribuna, justificando que é sempre um prazer e uma honra retornar à casa onde se iniciou na política, sendo vereador por quatro mandatos, inclusive lembrando que, numa das gestões, juntamente com o presidente Assis.
Rogério agradeceu a Euterpe pela apresentação em sua posse, o que, segundo ele, ficará guardado para sempre na sua memória e de sua família, enumerou a série de dificuldades encontradas na Prefeitura em função de vários Termos de Ajuste de Condutas (TAC) não cumpridos, mas garantiu total apoio à Euterpe em razão do que ela representa para a cultura do município.

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