O homem, o tempo, a voz
“Em 1993, Laercio Ventura foi quem me abriu as portas do A Voz da Serra, para escrever meus primeiros textos. Tinha eu 15 anos de idade, acreditem. Meus jogos de palavras sublimam a então temporada de Fórmula 1 daquele ano.
Óbvio por ter Ayrton Senna como ídolo (ostento dois quadros do piloto brasileiro até hoje e que não abro mão), procurava através da orientação paterna e até mesmo do Diretor do Jornal ser o mais imparcial possível. Havia naquele momento singular dentro desta história toda uma demonstração de orgulho da minha ex-professora de português Ione Amaral e naquela época também da minha atual professora Imaculada Valentim, cujo findar da vossa aula me pediste para fazer a leitura do meu primeiro artigo perante os colegas de classe no Colégio Anchieta.
Tratei deste assunto até agosto, a qual concentrava muita atenção, quase pedagogicamente por obrigação própria com intuito dos leitores poderem entender aquela linguagem distante dos padrões da língua portuguesa. Os artigos estão arquivados até hoje. O espaço em que eu assinava Carlos Gustavo Werneck até logotipo ganhou. Achava aquilo lindo e via como o automobilismo ganhava alguma notoriedade dentro do A Voz da Serra e também desta cidade.
Com plena certeza via ali um caminho para futuramente seguir num curso superior de jornalismo. Laercio Ventura fez este sentimento florescer e me acompanhar nos anos seguintes. E quando os próprios anos se passaram e me fizeram chegar a uma década no A Voz da Serra, não era desta forma que desejava abordar este ofício como articulista deste veículo de comunicação friburguense, após a viagem de Laercio Ventura ao Reino Divino. Não! Há uma década, mais precisamente na segunda quinzena de março, adentrava eu os corredores do jornal.
Laercio me recebia para uma rápida conversa, ali no corredor mesmo, talvez estivesse apressado. Recordo-me os cumprimentos rápidos a Ana Borges, que envolvidísisma numa redação de um texto que sairia no dia seguinte, pedia muita da sua concentração, e a capacidade intelectual aflorada, entretanto, continua. Eu disse ao que vinha, e ele abraçou a ideia conforme abraçou a mesma daquele adolescente que sonhava em escrever mais sobre automobilismo, que tinha Senna como força viva para seguir caminhos na vida, além do mais, gostava de ouvir os brados retumbantes de Galvão Bueno gritando: “Ayrton Senna do Brasil”. Mas quem estava diante de Laercio Ventura era alguém que desejava expandir voz, ideia com palavras que inicialmente ainda precisava ter algum ganho de corpo, poder verbal e evoluir ao longo desta década. E aconteceu: ele leu.
Sim, me tornei articulista do jornal. E com Laercio Ventura tive as histórias mais hilárias, as quais o “embate” entre o Diretor contrariado com o texto do articulista que deblaterava coisas que poderiam prejudicar o jornal no segmento judicial aconteciam nos próprios corredores. Isto é verossímil!
No mês de julho de 2003 fui à redação porque ele tinha me chamado porque queria conversar comigo. Lá fui eu entre uma edição do TV Ucam, conjugando com uma matéria do programa universitário agendada. Cheguei, conversamos, e as explicações categóricas a respeito do texto (que eu falava sobre a absolvição do Sérgio Naya, finado empresário e deputado federal) me faziam pensar. Quando a conversa estava por terminar, Laercio Ventura chegou pra mim, pousou uma das mãos em meu ombro e disse no seu tom ameno:
“Eu sei que você estava chorando do lado de lá! Você chorava do lado de lá e eu do lado de cá!”. Senhores leitores, foi uma cena única que depois em 2010 eu relembrava e ríamos no portão do jornal. A questão do choro é devido ao texto não ter sido publicado. Lágrimas não haviam de fato, mas uma metáfora docemente paternal.
O tricolor Laercio Ventura me fez lembrar também de histórias dos vários desfiles de escolas de samba que assistíamos na antiga sede, quando se localizava na parte central da Avenida Alberto Braune. Eu fantasiado de pirata num ano, de Superman no outro, e até de palhaço de folia de reis... Lá estava eu na sacada contemplando Vilage, Alunos do Samba, Imperatriz de Olaria, dentre outras passarem, quando muitas das vezes dormia no sofá da recepção. O destino tem muitas das suas peculiaridades. Laercio Ventura tinha olhos futuros. Não digo por mim, mas ele acolhe uma geração de jornalistas que trafega pelo Wanderson Nogueira a Vinicius Gastim, passeando por todos os bons colunistas que estão preparados pra desenvolvem o Light aos sábados, adornando neste espaço com textos incríveis, pondo suavidade às quais os meus não tem por tantos motivos advindos de Brasília.
É muito bonito a nossa geração poder levantar essa bandeira e levar adiante o legado de um homem que soube manusear o jornalismo dentro de Nova Friburgo. Por isso Laercio Rangel Ventura é o homem, dentro do tempo, com a voz viva de um passado errante a rasgar os céus da cidade que tanto amava.
Sr. Laercio (assim que eu o chamava) vá com Deus. As saudades ficam. Muito obrigado por tudo!”
Gustavo Werneck, jornalista
“Apresento sinceras condolências pelo passamento do Sr. Laercio Rangel Ventura, trazendo ainda, neste momento amargo e difícil, o abraço de solidariedade e muita confiança nos desígnios da providência divina.”
Márcia Patrícia Kienen
“Lastimamos o fato ocorrido. Perda irreparável para a população friburguense. Sentimentos.”
Jairo Wermelinger
“Hoje Nova Friburgo amanheceu literalmente calado, sem A Voz da Serra, sem a voz de Laercio Ventura, mas seu legado, sem dúvida, perdurará para sempre no coração da família friburguense como cidadão corajoso e determinado. O Hospital São Lucas se solidariza com seus familiares.”
Hospital São Lucas
“Gostaria de estar aí para me despedir do nosso querido Laercio, infelizmente não foi possível. Ele estará em meu coração como sempre esteve e será lembrado não só com admiração, mas com muito carinho e saudades. Força, fé e muita luz.”
Iza Ventura
“Recebo a notícia com enorme tristeza, pois é uma perda com duplo significado. O primeiro significado tem natureza pessoal. É o da pessoa querida, um dos grandes amigos do meu pai e que sempre me tratou de uma maneira gentil e carinhosa. O segundo significado tem natureza institucional. Não há que se falar da história de Nova Friburgo nos últimos 40 anos sem falar de Laercio e de A VOZ DA SERRA. Contudo, a vida segue. Desejo que continuem essa bonita história.”
Rogério D’Angelo
“Através desta mensagem queremos mostrar nosso sentimento pela recente perda. Nos sentimos incapazes de encontrar palavras de consolo, mas desejamos externar nosso profundo pesar pelo falecimento do querido amigo Laercio Ventura.”
Dermeval Barboza Moreira Neto e equipe da Clínica Santa Lúcia
“A Associação Médica de Nova Friburgo se encontra entristecida pelo falecimento súbito deste amigo querido de longa data e extraordinário jornalista Laercio Rangel Ventura. À sua família, nossos votos de pesar e de solidariedade cristã neste momento de profunda tristeza. O nosso jornal A VOZ DA SERRA, pelas mãos admiráveis de Laercio, se tornou leitura diária obrigatória de todos nós. Que Laercio, ao lado do nosso Criador, descanse em paz, iluminando nossos caminhos.”
Dr. Carlos Alberto Pecci, presidente da AMNF
“Quero dizer que lamento a perda de uma pessoa tão ilustre quanto o Sr. Laercio Ventura. Um profissional como ele merece todo o nosso respeito. Que Deus o tenha em bom lugar e que dê a sua família o conforto para superar a dor.”
Gilciléia Rodrigues
“Com pesar meus irmãos e eu soubemos do falecimento de Laercio Ventura. À Equipe do jornal A Voz da Serra e aos familiares do jornalista, os sinceros pêsames de nossa família. Nosso pai, Elias Antonio Yunes Junior, era assíduo leitor desse jornal e seu incentivador. Recebam todos nossa solidariedade.”
Lucia Yunes
“Laercio Ventura. Não encontro palavras para descrever esse grande friburguense. É difícil falar de pessoas que pertencem a um seleto grupo que está sempre à margem de comentários. Alguns, tal como ele, passaram a vida inteira trabalhando em beneficio da sua cidade. Não para ficar ouvindo elogios e recebendo homenagens, e sim por amor próprio. Esses, mortos, podem descansar em paz, com a consciência tranquila do dever cumprido.”
Ricardo Posenatto
“Poucos sabem como é difícil a tarefa de manter um jornal durante um grande período. E de quanta força, persistência e ideal são necessárias, tanto de seu diretor como de toda equipe para que o jornal permaneça circulando, inclusive em tempos de dificuldades. Além de nutrir uma grande simpatia pelo senhor Laercio Ventura, sempre o admirei também por conseguir manter, com grande diplomacia e ciência, um jornal em uma cidade de interior. A missão do diário ‘A Voz da Serra’ tem sido uma missão de reportar os fatos municipais, missão esta que tem sido cumprida com brilhantismo nos seus cinquenta e tantos heroicos anos. O papel de seu Laercio Ventura foi fundamental nesta trajetória, seja como pessoa querida, seja como guerreiro e exemplar profissional de imprensa que foi. Felizmente, consegui dizer a ele o quanto o admirava e encontrando-o na rua, pude chamá-lo de “mestre” na profissão que também escolhi. Vai com Deus, seu Laércio. Parabéns pela sua trajetória. E vida longa ao Jornal A Voz da Serra. Um grande abraço do Dib Curi.”
Dib Curi
“Lamento muitíssimo o falecimento do inexcedível Jornalista Laercio Ventura, a quem pude admirar, como Maestro da Voz da Serra, não só durante os nove anos em que trabalhei em Nova Friburgo, mas até hoje, assinante que me tornei deste belíssimo Jornal e que recebo em casa para relembrar a nossa Nova Friburgo, que, lamentavelmente, não tenho conseguido visitar com a frequência que pretendia. Força para todos em razão dessa enorme perda.”
Jorge Jansen Counago Novelle
“Sabedores do falecimento do Sr. Laercio Ventura, gostaríamos de enviar o nosso abraço de pesar à família e aos colaboradores de A Voz da Serra. Com certeza Friburgo perde um grande amigo e defensor da sua história. Atenciosamente,”
Vera Regina Veiga da Gama e Silva e família
“Foi com imenso penar que recebi ontem a notícia do falecimento do Laercio. Transmito, neste momento de dor, minhas sinceras condolências, extensivas a seus familiares, em especial à D. Maria José, e aos companheiros do jornal A Voz da Serra.”
Moreira Franco, ex-ministro
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