ESPORTES - Do Japão ao Brasil, Yamaguchi foi pioneiro na acupuntura

terça-feira, 18 de dezembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
ESPORTES - Do Japão ao Brasil, Yamaguchi foi pioneiro na acupuntura
ESPORTES - Do Japão ao Brasil, Yamaguchi foi pioneiro na acupuntura

Vinicius Gastin
Com apenas seis anos, ainda no Japão, Takashi Yamaguchi aprendeu a arte de massagear. Aos 22, chegaria ao Brasil para começar a sua vida no esporte, através do judô. Hoje, aos 77 anos, não dá mais aulas, tampouco atende a clientes. A isquemia que sofreu limita os movimentos e a fala. No entanto, a sabedoria adquirida e repassada a centenas de pessoas não sofreu qualquer tipo de dano, e teve recentemente o merecido reconhecimento.
No último dia 6, o mestre de judô foi homenageado pelo Conselho Regional de Acupuntura do Estado do Rio de Janeiro, Craerj, em cerimônia realizada na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Uma comitiva de parentes e amigos acompanhou Yamaguchi e a esposa Midori. Além dele, outras nove pessoas foram lembradas por serem os precursores da acupuntura no estado. Emocionado ao receber o prêmio, lembrou de uma das muitas situações que vivera. “Na minha época, as pessoas que lutavam judô aprendiam a fazer massagem e acupuntura. Ainda no Japão, com 16 anos, salvei a vida de uma mulher, que se afogou, através de massagem. Consegui reanimar a moça, que já tinha sido declarada morta.”

vida difícil no Japão e chegada ao Brasil
Takashi Yamaguchi nasceu em 15 de novembro de 1935, no Japão. Sob orientação da tia, teve as primeiras aulas de aplicação de massagem, aos seis anos de idade, uma prática comum naquela época. Durante a infância, teve de conviver com todas as dificuldades que a 2ª Guerra Mundial proporcionou. A família deixou o Japão por um tempo e, quando retornou, encontrou uma Tóquio destruída. Todas as plantações haviam sido queimadas após a derrota japonesa. Yamaguchi passou fome e, para sobreviver, comeu até mesmo os insetos encontrados nas plantações de arroz.
Aos 16 anos, ainda na terra do Sol Nascente, foi trabalhar em uma empresa de peças de navio, a Tokyo Keik, onde um ex-capitão da marinha japonesa dava aulas de judô. Mifune Kysoo ensinava várias práticas para tratamento de traumas e problemas de saúde. A partir dali, surgiram o interesse e a dedicação à acupuntura e massagem. Contratado para ensinar o judô em uma colônia japonesa de São Paulo, Yamaguchi chegou ao Brasil em 1957, com 22 anos de idade. Viveu durante algum tempo em Campos do Jordão, onde conheceu Midori Yamaguchi, e mudou-se para Papucaia. No município fluminense, pensou em desistir do judô. “Ele abandonou essa área de professor, por conta da baixa remuneração. Queria então ser lavrador. No Japão, trabalhou como torneiro mecânico e veio para o Brasil com o desejo de montar uma fábrica. A gente programa as coisas de um jeito e acontecem de outro”, contou Midori.

Yamaguchi constrói academia em Nova Friburgo
O destino levou Yamaguchi de volta ao mundo esportivo. Cinco anos mais tarde, já casado, transferiu-se para Cachoeiras de Macacu. Em 1971, chegou à Nova Friburgo e iniciou a prática das artes marciais na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF). Dois anos depois, trouxe a esposa Midori e inaugurou o próprio espaço. A academia Sol Nascente, hoje na Rua José Maria Raminelli,  Ponte da Saudade, foi construída com a ajuda de alunos. “Cerca de 30 pessoas se reuniam todos os fins de semana e trabalhavam com a gente. Apenas alguns faziam o serviço de verdade. A maioria gostava do churrasco, das bebidas, da festa”, divertiu-se ao contar.
A academia cresceu e foram inauguradas filiais em Cachoeiras de Macacu e Bom Jardim. Desde então, Takashi Yamaguchi voltou apenas uma vez ao Japão, em 1990, quando levou uma lembrança para homenagear seu antigo professor. No entanto, Mifune Kysoo já havia falecido. “São coisas da vida, a gente tem que relevar”, disse.     
Yamaguchi mora na casa construída embaixo da academia, e nela acumula honrarias por tudo o que fez. A próxima homenagem deverá ser feita pela Colônia Japonesa do Estado do Rio. Nada mais justo. Apesar das marcas do tempo, a bela história construída pelo professor permanecerá intacta para sempre.


“Loucos conscientes”: título mundial confirma recuperação do Corinthians

Doze anos depois, o Sport Club Corinthians Paulista volta ao topo do mundo. À época, em 2000, um time repleto de craques levou o Timão à conquista do Mundial Interclubes, promovido pela Fifa, no Brasil. No último domingo, 16, os corinthianos celebraram o bicampeonato no Japão. Sem nenhuma estrela, atleta extraordinário ou patrocinador forte. Foi um título ganho pelos 25 jogadores, o técnico Tite e os quase 30 milhões de torcedores, representados pelos 30 mil presentes ao estádio. Sim, 30 mil! A invasão dos paulistas impressionou, marcou época e faz parte de um título que confirma a recuperação do Corinthians. Vale lembrar que em 2007 o time escreveu o capítulo mais triste de sua história: o rebaixamento para a série B do Campeonato Brasileiro.
Desde então, a filosofia mudou, novos nomes assumiram a direção do clube e os resultados vieram: o Corinthians faturou a Segunda Divisão Nacional (2008), a Copa do Brasil e Paulistão (2009), Brasileirão (2011), além da Libertadores. O time também foi vice da Copa do Brasil (2008). Ainda durante a disputa da série B, criou o mote “Eu nunca vou te abandonar”. A primeira de uma série de programas de marketing bem-sucedidos, cujos resultados se refletem na última pesquisa Datafolha: o Timão empatou com o Flamengo na preferência dos torcedores brasileiros, ambos com 16%. O rubro-negro carioca, aliás, lutou para não cair no Brasileiro, em 2012. E agora muda a sua direção. Que esta não seja apenas uma coincidência ou o Corinthians poderá deixar o Mengão para trás. 
O “timão” investe em estrutura, conta com um Centro de Treinamento de bom nível e vai inaugurar em breve o novo estádio. Embora os meios utilizados para a sua construção sejam discutíveis, o Itaquerão vai representar um marco para o alvinegro de São Paulo. O time terá um dos patrocínios mais fortes do país e uma grande marca a ser explorada. O “Bando de Loucos” de loucos não têm nada. No Brasil, caminham para ser a maioria e se preparam para a consolidação no cenário internacional, algo que faltava até então. Se mantiverem o trabalho, os “loucos conscientes” podem dominar o mundo mais vezes.

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