ESPORTES - “Quero manter o clube na primeira divisão”

terça-feira, 11 de dezembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
ESPORTES - “Quero manter o clube na primeira divisão”
ESPORTES - “Quero manter o clube na primeira divisão”

Vinicius Gastin
Há uma semana, Wagner Faria tomava posse como o novo presidente do Friburguense Atlético Clube. Apaixonado pelo tricolor da serra, o servidor público não esconde o lado torcedor. Por diversas vezes, deixou o Eduardo Guinle no meio das partidas, emocionado pela vitória ou triste pelo resultado negativo. De fã do Fluminense Futebol Clube ao cargo mais importante do Friburguense, Wagner carrega consigo um vasto entendimento sobre o estatuto do clube. Formado em Direito, Letras e conhecedor profundo de história, sabe como poucos sobre a história do Frizão. Das arquibancadas, acompanhou tudo de perto. Envolveu-se, fez parte de algumas diretorias e foi presidente do Conselho Deliberativo. Wagner Faria chega ao cargo mais importante e vai comandar a instituição no triênio 2013/2015. Em uma de suas primeiras entrevistas após ser eleito, o presidente prometeu fortalecer o social e revelou a sua maior ambição: manter o Friburguense na elite do futebol carioca. 

Primeiras palavras como presidente
“É um momento muito importante para vida do Friburguense Atlético Clube. Todo início de uma diretoria é importante, um momento novo, sempre renovando. A esperança que passa em nossos corações é a expectativa de fazer um bom trabalho, atender ao nosso sócio com muito carinho e gentileza. Assim, o Friburguense poderá estar mais vivo nos corações de todos.” 

Maior desafio
“É claro que sempre pensamos no futebol com uma ansiedade maior, nunca, logicamente, desprezando o nosso social que é muito importante para a gente. Mas pelo fato de termos essa representação na Região Serrana e o Friburguense ser um dos principais clubes do interior do estado do Rio de Janeiro, é claro que a expectativa maior é manter a nossa classificação na primeira divisão e cada vez mais melhorar.”

Relação social x futebol
“Será a melhor possível. O Siqueira e o Carlos Alberto Nideck são duas pessoas que estão à frente do nosso futebol desde 1998, mantiveram o clube na primeira divisão por tanto tempo e não tem como você não chegar junto, dar ainda mais ferramentas para que eles possam dar continuidade a esse belíssimo trabalho feito até o presente momento.” 

Fortalecimento do Social
“A gente entende que o sócio precisa de muito carinho. Nós somos seres humanos e já temos essa forma de querer buscar sempre mais, nunca estamos satisfeitos com o que temos. Acho que dentro de um clube social, o sócio tem todo o direito de cobrar e temos que procurar atendê-los da melhor forma possível. Nós pretendemos trazer, principalmente, nossa sócia mais para o nosso clube. Estamos sentindo a falta da mulher. Também é importantíssima a volta das nossas crianças. Costumo dizer que a criança é o que de principal existe em nossas vidas, é o nosso futuro. Temos sempre que prestar muita atenção a elas, pois temos muito que aprender. Queremos trazer as mulheres e as crianças de volta e tratá-los com todo o carinho e gentileza.” 

Principais projetos
“De início, vamos atender a expectativa dos pais do nosso clube colocando a grama, natural ou sintética, no campinho das crianças, para que elas possam sentir o orgulho de ter um campo com grama, assim como o nosso sócio tem a grama sintética. Eles necessitam disso, é um anseio das nossas crianças. Vamos procurar dar mais conforto às nossas sócias, fazendo com que ela possa ser atendida dentro do polo aquático, para que não precise se deslocar até o bar social. E outras diversas coisas que estão pendentes e nós vamos procurar fazer.”

O Friburguense em 2015
“Eu espero que estejamos bem, na primeira divisão estadual, que é uma coisa que qualquer presidente almeja. Queremos melhorar o convívio do nosso sócio na parte social, para que tenhamos um ambiente tranquilo, de paz, esperança. Assim, poderemos fazer com que o Friburguense seja esse clube simpático, querido e tradicional, não só a nível Nova Friburgo, mas em todo o estado.”


Raul Marcos faz balanço sobre sua gestão

Professor destaca avanço, mas lamenta não ter concluído o Centro de Treinamento

Em janeiro de 2007, o professor Raul Marcos assumiu a presidência do Friburguense Atlético Clube. Seis anos depois, o primeiro presidente reeleito após a fusão entrega o cargo para Wagner Faria. 
“Foi uma grande honra dirigir a instituição que melhor representa Nova Friburgo no Brasil e no mundo. O Friburguense tem uma história muito bonita e foi construída por muita gente. Sou apenas uma pequena parte disso tudo. Cada um tem que enxergar o Friburguense como um pedaço do seu coração. As pessoas têm que se orgulhar em ter essa instituição na cidade.”
Ao longo de seu mandato, Raul Marcos conviveu com momentos distintos no futebol: a queda em 2010 e o acesso em 2012. Por muito pouco, o Friburguense não conseguiu o acesso à terceira divisão nacional. Paralelo ao desempenho nos gramados, o clube obteve bons resultados na parte financeira de acordo com o professor.
“Avançamos muito. O clube viveu grandes momentos e rejuvenesceu. Conseguimos atender melhor os nossos jovens e a base cresceu. Valorizamos os nossos profissionais, como o Adriano, que hoje é preparador de goleiros. Colocamos as contas do clube em dia e resolvemos mais de 100 processos jurídicos. A contabilidade foi colocada em dia, as prestações de conta foram aprovadas. Deixo o clube melhor do que eu encontrei.”
Outro momento marcante foi a recuperação pós-tragédia. Raul relembrou o apoio oferecido pelo Friburguense e as repercussões positivas na mídia do acesso e da recente viagem ao Japão.
“Naquele momento da tragédia, o Friburguense virou um centro de apoio e utilizou a luta para voltar à elite do futebol carioca como algo para reanimar a cidade. Com a viagem ao Japão, estendemos as nossas fronteiras para o outro lado do mundo e levamos Nova Friburgo junto.”
Em meio às realizações e os projetos em andamento, Raul Marcos revelou a intenção de fechar o anel de arquibancadas do estádio Eduardo Guinle. Em contrapartida, lamentou não ter concluído o centro de treinamento na localidade de Centenário. A obra está parada e não tem previsão para ser retomada.
“Faltou o centro de treinamento. Algumas pendências com relação à parceria com a Kinderdorff impediram a realização desse sonho. Temos o projeto para fechar o anel do Eduardo Guinle, que está em andamento. Acredito que com a dinâmica do Wagner Faria essas sementes possam germinar.”


Campeonato Carioca ou Campeonato Fluminense?

Francisco Verdan Corrêa Neto
Em todo o Brasil, os campeonatos estaduais levam o gentílico do Estado: Campeonato Gaúcho, Paranaense, Paulista, Mineiro, Baiano, Pernambucano, etc. Não se coloca o gentílico, não há campeonato manauara, natalense, cuiabano, belenense, florianopitano, etc. Seria absurdo!
Só no Estado do Rio de Janeiro o campeonato se chama carioca. Por quê? O Estado do Rio tem mais de 90 municípios; só em um se é carioca. Por que estes querem se sobrepor aos demais?
Se a maioria dos clubes é de fora da capital, por que essa maioria não impõe a mudança nos Estatutos ou do instrumento que o regula? Nosso campeonato é Fluminense!
A maioria não é carioca. Ou será que os cariocas, de 1973 até agora, ainda não aprenderam a diferença entre município do Rio de Janeiro e Estado do Rio de Janeiro? Não aprenderam ainda que todo carioca é fluminense, mas que nem todos os fluminenses são cariocas?
Será que os cariocas continuam sendo uma ilha cercada de nada em toda a volta? Vamos mudar o nome do nosso campeonato? 
Professor e pesquisador em Petrópolis



Cafusa ou Cafusacovi? O Brasil e a bola da Copa das Confederações em 2013

Luiz Flávio Gomes (@professorLFG)*
A bola da Copa das Confederações, de 2013, se chamará “Cafusa”, que é o acrônimo formado a partir de três palavras: Carnaval, futebol e samba. Foi apresentada pelo jogador Cafu, capitão do pentacampeonato conquistado pelo Brasil. A palavra “Cafusa” não tem nada a ver com cafuzo, que é o filho de índios com negros. A bola vai se chamar “cafusa” com “s” (porque, repita-se, é um acrônimo). Três fortes elementos da cultura brasileira estão sendo prestigiados neste conglomerado de sílabas: carnaval, futebol e samba. 
Mas se quiséssemos expressar a realidade cultural brasileira com mais precisão teríamos que agregar ao acrônimo mais duas sílabras: “co” de corrupção e “vi” de violência. “Cafusacovi”, hoje, expressaria com mais fidelidade a realidade (o retrato em branco e preto) do nosso país, que não é só alegria (carnaval, futebol e samba), senão também corrupção e fraudes (mensalão do PT, mensalão do PSDB e do DEM, Rosegate) e muita violência (o Brasil é o 20º país mais violento do mundo e terceiro da América Latina, com cerca de 53 mil mortes em 2012, conforme previsão do nosso delitômetro, no institutoavanteabrasil.com.br). Quando o tema é violência contra a mulher, o Brasil ocupa a 7º posição, dentre 87 países pesquisados (Mapa da Violência 2012)
Para a Copa de 2014 será lançada uma nova bola, com o nome de “Brazuca” (palavra que relaciona algo com a cultura brasileira), que lembra “bazuca”, “arma portátil antitanque, usada pelos norte-americanos na Segunda Guerra Mundial (a partir de 1942) e cujo cano de 75 mm de calibre lança o projétil a cerca de 60 m”. E arma, claro, traz consigo a ideia de violência. 
O mascote do mundial, um tatu-bola, vai se chamar “Fuleco”, que é um dos incontáveis apelidos do ânus. Exemplos do uso da palavra Fuleco (encontrados na internet): “Vai tomar no fuleco!”; “fuleco de bêbado não tem dono”; “Quem tem fuleco tem medo”; “Passarinho que come pedra sabe o fuleco que tem”; “fuleco não tem acento”. Fuleco, de outro lado, lembra a palavra fuleiro, que significa coisa ou pessoa de baixa qualidade, que bem descreve o Brasil em termos de corrupção e de combate a ela. 
De 0 a 10, nosso país tem nota 3,7 na escala da corrupção (em 2011), tendo caído quatro posições e ocupa o 73º lugar na lista com 183 nações elaborada pela Transparência Internacional. No que diz respeito ao controle e à prevenção da corrupção, como se vê, o Brasil é bastante fuleiro. 
O grave problema da corrupção enraizada na nossa tradição é que não se muda uma cultura por decreto (sim, pela exemplaridade). O vírus da corrupção se irradiou por todos os órgãos públicos, sobretudo os políticos, e hoje atinge (como enfatizou Gaudêncio Torquato – O Estado de S. Paulo de 02.09.12, p. A2) o custo estratosférico de R$ 80 a R$ 100 bilhões, segundo estudo da Fiesp, algo em torno de 1,4% do PIB, que significa uma parcela significativa no total dos recursos movimentados pela corrupção no mundo, que a Transparência Internacional calcula em US$ 1 trilhão por ano. 
No Brasil a chance de um funcionário público responder a um processo por corrupção é de menos de 5%, conforme a Controladoria-Geral da União. Mais de 70% da população, segundo o Ibope (pesquisa contratada pela Fiesp), se diz tolerante com a corrupção, enquanto o percentual que admite ter cometido algum deslize ético e poderia cair na malha corruptiva, caso fosse nela jogado, é até maior. Nosso atraso social (conclui o articulista) está intimamente ligado ao nosso “individualismo amoral”, ou seja, “nossa ética joga os interesses de curto prazo sobre os de longo prazo”. Seríamos, sob essa ótima, de um modo geral, fuleiros.
Nada foi intencional, muito provavelmente, mas a Fifa acabou retratando traços marcantes da cultura brasileira de hoje (e de sempre) com o nome da bola da Copa das Confederações (Cafusa: carnaval, futebol e samba), somado ao nome dado ao tatu-bola, Fuleco (que constitui um nome bastante fuleiro), e ao nome da bola da Copa do Mundo (Brazuca), que lembra bazuca (arma)—todos esses elementos conjugados forma um retrato da cultura alegre, zoneada e trágica do Brasil: carnaval, futebol, samba, corrupção e violência. Claro que o Brasil não é só isso, “Cafusacovi”, mas parece indiscutível que esse acrônimo traduz traços marcantes da nossa alegre e, ao mesmo tempo, triste realidade. 

* jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do atualidadesdodireito.com.br. Foi promotor de justiça (1980 a 1983), juiz de direito (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001). www.professorlfg.com.br.

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