CULTURA DE SAMBA resgata a tradição do Samba de Raiz

segunda-feira, 26 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
CULTURA DE SAMBA resgata a tradição do Samba de Raiz
CULTURA DE SAMBA resgata a tradição do Samba de Raiz

“Não deixe o Samba morrer
Não deixe o Samba acabar
O morro foi feito de Samba
De Samba pra gente sambar...”

Como mostra a letra dos compositores Edson Conceição e Aluísio, interpretada por Alcione, “Não deixe o Samba morrer”, a preocupação sobre os rumos do samba de raiz não é de hoje. E com este olhar, de resgate, e com vontade de mostrar como se faz o verdadeiro samba, surge o grupo Cultura de Samba. A proposta dos seus integrantes é valorizar os acordes e letras apresentados por artistas renomados, como Cartola, Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola, João Nogueira, Martinho da Vila e vários outros, que retratam tão bem uma das principais manifestações culturais populares brasileiras.
Conhecimento e experiência, essas são as raízes do Cultura de Samba. Os músicos se conheceram basicamente nas salas de aula do curso de Licenciatura em Música da Universidade Candido Mendes de Nova Friburgo, e pelas amizades que surgiram nesse meio. Assim, podemos apontar que a primeira centelha do Cultura de Samba tenha se soltado durante a realização do SambUCAM, em 2011.
A iniciativa surgiu dentro da universidade em Nova Friburgo, que consistia em shows de samba instrumental durante os intervalos de aulas. O projeto fazia parte de um trabalho feito em grupo para a disciplina Harmonia Funcional, com os alunos e integrantes do grupo: Marcelo da Graça, Victorio Vieira e Paulo Cellos. Com o bom resultado da apresentação, foi possível perceberem que a proposta era bem mais séria. A pegada do grupo, a partir disso, seria profissional.
Foi em janeiro de 2012 que o grupo tornou-se oficial e só vem crescendo em repertório e em número de ensaios, encontros esses em que fica evidente como se forma a cultura de samba, com cada músico completando a roda de samba com seu estilo, vivência e fluência no ritmo. E nessa pesquisa, o Cultura de Samba selecionou mais de 450 clássicos do samba, de vários compositores e intérpretes, para o grupo escutar, estudar e trabalhar de forma apurada e profissional. Cada um ouviu as composições e decidiram empregar a digital do grupo, mas tomando o maior cuidado para não descaracterizar o samba de raiz.
Como inspiração, o grupo formado por Marcelo da Graça, Paulo Brandão, Paulo Cellos, Thiago Santana e Victorio Vieira, se aprofunda nos trabalhos de Bezerra da Silva, Beth Carvalho, Alcione e Fundo de Quintal e tantos outros. A ideia é ser uma continuidade do que esses músicos já consagrados fizeram, caminhando sem pressa, mas com o jeito próprio do Cultura de Samba, que promete também mesclar músicas de própria autoria durante os shows.
Apesar de jovens, os componentes afirmam ter entrado para o mundo do samba somente após terem tido um amadurecimento pessoal e musical, e por isso cada um traz para a banda um verdadeiro mix de sonoridades, com experiências em ritmos como do rock ao pagode. Para os integrantes, é fundamental mostrar que o samba é uma arte genuinamente brasileira, muito rica e que é feita por bons músicos. Isso porque o estilo samba de raiz tem muita complexidade, e precisa ser estudado com cuidado e atenção, pois, não basta chegar e tocar; tem que ter conhecimento apurado das letras, melodias e acordes.
Tendo a Lapa também como inspiração, o grupo não quer apenas tocar o samba, mas passar esse amor e tradição pelo estilo samba de raiz para todos os que assistirem às suas apresentações. Eles pretendem mostrar seus trabalhos além da Região Serrana, e por isso planejam voos por onde for possível levar o Cultura de Samba, porque como diz Alcione: “Não deixe o Samba morrer, Não deixe o Samba acabar...”. 

Formação do CULTURA DE SAMBA
Baixo: Paulo Cellos, 36 anos, nascido em Fortaleza (CE), hoje morador da Região Serrana do Rio de Janeiro. Começou fazendo aulas de violão em Teresópolis, depois guitarra, e não demorou muito em se tornar um autodidata, sempre pesquisando em livros e vídeos. Mas, considera que a sua maior escola foi o seu grupo de amigos, que falavam o “musiquês”. Sobre o prazer do samba, Paulo tenta explicar: “É difícil definir com palavras os sentimentos, a energia, é necessário fazer e deixar de pré-conceitos e simplesmente experimentar; o que posso dizer é que me faz bem, sempre volto à realidade mais feliz”.
Bateria: Victorio Vieira, 24 anos, friburguense, que tem como maior inspiração o grupo Fundo de Quintal e todo o movimento cultural que existe no Cacique de Ramos. Para o percussionista e baterista, o Cultura de Samba tem uma sólida proposta, por isso promete chegar muito longe. Já tocou em banda de pop-rock, como a Fermatta, e tem várias passagens em grupos de estilos musicais variados do soul ao jazz. Também faz parte do seu currículo a atuação com a banda Tora-Bora. E agora, se orgulha em dizer: “Sou Cultura de Samba, que é uma família com um só propósito: viver de música”. 
Voz e banjo: Marcelo da Graça, 30 anos, de Teresópolis, diz que desde pequeno, sempre gostou de fazer batuque em tudo o que aparecesse em sua frente. Conheceu os primeiros acordes na música com o avô Cristóvão, quando foi apresentado ao acordeom. Também aprendeu a tocar instrumentos utilizados na capoeira, tais como o pandeiro e atabaque. Daí, para o samba e o pagode, estava a um passo, e descreve: “O Cultura de Samba é um grupo de amigos, uma família, que busca manter e dar continuidade a tudo aquilo que os sambistas do passado fizeram”.
Pandeiro e percussão: Paulo Brandão, 27 anos, de Nova Friburgo, que diz ter sido privilegiado por ter os familiares como os primeiros incentivadores musicais, desde cedo na percussão. Já atuou com o grupo de pagode “Sensibilidade”, que passou a se chamar “Timidez”. Mais tarde fez parte dos grupos Resumo do Samba e Provoca Samba. Seu ídolo maior no Samba é o lendário Bezerra da Silva e completa: “Cultura de Samba pode ser resumido em quatro palavras: Família – Amigos – Alegria – História”.
Voz e pandeiro: com Thiago do Carmo, 30 anos, de Miracema (RJ), que aos oito (8) anos de idade já batucava com o pai, que era músico percussionista. E assim começou a cantar sambas e aos 17 anos participou do primeiro grupo musical, Kimania, junto com o seu irmão e também músico, Rodrigo Santana. Participou também de grupos de pagode durante o período em que morou no Rio de Janeiro, e para Thiago, Cultura de Samba é poder unir todas as classes sociais para cantar e sorrir, sem se importar com as diferenças, mesclando morro e asfalto em prol do amor ao samba.
Tantã: com Maycon Teixeira, 27 anos, de Nova Friburgo. Nascido e criado na cidade serrana, Maycon começou no samba por gostar muito do ritmo e por influências dos seus tios. Teve passagens por grupos de pagode da cidade como Grupo 100% e Rodriguinho. Seu ídolo: Zeca Pagodinho. E a mensagem de todos os dias: “Batuqueiro, ei, batuqueiro. Cantando Samba pode bater no pandeiro...”—“Pandeiro é meu nome”, de Chico da Viola.


Programa

Abertura (instrumental)
Aquarela do Brasil (Ary Barroso) 
Feitiço da Vila (Noel Rosa / Vadico)
Trem das Onze (Adoniran Barbosa)
Foi um Rio que Passou em Minha Vida (Paulinho da Viola)
Insensato Destino (Maurício Lins / Chiquinho / Acyr Marques)
Só pra Contrariar (Sombrinha / Arlindo Cruz / Almir Guineto)
Deixa a Vida me Levar (Serginho Meriti / Eri do Cais)

Timoneiro (Paulinho da Viola)
Não Deixe o Samba Morrer (Edson Conceição / Aluísio)
Poder da Criação (João Nogueira / Paulo César Pinheiro)
Estrela de Madureira (Acyr Pimentel / Cardoso)

Homenagem a Benito Di Paula
Retalhos de Cetim (Benito Di Paula)
Beleza que é Você, Mulher (Benito Di Paula)
Do Jeito que a Vida Quer (Benito Di Paula)
Como Dizia o Mestre (Benito Di Paula)

Lucidez (Cléber Augusto / Jorge Aragão)
Mulheres (Toninho Geraes)
Tive Sim (Cartola)
Verdade (Nelson Rufino / Carlinhos Santana)

O Cheiro da tua Pele (Arzon)

Menina Carolina (Bedeu / Leleco Telles)
Meu Nome é Favela (Rafael Delgado)

O que é, O que é (Gonzaguinha)

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