Amine Silvares
O artista plástico Mário Moreira está com a sua mais recente exposição, “Brincaavera”, em cartaz na Usina Cultural Energisa, até o dia 28, com entrada franca. O friburguense uniu as brincadeiras da infância e a seriedade da vida adulta em mostra que reúne trabalhos que vêm sendo criados há mais de dez anos. As obras reúnem itens colecionados pelo artista ao longo dos anos, abordando diferentes aspectos da vida humana.
Em “Brincaavera” se destaca a técnica de assemblage, em que se utiliza objetos e materiais tridimencionais para colagens. Todas as criações foram montadas aos poucos, sem pressa. “Tudo que está aqui dentro, todas as peças, todos os brinquedos foram adquiridos em bazares, feiras e sebos. Não é reciclagem de material, todos os materiais estavam à venda”, destacou. A exposição apresenta ainda opiniões do artista sobre a vida, no momento em que completa 50 anos.
Dividida em três salas—duas com construções que remetem à infância, às brincadeiras, e outra com obras que mostram aspectos da vida adulta, a verdade, a “vera”—, a mostra tem ambientes apadrinhados por anjos, um branco e um negro. “É uma opinião minha de que os dualismos completam o homem. O branco e o preto, o yin e o yang, o bom e o mau. Todo mundo tem um pouco de cada coisa. A arte não é só o belo, ela precisa fazer o ser humano sentir, refletir. É preciso encontrar o equilíbrio”, diz o artista.
Formado pela Escola Nacional de Belas Artes, Mário é bacharel em Comunicação Visual e sempre trabalhou como artista plástico. Ele faz desenhos, esculturas, pinturas e desde 2008 atua como professor. O friburguense passou 14 anos morando em Portugal, mas sempre teve vontade de voltar à terra natal. “Eu voltei em 2006 para morar aqui, tenho um apego muito grande à cidade”, relata.
Carlito Marchon recebe homenagem especial
Mário Moreira aproveitou a exposição para fazer uma homenagem ao amigo e artista friburguense Carlito Marchon. “Acho que Friburgo tem uma memória muito curta. Não temos a cultura da memória. Como ele era meu amigo e um grande artista, eu tinha esse texto guardado comigo desde 2003, um texto que ele escreveu para uma exposição que não chegou a acontecer e ficou guardado. Tomei a liberdade de ‘convidá-lo’ para essa exposição”, conta.
O nome da escultura em homenagem a Carlito Marchon é Menino-Gavião, alcunha utilizada pelo ator e dramaturgo friburguense, que morreu em dezembro de 2006. “Ele foi autor, escritor, diretor de teatro, palhaço, professor de matemática, músico e uma pessoa incrível. Ele nunca deixou de ser um menino. Essa é a minha homenagem ao palhaço e ao homem”, justificou Mário.
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