ESPORTES - Friburguense retorna invicto do Japão

Após duas semanas no Japão, o Friburguense traz na bagagem alguns aprendizados e a invencibilidade conquistada nos quatro amistosos na Terra do Sol Nascente. O tricolor serrano venceu o Tsukuba por 2x0 na primeira partida, derrotou o Matsumoto Yamaga por 2x1 e goleou o Verdy Tokyo pelo placar de 4x1 na sequência. Encerrando a excursão ao oriente, o time de Gerson Andreotti empatou em 1x1 com o Tochigui. A delegação chegou a Nova Friburgo na noite da última terça-feira, depois de encarar aproximadamente 30 horas de viagem. Ao fazer um balanço sobre a viagem, o gerente de futebol José Eduardo Siqueira destacou a diferença entre o futebol brasileiro e japonês.

“O balanço que a gente faz da viagem ao Japão é positivo. Conquistamos três vitórias, um empate e vimos um futebol muito diferente do nosso. Há uma correria e uma pegada muito grande e isso conta muito de forma positiva para o carioca. É bem diferente do que estamos acostumados, todos se comprometem em marcar. A determinação é enorme. Nós no Brasil, não temos esse costume e às vezes pecamos nisso quando perdemos jogos ou nos aproveitamos nas partidas que vencemos. Aprendemos muito com isso e observamos que, apesar de todo esse desenvolvimento deles, o futebol brasileiro é o original.” 

A delegação friburguense chegou ao Japão no dia 10 de novembro e teve como primeiro adversário o fuso horário. A diferença em relação ao horário de Brasília é de 13 horas (somando-se uma hora do horário de verão) e a adaptação foi complicada.

“A adaptação foi um pouco difícil mas, com o grupo que nós temos, superamos e conseguimos os resultados. Tivemos uma sequência de jogos com muita marcação e correria, mas percebemos que o futebol brasileiro fala mais alto sendo aqui ou fora do país”, disse Siqueirinha. 

Além da questão comercial e cultural, a temporada no oriente fez parte do processo de renovação do espírito dos jogadores. Dois meses depois do último jogo no campeonato brasileiro da série D, a eliminação ainda incomoda os dirigentes e comissão técnica. Esquecer a disputa nacional é considerado fundamental para o Friburguense realizar uma boa temporada em 2013.

“A gente vem trabalhando essa questão e a viagem ao Japão esteve dentro do processo, também ajudou nesse sentido. Criamos novos objetivos, como a abertura de mercado e, mais do que tudo, serviu como preparação para o Campeonato Carioca. Esse é o nosso principal objetivo após a eliminação da série D. Ficamos o tempo todo juntos por lá, inclusive nas horas de folga e pudemos enfatizar a todo o momento a importância de fazermos um bom estadual. Não podemos desistir e o carioca passa a ser o foco”, reiterou o dirigente. 

A curiosidade dos japoneses em conhecer um pouco mais sobre o Friburguense atraiu a atenção de clubes e empresários. No entanto, o processo de negociação de jogadores exige tempo e cuidado. Siqueira revelou o interesse em um atacante japonês, mas descartou qualquer possibilidade de contratá-lo no momento.

“O futebol no Japão é muito compacto, homogêneo. O zagueiro se destaca pouco em relação ao atacante, pois a determinação é muito grande. Em relação a jogadores, nós observamos um atacante muito rápido. Mas hoje não temos uma estrutura para sensibilizá-lo de vir ao Brasil. A abertura de portas para os asiáticos acontece com o tempo. Existe a questão cultural, de adaptação, e por isso se estuda muito antes de qualquer negociação. O Friburguense deixou uma boa imagem e tudo pode acontecer.” 

A declaração do dirigente vai ao encontro do respeito oriental ao futebol brasileiro. Desde a época em que Zico encantou os torcedores do Kashima Antlers, o Brasil é visto com outros olhos quando o assunto é esporte. Fato que refletiu na tietagem aos jogadores do Frizão, sempre requisitados para as fotografias. Ao final de cada partida, os japoneses aguardavam por sua equipe e cercavam o Friburguense na saída do estádio, com o objetivo de levar alguma recordação daquele momento.

“Sempre quando descobriam que éramos brasileiros, haviam muitos pedidos de fotos. Independente de ser o Friburguense representando o futebol brasileiro, é um reconhecimento bonito. É um povo educado, que recebe muito bem e quando se fala em futebol o carinho é muito grande. Algo interessante que observei foi a saudação aos torcedores ao final dos jogos: eles demoravam quase cinco minutos. Terminavam as partidas e os jogadores tomavam água e voltavam para agradecer a torcida. Ninguém saía do estádio. Quando deixávamos o estádio, muitos esperavam para tentar pegar uma lembrança, ou mesmo dar um aperto de mão e observar um sorriso”, contou o gerente de futebol. 

Fim da viagem, hora de voltar à realidade. Siqueirinha admite que o Friburguense ainda está muito distante em relação à estrutura física dos clubes asiáticos. Entretanto, o dirigente observa alguns aspectos que podem servir como inspiração para o tricolor da serra.

“Sei que ainda estamos distantes com relação a estrutura física. É uma questão diferenciada que eles têm. São vários campos, de alta qualidade. O que podemos trazer de novo é a forma como eles trabalham o marketing dentro da cidade. Tem algumas coisas que podemos fazer e serão bem aceitas aqui. O Matsumoto Yamaga, por exemplo, vende um suco das cores do clube. Dentro dos hotéis da cidade observamos várias fotos dos times locais. Há uma série de questões que podem ser implantadas dentro do Friburguense.” 

Logo após o retorno ao Brasil, o elenco foi liberado e se reapresenta no dia 3 de dezembro. O Friburguense vai realizar a maior parte da pré-temporada em Nova Friburgo, mas uma viagem a algum município vizinho não está descartada. Durante a preparação, amistosos serão realizados. O Frizão estreia no Campeonato Carioca de 2013 em 19 de janeiro, quando recebe o Bangu no Eduardo Guinle.