No último sábado, 12, no Alto do Floresta, o morro do Dedé, uma adolescente de 15 anos e a amiga Sara Jane Silva Alves, de 18, foram abordadas por traficantes e levadas para uma mata, onde a menor foi cruelmente executada com tiros de escopeta. Sara Jane, amiga da adolescente, só sobreviveu porque fingiu que tinha morrido. As duas foram amarradas e a sobrevivente ouviu uma conversa por telefone entre os bandidos, onde um traficante do Rio de Janeiro teria dado carta-branca para a execução da menor.
Segundo a polícia, o tráfico de drogas no morro do Dedé atualmente é comandado por um adolescente de 15 anos. Na ocorrência outros menores aparecem envolvidos no crime, um deles, inclusive, é acusado de ter atirado contra as duas jovens. Foram quatro tiros e três deles atingiram a adolescente no rosto, axila e costas. O quarto disparo estourou ao lado da cabeça de Sara Jane, que se fingiu de morta.
O crime teve início na noite de sábado. Segundo Sara Jane, ela e a menor iam à casa de uma amiga que fica ao lado de uma escola, próxima a um escadão. No meio do caminho ela contou que foi abordada por dois homens, ambos armados (um deles com uma escopeta), que indagaram quem elas eram. Uma adolescente (que, segundo a polícia, é a mulher do bando desde a época de BL, que está morto) apareceu e disse que Sara Jane e a adolescente estavam ali para observar o movimento do morro e informar a uma quadrilha rival.
Na dúvida de quem eram as duas jovens, os bandidos as levaram para a parte alta do morro e as amarraram com os olhos vendados numa mata. Ambas foram obrigadas a ficar de joelhos enquanto eles conversavam por telefone (no viva voz) com um traficante que estaria no Rio de Janeiro. O terror durou cerca de quatro horas e terminou com a palavra do traficante, que teria dito: “Vocês podem fazer o que quiserem”.
Sara Jane disse à polícia que neste momento implorou para serem liberadas e disse que não voltaria mais no morro se as deixassem ir embora. Os traficantes, porém, com a ordem do chefe do Dedé, decidiram matá-las. “Eles deram um tiro que atingiu minha amiga. O sangue dela respingou todo em mim e caí, me fingindo de morta”, explicou a sobrevivente. “Depois que nós duas caímos, ela ainda se levantou pedindo para que parassem e eles deram mais três tiros que a mataram”, contou Sara Jane.
Questionada pela polícia sobre o motivo de não ter sido atingida, Sara Jane contou que o local era escuro e que o tiro disparado em sua direção havia estourado ao lado de sua cabeça. “Quando percebi que eles não tinham certeza de quem o primeiro disparo tinha atingido, fiquei parada na mesma posição, fingindo que estava morta. Antes de ir embora eles ainda tentaram disparar mais uma vez em mim, mas a arma falhou. Como eu estava suja de sangue, eles acharam que tinha sido atingida”, narrou a vítima.
Sobrevivente andou uma hora para conseguir ajuda
Depois dos disparos de arma de fogo, a sobrevivente Sara Jane ficou cerca de meia hora na mesma posição, até ter certeza de que os assassinos tinham ido embora. Na delegacia ela contou que depois de constatar que estava sozinha abriu os olhos e tentou carregar a amiga, mas não conseguiu. Depois, ela andou cerca de uma hora pela mata até conseguir ajuda.
Sara Jane contou que colocou a mão no rosto da amiga e constatou que ela estava ensanguentada. Sara, então, fugiu, levando apenas o documento de identidade e um chinelo. Depois da longa caminhada, ela encontrou um orelhão, onde fez contato com a polícia, que foi até o local.
Menor acusada de fazer parte do bando presta depoimento na DP
Na manhã de ontem, 14, a guarnição do sargento Herdy se empenhou na busca dos acusados. No núcleo de homicídios da 151ª DP os policiais levaram a menor suspeita de ter acusado as jovens de serem informantes de uma quadrilha rival para prestar depoimento. Ela não teve a identidade revelada.
A sobrevivente Sara Jane também esteve ontem na delegacia para prestar depoimento e contou detalhes do crime. Durante o dia diligências foram feitas no Loteamento Floresta em busca dos acusados. De acordo com a polícia, todos os suspeitos já têm passagem pela polícia.
Em seu depoimento a acusada disse que estava em um churrasco, na casa de um morador do morro, e negou ter qualquer tipo de participação no crime. Segundo a polícia, a adolescente tem 17 anos e três filhos, dois deles do ex-chefe do Dedé, Alexandre Rangel, o BL, assassinado em agosto de 2007.
Deixe o seu comentário