Leonardo Lima
Bastante castigado na tragédia climática de janeiro de 2011, o Rui Sanglard ainda apresenta marcas da destruição. Casas para serem demolidas, uma creche destruída que não foi refeita e a existência de loteamento irregular são exemplos das dificuldades enfrentadas no local. “Estamos esquecidos. O bairro está abandonado. O imóvel onde funcionava a creche foi destruído na tragédia e até hoje está lá, não foi demolido. A creche hoje funciona improvisada em uma casa. A escola só funciona até o quinto ano. Os ônibus são de 40 em 40 minutos, mas muitas vezes, com o engarrafamento, engolem um horário”, afirma um morador que prefere não se identificar.
Segundo ele, os imóveis condenados pela Defesa Civil que aguardam demolição geram sensação de medo e insegurança na comunidade. “Estamos à espera de melhorias. Acho que temos de mostrar, reclamar, mas infelizmente faz muito tempo que estou aqui e não vejo melhoria”, diz, descrente.
Na parte alta do bairro, o Loteamento Vale Radiante dá uma mostra clara dos problemas enfrentados pela população local. Embora os lotes tenham sido vendidos e neles tenham sido construídas residências, o Vale Radiante, de fato, não existe para a Prefeitura. O motivo? Ele não está regularizado. Em visita ao local, a reportagem de A VOZ DA SERRA flagrou uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente fazendo levantamento da área. Segundo uma funcionária, o objetivo da inspeção era verificar a possibilidade de legalização da mesma. “Para que um loteamento seja regularizado ele precisa ter calçamento, rede de esgoto e de águas pluviais, por exemplo. Hoje o Vale Radiante é clandestino. Estamos ouvindo as famílias que moram aqui para ver o que pode ser feito. Inclusive fixamos uma placa alertando que o loteamento está em processo de regularização e a venda de lotes está proibida”, explicou.
Moradora da Rua Aracruz há cerca de três anos, Miriam de Oliveira Costa diz que a comunidade busca medidas paliativas para amenizar as dificuldades. “Como muitas ruas são de estrada de chão, quando chove dá muita lama. Fica difícil até para passar a pé. Para os carros não atolarem alguns motoristas colocam entulhos na pista, mas isso nem sempre é suficiente. Na época de chuvas fortes a gente evita sair de casa. Graças a Deus, minha família tem um carro, mas sabemos que talvez não consigamos voltar para casa dependendo da quantidade de lama”, conta.
Não bastasse o problema de acesso pelas condições das ruas, quem mora na parte alta do Rui Sanglard e não tem veículo próprio, também se vê obrigado a caminhar até em casa. “Do ponto de ônibus até aqui eu levo uns 20 minutos a pé. Quem não tem um carro sofre, né? Estamos precisando de muita coisa aqui. Não temos uma farmácia por perto. A mais próxima fica no Jardim Ouro Preto. Posto de saúde também não temos. Se alguém passa mal tem que ser levado para o Hospital Raul Sertã ou para a UPA”, comenta Mirian, que de ponto positivo destaca a iluminação pública e o sistema de coleta de lixo que, segundo ela, só não é realizado quando a chuva impede o acesso dos veículos da EBMA.
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