Moradores reclamam da falta de infraestrutura no Rui Sanglard

quinta-feira, 23 de agosto de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Moradores reclamam da falta de infraestrutura no Rui Sanglard
Moradores reclamam da falta de infraestrutura no Rui Sanglard

Leonardo Lima

Bastante castigado na tragédia climática de janeiro de 2011, o Rui Sanglard ainda apresenta marcas da destruição. Casas para serem demolidas, uma creche destruída que não foi refeita e a existência de loteamento irregular são exemplos das dificuldades enfrentadas no local. “Estamos esquecidos. O bairro está abandonado. O imóvel onde funcionava a creche foi destruído na tragédia e até hoje está lá, não foi demolido. A creche hoje funciona improvisada em uma casa. A escola só funciona até o quinto ano. Os ônibus são de 40 em 40 minutos, mas muitas vezes, com o engarrafamento, engolem um horário”, afirma um morador que prefere não se identificar.

Segundo ele, os imóveis condenados pela Defesa Civil que aguardam demolição geram sensação de medo e insegurança na comunidade. “Estamos à espera de melhorias. Acho que temos de mostrar, reclamar, mas infelizmente faz muito tempo que estou aqui e não vejo melhoria”, diz, descrente.

Na parte alta do bairro, o Loteamento Vale Radiante dá uma mostra clara dos problemas enfrentados pela população local. Embora os lotes tenham sido vendidos e neles tenham sido construídas residências, o Vale Radiante, de fato, não existe para a Prefeitura. O motivo? Ele não está regularizado. Em visita ao local, a reportagem de A VOZ DA SERRA flagrou uma equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente fazendo levantamento da área. Segundo uma funcionária, o objetivo da inspeção era verificar a possibilidade de legalização da mesma. “Para que um loteamento seja regularizado ele precisa ter calçamento, rede de esgoto e de águas pluviais, por exemplo. Hoje o Vale Radiante é clandestino. Estamos ouvindo as famílias que moram aqui para ver o que pode ser feito. Inclusive fixamos uma placa alertando que o loteamento está em processo de regularização e a venda de lotes está proibida”, explicou.

Moradora da Rua Aracruz há cerca de três anos, Miriam de Oliveira Costa diz que a comunidade busca medidas paliativas para amenizar as dificuldades. “Como muitas ruas são de estrada de chão, quando chove dá muita lama. Fica difícil até para passar a pé. Para os carros não atolarem alguns motoristas colocam entulhos na pista, mas isso nem sempre é suficiente. Na época de chuvas fortes a gente evita sair de casa. Graças a Deus, minha família tem um carro, mas sabemos que talvez não consigamos voltar para casa dependendo da quantidade de lama”, conta.

Não bastasse o problema de acesso pelas condições das ruas, quem mora na parte alta do Rui Sanglard e não tem veículo próprio, também se vê obrigado a caminhar até em casa. “Do ponto de ônibus até aqui eu levo uns 20 minutos a pé. Quem não tem um carro sofre, né? Estamos precisando de muita coisa aqui. Não temos uma farmácia por perto. A mais próxima fica no Jardim Ouro Preto. Posto de saúde também não temos. Se alguém passa mal tem que ser levado para o Hospital Raul Sertã ou para a UPA”, comenta Mirian, que de ponto positivo destaca a iluminação pública e o sistema de coleta de lixo que, segundo ela, só não é realizado quando a chuva impede o acesso dos veículos da EBMA.

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