Na última vez em que escrevi nessas páginas, comentei a respeito de um programa da Unesco denominado Memória do Mundo. Foram apenas duas linhas se me lembro bem, e fiquei de retornar ao assunto dado a sua importância. Então, vamos lá:
Desde que surgiu em 1976 o Pró-Memória tem sido visto e entendido como um arquivo regional, de interesse único daqueles que habitam a parte mais alta da serra fluminense, com algumas poucas exceções, é claro. Pois bem, assim é, e assim temos dito várias vezes ao longo do nosso trabalho, portanto, nada de errado. Nossas prateleiras estão repletas de dados e informações de todo tipo sobre a História de nossa cidade, a História de cada uma de nossas famílias e creio que não é mais necessário especificar detalhes, já tantas vezes feito. Uma parte do arquivo, entretanto, chama a atenção, a parte mais importante e mais valiosa diga-se logo. Uma coleção de livros manuscritos e documentos avulsos, datados no período de 1818 até 1941. Milhares de documentos guardados nos primeiros anos do Pró-Memória, ainda criança, e cuidadosamente inventariados e catalogados por Iracema Mastrangelo Moreira e Tereza Barroso. Na pasta de anotações, que agora é parte do acervo e da História da nossa instituição, ainda é possível observar o cuidado com que tudo foi organizado, contando apenas com a ajuda de uma caneta e uma caligrafia exemplar. Naquele tempo computador pessoal era coisa de filme de ficção.
Mas, afinal, que documentação é essa? De onde veio? Qual a sua importância? Responder corretamente a essas perguntas é recordar momentos vividos na História do Brasil, desde os tempos de reinado, depois do primeiro e segundo império, da república a seguir e da fragilidade das instituições públicas perante a nova forma de governo que se instalava, da revolução de trinta e da Nova República. Enfim, questões importantes da História do nosso país e os seus reflexos sobre a administração dos tantos municípios brasileiros de então, entre eles Nova Friburgo. Uma documentação que se estende por mais de 1 século, totalizando dezenas de milhares de páginas. Dificilmente iremos encontrar outro município brasileiro que terá guardado tanto de sua própria História!
Pois bem, entre os meses de julho e setembro essa coleção de documentos, cujo título é “Fundo da Administração Municipal de Nova Friburgo”, estará sendo avaliada pelo comitê brasileiro MOW-Brazil (Memory of the World—Brazil). Se aprovada, e assim pensamos que deverá ser, esse fundo estará certificado como parte da “Memória do Mundo”, programa da Unesco que trata da memória coletiva e documentada de todos os povos da Terra. Não é pouco não! Título mais do que justo para premiar tanto trabalho! Doravante, se Deus assim desejar, o Arquivo Pró-Memória terá os olhos do mundo voltados para ele.
A propósito, grande parte dessa coleção, aproximadamente 90%, está digitalizada e pronta para ser disponibilizada na internet. A digitalização e a difusão através da rede mundial de computadores é um importante critério de avaliação. Nesse caso, 1 x 0 para o Pró-Memória. Vamos aguardar o resultado final.
PS: Por falar em digitalização. Dois dos computadores utilizados nesse trabalho—os principais, é importante que se diga—pertencem à Secretaria de Assistência Social. Foram emprestados para Fundação D. João VI ainda no governo de Heródoto Bento de Mello. Agora estão sendo solicitados de volta. Uma pena, pois sem eles não há como prosseguir nesse trabalho! Então, o que já era difícil, ficou pior.
Nelson A. Bohrer (Guguti)
SELO COMEMORATIVO
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PROJETO DO BICENTENÁRIO DE NOVA FRIBURGO
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