Parceria garante recuperação de área degradada em Nova Friburgo

quarta-feira, 04 de julho de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Parceria garante recuperação de área degradada em Nova Friburgo
Parceria garante recuperação de área degradada em Nova Friburgo

A tragédia climática de 2011 na Região Serrana deixou profundas marcas em centenas de encostas e em morros de áreas rurais e urbanas. Para minimizar os impactos ambientais e econômicos dessa catástrofe sobre aos agricultores, o Programa Rio Rural implantou, em parceria com a Pesagro-Rio, uma unidade de pesquisa participativa (UPP) para a recuperação de área degradada (RAD) em Nova Friburgo. 

Além de intervenções de bioengenharia, por meio da contenção de encostas, o trabalho envolve manejo dos solos para controle da erosão e reflorestamento. Esta primeira experiência vem sendo desenvolvida na localidade Fazenda Rio Grande, através de ação conjunta da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (através do Rio Rural e das empresas vinculadas Emater-Rio e Pesagro-Rio), Prefeitura de Nova Friburgo, Embrapa e do Comitê Gestor da Microbacia Barracão dos Mendes (Cogem).

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Pesquisa Participativa do Rio Rural na Região Serrana e pesquisadora da Pesagro-Rio, Maria Fernanda Fonseca, o objetivo principal da UPP é promover a difusão de tecnologias de baixo custo, acessíveis ao agricultor familiar. Na propriedade escolhida pelo Cogem, diversos parâmetros foram analisados, dentre eles, o tipo de solo, a conformação topográfica da área, a infiltração de água no solo, o grau de desenvolvimento dos processos erosivos e o conhecimento das espécies cultivadas pelos agricultores. Todos estes foram minuciosamente estudados e, a partir daí, uma metodologia foi desenvolvida.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Solos, Aluísio Granato, informa que na primeira fase do projeto, em novembro do ano passado, foi feito um diagnóstico do estado de degradação do terreno, levando em consideração o histórico de ocupação do lugar, as causas do processo erosivo e possíveis soluções que pudessem minimizar a força de enxurradas e favorecer a retomada da infiltração no solo.

Na etapa seguinte, foram utilizadas práticas relacionadas ao manejo do solo, aplicadas em conjunto e de forma eficiente na recuperação das áreas. Para isso, foram instaladas barreiras vegetais (o capim vetiver) e paliçadas, utilizando materiais como bambu e eucalipto no intuito de não apenas evitar a ação erosiva da água, mas também provocar a sustentação do terreno para o estabelecimento da vegetação.

Para reflorestar rapidamente a área, foram introduzidas quatro espécies de leguminosas herbáceas, arbustivas e arbóreas, nativas da flora brasileira (feijão guandu, feijão de porco, mucuna preta e crotalária). Aplicou-se também cobertura morta em toda área, com a finalidade de proteger o solo do impacto direto das chuvas e proporcionar um melhor armazenamento de água e matéria orgânica, contribuindo para o desenvolvimento da vegetação através do aumento de nutrientes no subsolo. “A meta é transformar todo esse morro em área de sistema de plantio direto”, resumiu o engenheiro agrônomo e consultor do Rio Rural, Tiago de Andrade Chaves.

Um dos beneficiados por esse projeto de RAD é o casal de agricultores Lyndon Johnson Ferreira e Margarete Satsumi Tiba Ferreira, que vivem na localidade com os três filhos. Por conta do temporal de janeiro do ano passado, sua propriedade ficou isolada por quase 30 dias. Quedas de barreira e alagamentos destruíram praticamente toda sua cultura de verduras orientais. Na época, o prejuízo calculado foi de R$ 100 mil. 

Para retomar sua atividade produtiva, eles tiveram apoio financeiro do Rio Rural Emergencial, no valor de R$ 21 mil, não reembolsáveis; crédito emergencial do Pronaf, no valor de R$ 2 mil; além de assistência da Emater-Rio e do programa Estradas da Produção. A quantia foi utilizada na aquisição de maquinários, adubo e materiais de consumo para horticultura.

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