Henrique Amorim
A aproximadamente 20 quilômetros do Centro, o distrito de Riograndina encanta por suas inúmeras belezas naturais, muitas delas infelizmente maculadas pela tragédia do ano passado. A antiga linha férrea no trecho com acesso pela Fazenda da Laje permanece interditada ao tráfego de veículos há um ano e meio devido a diversos deslizamentos de encostas. Contemplar a ponte de ferro ali bem perto do sítio Manoel do Queijo virou tarefa apenas para aqueles que se arriscam a fazer uma longa e desafiadora caminhada por entre montanhas de entulho já encobertos pelo mato. Na outra ponte de ferro do distrito bem pertinho da antiga estação ferroviária, recentemente reformada graças à parceria com a Fundação Banco do Brasil, o cenário ao redor também entristece. As cabeceiras estão comprometidas e sustentadas por pedaços de madeira.
No trecho da antiga linha, conhecida como Estrada Riograndina-Banquete, vários imóveis construídos irregularmente às margens do Rio Grande foram atingidos pela cheia de janeiro de 2011, interditados pela Defesa Civil e até hoje aguardam a demolição prometida pelo governo do estado. Enquanto isso, moradores de localidades vizinhas lamentam a demora por novos investimentos no lugar. A ponte que existia sobre o rio e facilitava o deslocamento dos moradores de várias casas na outra margem foi levada pela enchente e só recentemente a Prefeitura instalou uma ponte de madeira improvisada. “Quando não tinha essa ponte, tínhamos que dar uma volta bem maior passando pelo quintal de uma moradora. Agora melhorou, mas o certo seria a construção de uma ponte de concreto”, observa um morador.
O assoreamento do Rio Grande é outra queixa recorrente entre a comunidade de Riograndina, principalmente dos moradores próximos às margens. Eles temem que, com as chuvas fortes do próximo verão, o leito transborde com facilidade devido à grande quantidade de areia e entulhos carreados pelas enxurradas. “O momento ideal para se fazer uma dragagem seria agora quando o leito está menor. Equipes do Inea [Instituto Estadual do Ambiente] estiveram aqui e disseram que o Rio Grande está no cronograma de dragagem, mas até agora os trabalhos não começaram e nenhuma máquina foi vista por aqui”, denuncia Rogério Silva de Souza.
A quadra de esportes do distrito ainda exibe alguns resquícios da tragédia de 2011 com lama no piso e alambrados quebrados. O espaço que era utilizado como lazer para crianças e jovens hoje se encontra sem uso. Outra quadra recentemente construída na Rua Francisco Fernandes Barradas ainda não foi inaugurada e os futuros usuários temem pela possibilidade de deslizamento de uma encosta bem ao lado da nova obra. Um terreno anteriormente destinado para construção de uma creche municipal na Rua Maria Rosa de Jesus Pará transformou-se num campinho de futebol improvisado e serve como área de lazer. Em outro trecho da Rua Francisco Fernandes Barradas os moradores reclamam da falta do ônibus que liga o distrito ao Centro e já não passa por ali há cerca de cinco anos, desde que uma encosta deslizou e atingiu parte da via.
O presidente da associação de moradores dos loteamentos Maringá e Progresso, Luiz Carlos Carvalho, o Bananeira, conta que no Progresso cerca de 100 casas foram interditadas e marcadas para demolição. Como muitas famílias não conseguiram o aluguel social, vários imóveis voltaram a ser ocupados na localidade. “Isso nos preocupa, pois há risco”, destaca ele.
A ausência de sinais de telefonia celular é outra carência de Riograndina. Bananeira revela que o espaço para instalação de uma torre no distrito já foi definido, mas a instalação ainda não aconteceu. “Em dias de chuva, a telefonia fixa também entra em pane e ficamos incomunicáveis aqui. Como os moradores poderão se cadastrar para o recebimento de torpedos de emergência em caso de chuva forte?”, questiona ele, insatisfeito com as recorrentes respostas das operadoras de telefonia móvel, que justificam a demora na prestação do serviço por conta da falta de viabilidade técnica para instalação. Mas nem tudo é problema em Riograndina. A RJ-148 (Nova Friburgo-Carmo), principal acesso ao distrito, está novinha em folha. O trecho esburacado de paralelepípedos foi todo asfaltado, sinalizado e ganhou até muros de contenção e calçadas. O investimento é do Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER-RJ).
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