Dalva Ventura
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) sediou na tarde da última quinta-feira, 31, mais uma edição da Reunião de Apoio Terapêutico (Ratera), iniciativa do Hospital São Lucas, aberta a toda a comunidade. Na ocasião, o clínico geral Fernando Palladino elucidou questões referentes às doenças que normalmente surgem no inverno.
Com uma linguagem extremamente acessível, o médico discorreu sobre as causas e medidas que devem ser tomadas para evitar gripes, resfriados, rinites, alergias e outras infecções respiratórias típicas da estação mais fria do ano e que acometem, em especial, crianças e idosos. Palladino iniciou sua palestra destacando que estes problemas se revestem de especial atenção quando atingem portadores de doenças crônicas, com problemas cardiológicos, coronarianos, pulmonares. “Essas doenças que surgem nesta época do ano podem descompensar uma situação que já estava controlada”, disse.
Por isso mesmo, precisamos estar muito atentos a estas moléstias. Algumas delas são, de fato, muito simples. Outras, porém, são mais delicadas, demandando acompanhamento médico e, por vezes, mudanças na rotina de vida para que não se tornem crônicas. Detalhe: estas doenças podem passar o ano inteiro sem aparecer, manifestando-se apenas no inverno. Isso porque a traqueia e os brônquios, que levam o ar para os pulmões, são revestidos de cílios, uma espécie de pelos muito finos que, por sua vez, são recobertos por muco, que representa uma barreira, uma defesa do organismo. No frio, estes cílios diminuem a movimentação, que leva as pessoas a reter secreções e, consequentemente, ficar mais exposta a problemas respiratórios.
Rinite ou sinusite?
Resultado: nariz entupido, tosse matinal, espirros em sequência, secreção nasal, entre outros sintomas que irão caracterizar uma rinite ou uma sinusite. Os sintomas da rinite são mais do que conhecidos e podem surgir apenas em determinadas épocas do ano: inflamação crônica das mucosas nasais, nariz entupido, coriza, espirros, coceira na vista e no nariz, lacrimejamento, entre outros. “Trata-se de um quadro alérgico e, como tal, crônico, mas tem tratamento”, disse Palladino, lembrando que alergia não tem cura, mas pode ser controlada, desde que sejam tomados cuidados especiais.
“Quando a pessoa que sofre de rinite está em crise e, portanto, com um acúmulo de secreção nos seios da face, ela fica com uma tendência maior a apresentar sinusite”, explicou, acrescentando que não se trata de um problema alérgico, como a rinite. A sinusite é uma infecção, sendo muito mais aguda e deve ser tratada com antibiótico e com indicação médica. “Tem muito analgésico no mercado vendido como sendo específico para a sinusite. Isso não existe”, destacou.
Ou seja, quem sofre de rinite ou apresenta um quadro gripal que esteja se estendendo por mais de cinco a sete dias, com o nariz muito entupido, muita secreção, tem que estar atento ao surgimento de uma sinusite. Que é um processo infeccioso caracterizado por pressão na região da face e secreção nasal, que se torna densa e amarelada, podendo apresentar também, com maior ou menor gravidade, alguns sintomas gerais comuns a qualquer infecção, como moleza, perda de apetite e febre.
Ele orientou os presentes sobre a importância de evitar ambientes completamente fechados, sem entrada de ar e também a exposição desnecessária ao frio. É importante também evitar tapetes, carpetes, cortinas, produtos químicos de limpeza e, quando o ar está muito ressecado, a pessoa também pode umidificar os ambientes da casa.
E os famosos remédios de nariz? Devem ou não ser usados? É verdade que eles “viciam”? Fernando Palladino explicou que os mesmos não curam rinites e sinusites, apenas controlam seus sintomas. “Podemos compará-los aos remédios que abaixam a febre, mas não tratam a causa”, disse. O uso das gotinhas prejudica a circulação e torna a mucosa nasal ainda mais doente. “Então, no dia em que você não pingar o remédio, não vai respirar direito”, diz.
Destacou também que cardiopatas não devem fazer uso de gotas nasais, mesmo que esporadicamente, por causa do risco imediato de ter uma taquicardia, uma arritmia. “Se for o caso, usar soro fisiológico, solução salina, que pode dar um certo alívio, mas não é a salvação da lavoura”, disse. Além da dependência, ele destaca que estas pacientes devem procurar um alergista, um otorrino ou um clínico. Estes irão substituir as gotinhas nasais por um medicamento em forma de spray à base de cortisona, que vai tratar a rinite e não apenas minimizar este sintoma. E, além do mais, não oferecem riscos para quem tem problemas cardíacos.
Tratando de resfriados e gripes
Outra questão debatida durante a Ratera foi a diferença entre gripes e resfriados. Para começo de conversa, o médico esclareceu que, diferentemente da rinite—que é alérgica—ambos são processos infecciosos. Isto é, causados por uma bactéria, um vírus ou mesmo um fungo.
As infecções virais, porém, são as mais comuns. Elas são causadas por um vírus muito famoso, o vírus da influenza que todos os anos se apresenta de uma forma diferente. Seus sintomas são mais do que conhecidos: perda de apetite, cansaço e febre. Lembram muito a rinite e costumam regredir espontaneamente, sendo indicado apenas um tratamento sintomático, com antitérmicos, a famosa vitamina C e repouso.
Já os quadros bacterianos são aqueles cujo quadro é mais intenso. Os sintomas são mais fortes e, diferentemente dos sintomas do resfriado comum, que são mais localizados, ocorre também uma queda no estado geral. Isto é, prostração, tosse intensa, febre alta, e o tratamento exige o uso de antibióticos.
Em relação à vacina da gripe, Palladino explica que é recomendada para maiores de 60 anos, portadores de doenças crônicas, pessoas com baixa imunidade, diabéticos e profissionais da área da saúde. “Essa vacina tem um índice de eficácia muito grande. O ideal é que ela seja tomada no final de março, que antecede o período de maior incidência da doença, que vai de abril a setembro. A vacina só não é recomendada no primeiro trimestre da gestação, para quem tem alergia a ovo, em casos de doenças neurológicas e para pessoas que já estão gripadas”, diz.
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