No último dia 27 de maio comemorou-se o Dia Nacional da Mata Atlântica. Mas parece que não há muito o que comemorar. De acordo com o coordenador do Projeto Florestar & Cia., Luiz Latour, a expansão urbana, a industrialização e o progresso de uma maneira geral não priorizam os valores que nossas matas têm, bem como todo o bioma e eco-sistema que as constituem.
O Projeto Florestar & Cia. há vários anos, no mês de maio, visita vários bairros para conscientizar os moradores sobre práticas de atividades que põem em risco as matas ciliares que fazem limites com as áreas urbanas. São atividades como queima de resíduos, vegetação e folhagens secas provenientes de limpeza de terrenos e descartes inadequado de resíduos sólidos, como entulho de obras, móveis velhos e outros, de esgoto sanitário e industrial, de lixo domiciliar formando pequenos bolsões de lixo, uso incorreto de água proveniente de nascentes e supressão de vegetação próxima a mananciais de água.
O coordenador do Projeto Florestar & Cia. explica que todas essas práticas são observadas em Nova Friburgo, principalmente em áreas de ocupação irregular, como também em algumas áreas consideradas legalizadas e de classe média.
Luiz Latour chama a atenção para uma prática ainda maior, o aumento indiscriminado dos limites urbanos junto às matas, incluindo cortes de árvores e vegetação de uma maneira bem lenta, consistindo assim em uma área limpa para logo após ser feito algum tipo de construção, e assim sem levantar suspeita dos órgãos competentes, que deveriam fiscalizar esta ação lesiva às matas e ao meio ambiente.
A grande indagação de todo ambientalista de carteirinha é como vão se posicionar os próximos governantes de Nova Friburgo, principalmente depois do evento climático ocorrido em janeiro de 2011, sobre as ocupações irregulares—e as regulares—, déficit habitacional, que ultrapassa a casa das dez mil unidades e não expansão das áreas urbanas sem adentrar as matas.
Outra grande discussão, segundo Latour, é a tão falada estrada do contorno, que tende a criar um enorme impacto ambiental negativo nas matas do município, somando-se todos os empreendimentos imobiliários que surgirão em seu entorno, sem contar as ocupações irregulares.
O coordenador do Projeto Florestar & Cia. frisa que não se deve esquecer o complexo petroquímico do Comperj, no município de Itaboraí, que atrairá milhares de pessoas atrás de qualidade de vida. “E o verde de nossas matas, tão apreciado, com certeza ficará menos verde, em consequência do progresso desenfreado, aumentando as mazelas sociais e contribuindo ainda mais para as diferenças sociais”, salienta Latour.
“Todo este relato está bem aqui, em nosso município, e não muito longe de presenciarmos este que será o nosso grande dilema: progredir sem agredir; e ainda termos que levar em consideração que a nossa geologia foi muita afetada e que após o evento climático de janeiro de 2011 os nossos limites e possibilidades de ocupação deveriam seguir critérios muitos mais exigentes”, observa o coordenador.
A Mata Atlântica e toda a sua complexidade é tema de palestras do Programa Eco Estudante, do Projeto Florestar & Cia., nas escolas municipais, estaduais e particulares, incentivando os alunos debater temas relacionados à questão, para que se tornem adultos conscientes. O programa tem como patronos a Stam e A VOZ DA SERRA.
Luiz Latour agradece também a EBMA, Tuti-Fruti e Igui Piscinas que ajudam na manutenção das atividades de visitação a várias áreas limítrofes com as matas e aos meios de comunicação que levantam a bandeira da conscientização ambiental, em prol da preservação do meio ambiente e com isso tornando o convívio dos friburguenses o mais sustentável possível.
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