Camila Toledo (foto), palestrante convidada para falar sobre Moda no Seminário, é diretora de tendências do Stylesight no Brasil e especialista em pesquisas sobre comportamento e estilo.
Criatividade e inovação são qualidades importantes para o sucesso de qualquer negócio, contudo, no universo da moda, elas são essenciais e podem definir os rumos de qualquer marca no mundo fashion. E como a Região Serrana tem tradição de participação no setor, o tema não poderia deixar de ser abordado no Seminário Serrano de Economia Criativa, que será realizado nos dias 10 e 11 de maio, no Teatro Municipal de Nova Friburgo.
As inscrições para o Seminário Serrano de Economia Criativa seguem abertas aos interessados, que também receberá palestras sobre os setores de Audiovisual, Música, Turismo, Gastronomia, Eventos, Publicidade e Entretenimento. O evento contará com palestras de profissionais renomados, no dia 11, e workshops em salas separadas, no dia 11.
Palestrante Camila Toledo: a “caçadora” de novidades
A palestrante do Seminário Serrano de Economia Criativa que abordará o tema Moda será Camila Toledo, diretora de tendências do Stylesight no Brasil, e especialista em pesquisas sobre comportamento e estilo. Camila é o que se chama de uma “cool hunter”, ou seja, uma “caçadora” de novidades, que pode dizer o que está em alta agora e o que fará a diferença nos próximos anos. Sua experiência vem das muitas viagens ao redor do mundo, pesquisando o que está acontecendo em cada país em Moda, Arquitetura, Arte e Design.
Para a estilista Milena Cariello, do Senai Moda e Design de Nova Friburgo, que oferece consultoria especializada e soluções integradas para a indústria da moda e design, o polo de moda está precisando muito de uma guinada, por isso o seminário é tão importante nesse momento. “Os empresários estão precisando de uma luz, é necessário ter uma visão não só do produto, mas do valor que ele tem. E não adianta falar só de preço, mas sim de estrutura, de produto, de valor. Isso tem relação direta com a economia criativa”, destaca Milena.
A palestra de Camila Toledo está sendo muito aguardada pelos profissionais da moda e design que participarão do seminário. E isso se deve principalmente pela representatividade do setor na economia da Região Serrana. Segundo dados da Firjan no ano de 2011, em Petrópolis, a indústria da moda tem peso de 27% sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Já em Nova Friburgo e Teresópolis, o percentual fica em torno de 12%.
“Não existem pessoas sem criatividade, todos temos potenciais criativos. Mas é preciso ouvir, investir em criatividade, em diferenciais e em valor agregado.” Milena Cariello
Sobre como trabalhar a criatividade, Milena Cariello desta que não existem pessoas sem criatividade. “Todos nós temos potenciais criativos. O que acontece é que alguns empresários, com a rotina e a disciplina que uma indústria demanda, podem ter a parte criativa sufocada, por isso precisamos estimular essa parte criativa do empresário, com consultorias, palestras, workshops e seminários como o da economia criativa. Geralmente, depois de o empresário estar capacitado, ele vai obter outro olhar do mundo que o cerca, vai conseguir pinçar ideias criativas. Assim, ele se sente capaz de observar o mundo de forma que ele não observava antes”, explica a estilista, que disse ainda que o Seminário de Economia Criativa é fundamental para a Região Serrana. “Vem em um momento muito importante, em que o mercado brasileiro não está muito aquecido em termos de vendas. Sabemos que a Região Serrana passou por problemas, logo, o polo está carente, precisa ouvir, investir em criatividade, em diferenciais e em valor agregado. Não podemos esquecer que temos uma economia forte, com toda uma estrutura montada. Precisamos só do gás, de estímulo”, exalta Milena.
CCM: um caso de sucesso na Região Serrana quando o assunto é Moda
A marca de Moda Fitness CCM, que tem à frente a empresária Kênia Cariello, é um caso de sucesso na Região Serrana, no que diz respeito ao uso da economia criativa no setor da moda, isso muito antes de o conceito ser adotado no Brasil. A marca cresceu tanto nos últimos 20 anos que pode ser notada não somente no Brasil, mas também no exterior.
O começo da marca, como explica a empresária Kênia Cariello, remete ao boom da lingerie na cidade de Nova Friburgo, na década de 80. Na ocasião, a mãe e o irmão comandavam uma confecção que se restringia à fabricação de peças íntimas, assim como a maioria dos negócios friburguenses. Em meados dos anos 1990, Kênia resolveu frequentar a confecção da mãe, montada no quintal da casa do avô. Na época, trabalhando como costureira na microempresa da família, Kênia inovou e fez um conjunto de short e top de ginástica para usar na academia. Começaram a surgir pedidos de amigos e o sucesso foi tanto que decidiram apostar exclusivamente na Moda Fitness.
O primeiro cliente em grande escala veio de Portugal e surgiu em uma das primeiras edições da Fevest (Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima) e, por cinco anos, absorveu toda a produção da confecção. Até que, em dezembro de 1999, um problema financeiro fez as encomendas cessarem. Nesse momento, Kênia teve que tomar uma decisão que marcaria a sua vida e a marca CCM para sempre: “Ou eu fechava as portas, e quebrava junto com a minha única cliente, ou eu lançava a minha marca no mercado. Resolvi arriscar e lancei a minha marca. E deu certo”, contou Kênia. A primeira loja da CCM foi inaugurada em Niterói e no ano seguinte, em Cabo Frio. O objetivo era se instalar em cidades praianas, onde o culto ao corpo estaria mais presente, lembra Kênia.
Hoje, a CCM exporta para vários países e fabrica milhares de peças para grandes magazines, como Renner, Leader e Hering. Com cerca de 160 funcionários, a produção gira em torno de 50 mil peças por mês e faturamento de aproximadamente R$20 milhões por ano. O ponto alto da CCM, apontado por Kênia, são o design e os tecidos tecnológicos de alta qualidade, que possuem características muito procuradas nas peças fitness, como secagem rápida e conforto térmico. Segundo a empresária, a opção adotada foi valorizar o produto, agregando valor, e não a produção em alta escala, mostrando assim, a sua opção em adotar a economia criativa em seu negócio.
Como explica Milena Cariello, no caso da CCM ocorreu o seguinte: “Enquanto todo mundo estava fazendo a mesma coisa (moda íntima), a CCM buscou ser diferente. Quando você tem um volume muito grande do mesmo produto, o que vai dar o parâmetro é o preço. E algumas pessoas saem desse grupo e vão formando segmentos diferentes, então esses vão ter um retorno diferenciado, porque sai do mesmo, do igual, do senso comum. Esses conseguem maior reconhecimento no mercado, isso porque ele investe mais no valor agregado ao produto, e consequentemente vai ter mais retorno em termos financeiros”, destacou Milena Cariello.
Sobre a CCM Milena diz que é uma empresa que o Sesi Moda acompanha desde o início, e que tem muita admiração. “Eles conseguem ter essa parte produtiva, que geram muito trabalho e renda na região. Eles investiram na marca. Sabemos que nós não seremos os melhores do mundo no que diz respeito ao preço, por isso é necessário fazer como a CCM fez, que investiu na marca, onde a produção pode ser flexível, mas o nome construído no mercado ninguém pode tirar de nós. Por isso admiramos a CCM. Eles trabalharam o produto de forma diferenciada, onde procuraram não fazer o que todo mundo faz. Para isso é necessário o investimento intelectual e criativo, aí estamos falando da economia criativa”, enalteceu Milena.
Casos como o da CCM serão abordados no Seminário Serrano de Economia Criativa, que é uma realização do Instituto Serrano de Economia Criativa (Isec) e Lausanne, e tem como patrocinadores a ApexBrasil, Sebrae-RJ e Concessionária Energisa, apoio da Prefeitura de Nova Friburgo, Acianf e Universidade Estácio de Sá.
Outros palestrantes do Seminário de Economia Criativa
Gastronomia - Roberta Sudbrack, reconhecidamente uma das melhores chefes de cozinha do Brasil.
Turismo Cultural - Amaury Barbosa, criador do calendário de eventos de Paraty, o maior caso de sucesso do estado.
Cidades Criativas - Ana Carla Fonseca Reis, assessora em Economia Criativa para a ONU.
Modelos de negócios e distribuição de música - Heliana Marinho, gerente de Economia Criativa do SEBRAE-RJ.
Negócios Criativos - David Parrish, especialista em gerenciamento em indústrias criativas.
Desenvolvimento e Marcas - Guime Davidson, vice-presidente da agência WMccann e diretor criativo da equipe de Washington Olivetto.
Mercado Audiovisual - Steve Solot, presidente do Centro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria Audiovisual (LATC) e da Rio Film Commission.
SERVIÇO
As inscrições ainda podem ser feitas nos seguintes locais: Nova Friburgo - Acianf (22) 2522-1145 e Sebrae (22) 2523-69-08; Cordeiro - Aciacor (22) 2551-1220; Petrópolis - Sebrae (24) 2237-0062; Teresópolis – Aciat (21)2643-2770. Outras informações: (22) 2533-1228 (Nova Friburgo) ou pelo site: www.serracriativa.com.br.
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