Juliana Scarini
Apesar da recente audiência pública sobre os direitos dos animais, quando foi discutida a questão do abandono e maus-tratos, ainda é possível encontrar casos como o de um cavalo abandonado no Cônego, próximo ao Pavilhão das Artes. Desde quarta, 25, a redação de A VOZ DA SERRA recebeu ligações denunciando o estado físico do animal, que não tinha forças para se levantar, nem para se alimentar.
O veterinário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Luiz Fernando Bonin, esteve no local ainda na quarta e ao examinar o cavalo constatou que ele tinha idade avançada, entre 14 e 16 anos. Além disso, a doença foi diagnosticada como “mal da segunda-feira”, causada por excesso de trabalho, associado à deficiência nutricional. Luiz Fernando receitou medicamentos, que foram dosados por Celina Müller, coordenadora do projeto Amicão & Amicat.
Moradores e pessoas próximas ao local disseram que na quinta-feira, 26, o cavalo estava se recuperando e chegou a se levantar, mas nessa sexta, 27, pela manhã, foi encontrado caído próximo ao córrego, ao lado do Pavilhão das Artes. Para tentar remover o animal, cerca de dez homens se uniram e, sob orientação do veterinário, amarraram as patas e o arrastaram para o alto da rua, evitando que ele caísse dentro do rio. Celina também contou que chegou a ligar para o Corpo de Bombeiros e que, apesar da atenção dada pela guarnição, não foi possível realizar o resgate.
Foram aproximadamente 30 minutos até a remoção do animal, que se debatia e demonstrava bastante estresse físico. O dono do cavalo não foi identificado pela reportagem, mas pessoas próximas afirmam que o animal participou da cavalgada de São Jorge na segunda, 23, e por não estar acostumado foi exposto a uma carga de exercício muito grande, chegando à exaustão. “Quando o cavalo realiza muito esforço o organismo produz uma substância chamada ácido lático nos músculos, causando dor”, explicou.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, Eduardo De Vries, a secretaria não tem orçamento para compra de medicamentos. “As ONGs e os voluntários cumprem um papel importante na sociedade, então eu peço que essas pessoas ajudem e doem medicamentos para a ajudar a cuidar desses animais”, ressaltou o secretário, lembrando que a Prefeitura contratou, através de licitação, uma empresa que realizará o serviço de apreensão, captura e guarda de animais de grande e médio porte.
Depois de resgatado, o veterinário disse que o cavalo começaria a se recuperar aos poucos, mas que deve ficar em repouso, se alimentando, bebendo água e recebendo o medicamento. “Graças à boa vontade dos voluntários conseguimos salvar a vida do animal”, ressaltou Celina Müller.
O veterinário Luiz Fernando Bonin aproveitou a oportunidade para conscientizar e alertar as pessoas para não abandonar e maltratar os animais, lembrando que qualquer dúvida é só recorrer à Secretaria de Meio Ambiente, na Prefeitura. Ele também contou que existem estudos para que futuramente a mesma empresa que ficará responsável pelos animais de grande e médio porte realize campanhas de esterilização de cães e gatos nos bairros mais afastados do centro da cidade, visando o controle populacional desses animais.
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