Leonardo Lima
Um dos 22 loteamentos de São Geraldo, o Nilo Martins enfrenta dificuldades comuns a outras localidades de Nova Friburgo. A ausência de capina nas ruas, a obstrução de bueiros e o calçamento esburacado de diversas vias são apontados pela comunidade como alguns dos problemas enfrentados no dia a dia. “A capina aqui podemos dizer que não existe. São os próprios moradores que se mobilizam para fazê-la. Também não há lixeiras nas ruas e temos apenas dois orelhões funcionando”, queixa-se Joel da Silva, morador do Nilo Martins há 42 anos. “Outro problema são os postes que ficam exatamente no meio das calçadas, que já são apertadas. Resultado: não dá para passar com guarda-chuva ou com um carrinho de bebê”, completa.
Sua filha, Liamara da Silva Tardin, corrobora suas palavras e acrescenta que além do mau estado de conservação das ruas, as crianças e os adolescentes não têm nenhuma opção de lazer. “Não tem nenhuma recreação. Há uma quadra no centro de São Geraldo, mas ela não é coberta e quando chove não se pode fazer nada por lá”, afirma Liamara, que pede também mais rondas policiais no loteamento. “Estão acontecendo furtos com frequência por aqui. Eu mesmo já fui vítima duas vezes. Por se tratar de um bairro grande, com mais de 20 mil habitantes, acho que São Geraldo merece um posto de polícia ou, pelo menos, um ponto fixo de patrulha”, comenta.
Ela também reclama da quantidade de ônibus que servem ao loteamento. Atualmente, a Faol disponibiliza três carros: um pela manhã, um à tarde e um à noite. “É muito pouco ônibus e, quando chove, as ruas ficam com muitos buracos, e eles não vêm. É necessário que asfaltem as ruas para acabar com esse problema. Pedimos também que a Faol utilize um micro nessa linha. Quando sai do Nilo Martins, o ônibus vai ao Loteamento Nova Esperança e faz uma manobra muito perigosa na Rua Feliciano Benedito da Costa. Se houver uma falha no freio, por exemplo, poderá acontecer um acidente grave”, alerta.
Já o presidente da Associação de Moradores de São Geraldo, José Ricardo Barbosa Machado, acredita que não há demanda suficiente para que o Nilo Martins possua uma linha com mais veículos. “Participei de reuniões na Faol e eles alegaram que os ônibus para cá ficam vazios. Mas garantiram que, se na rodoviária, ou mesmo na linha de São Geraldo, for constatado que houve um aumento no número de passageiros, eles virão até o loteamento”, revela para, em seguida completar. “Disseram ainda que, atualmente, podem alterar os horários dos ônibus que vêm até aqui, mas não podem colocar mais carros. Temos que entender. Tem os problemas com idosos e deficientes, mas sempre foi assim. O que gostaríamos é que colocassem um micro, até mesmo por questão de segurança”, opina José Ricardo.
Ele muda o tom, entretanto, quando o assunto são os bueiros entupidos. “Desde a tragédia a situação é a mesma. Quando chove escorre muita água pelo meio das ruas. Não há regularidade na capina e com estes paralelos irregulares, quando há muitos buracos, os ônibus não vêm até aqui”, diz. Já outros serviços como iluminação pública e coleta de lixo são elogiados pelo presidente da associação. Assim como Joel e Liamara, ele solicita maior presença de policiais no Nilo Martins. “Pode-se dizer que a ronda aqui acontece uma vez por semana. Ela passa pela rua principal e vai embora. Dificilmente entra nos loteamentos”, comenta.
José Ricardo acredita que não só o Nilo Martins, mas todos os loteamentos de São Geraldo precisam se unir para, juntos, cobrar das autoridades. “Sozinho eu não tenho força, é preciso mobilização. No período do pós-tragédia, a Câmara abriu espaço para as comunidades de Nova Friburgo expor suas demandas. Deixaram São Geraldo para o final, pois acreditaram que iria muita gente, mas no dia foram apenas 22 pessoas. Me senti envergonhado e pedi desculpas. Nas reuniões da associação, infelizmente, acontece a mesma coisa”, lamenta.
Prefeitura responde
Segundo comunicado emitido pela Secretaria de Comunicação Social, o secretário de Obras, Clauber Domingues dos Santos, informa que o atraso da capina se deve à “priorização da recuperação das ruas que estão sem pavimentação devido às chuvas de 2012”. Ainda de acordo com o comunicado, “a equipe está na ponte do Solares e o asfaltamento será iniciado após a operação tapa-buracos, que ficou atrasada devido ao conserto da usina”.
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