As enchentes: uma rotina na vida dos friburguenses

segunda-feira, 19 de março de 2012
por Jornal A Voz da Serra

“Para quem conhece a história de Nova Friburgo, as enchentes do Rio São João das Bengalas não surpreende. O que de fato surpreende é ausência do poder público durante décadas em lidar com uma situação cotidiana do município.” A afirmação acima é da historiadora Janaína Botelho, lembrando que as chuvas torrenciais de verão são “um déjà vu em Nova Friburgo” e, por isso mesmo, já deveríamos ter um plano de prevenção que minimizasse os problemas causados pelo transbordamento do rio. Afinal, elas fazem parte do cotidiano de Nova Friburgo desde sua fundação.

Os pesquisadores já encontram registros deste fato desde o início do século XIX. Relatos da época dão conta de que em 1820, os suíços perderam toda sua lavoura e abandonaram suas terras. Depois daquela chuva torrencial, a cidade deve ter ficado com um aspecto desolador. Um cenário provavelmente muito semelhante ao que assistimos em janeiro do ano passado. “A enchente atingiu as casas da vila e os riachos tornaram-se torrentes que devastavam os jardins, derrubando as cercas. Pontes foram arrastadas, as árvores plantadas em suas margens, arrancadas. Tudo estava inundado”, cita Janaína. Além das perdas materiais, lembra a historiadora, as enchentes tornavam a cidade insalubre, comprometendo a saúde da população.

Quando as indústrias têxteis e metalúrgicas se instalaram em Nova Friburgo entre 1910-1990, o velho Bengalas, não raro, ficava todo “colorido”. Um dia estava vermelho, noutro, roxo, amarelo ou azulado. Por incrível que pareça, os produtos químicos das fábricas eram despejados no rio sem nenhum tratamento.

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