Dalva Ventura
Ele não lembra qual foi o tema da primeira coluna que publicou aqui no jornal. Teria que pesquisar e nem todas estão arquivadas em seu computador, só no papel. E aí, haja tempo. Algo que Roberto Mendes, como bom publicitário, não tem mesmo.
Sua profissão, aliás, está estampada na testa. Veste-se de maneira despojada, com camisas de cores vibrantes e gravatas supercoloridas. Para circular por aí, pilota uma Honda Falcon 400cc. Viciado em adrenalina, salta de paraquedas, mergulha e, atualmente, se diverte com ferreomodelismo. Este “ex-carioca”, como se classifica, adotou Nova Friburgo há 15 anos, cidade que frequentava desde a infância e logo se entrosou com a realidade local. Daí a abrir sua própria agência de publicidade e marketing, foi um salto.
Em 2001, a Target conquistou o prêmio de agência do ano concedido pela Rede InterTV Serramar e Roberto Mendes começou a colaborar semanalmente em A VOZ DA SERRA, através da coluna Marketing, publicada às quintas-feiras. Talvez por se dirigir a leigos e não a especialistas, com uma linguagem simples, acessível a qualquer consumidor, a coluna foi muito bem recebida e teve uma excelente repercussão. Os empresários também se identificam com o que ele diz, até por encontrarem ali dicas para melhorar sua performance. Nesta quarta, 14, Roberto está comemorando a publicação de 500 colunas.
Ele acredita que, entre as suas colunas, as que mais repercutem são, disparado, as que tratam do atendimento no varejo, E nem poderia ser diferente, pois existe, sabidamente, um conflito muito grande entre os dois lados envolvidos no processo—de um lado, os consumidores, de outro, os vendedores—cada um reclamando do outro. E este é um tema recorrente nos artigos de Roberto.
Roberto bem que poderia já ter reunido seus melhores artigos para publicá-los em forma de livro. A própria Universidade Candido Mendes, onde é professor, já se prontificou a editá-lo, mas o velho problema da falta de tempo novamente se coloca. Cadê tempo para selecionar e revisar o material? Não é fácil ser publicitário em horário integral e professor de publicidade, marketing e disciplinas correlatas nos cursos de Comunicação, Administração e Gestão, além de tutor do curso de varejo na Fundação Getúlio Vargas.
Para quem buscou Nova Friburgo em busca de calmaria, está de bom tamanho, não?
Coluna ajuda a mudar a mentalidade dos empresários
Em suas crônicas, ele trata, basicamente, do mercado local e da evolução na publicidade ocorrida em Nova Friburgo nos últimos anos. Roberto assinala que a mentalidade dos empresários mudou muito de alguns anos para cá. Até algum tempo, diz, eles eram avessos à propaganda e ao marketing, embora tenham acabado por se render às evidências, até porque o mercado e o próprio perfil dos consumidores foi se tornando cada vez mais exigente.
“O empresariado se conscientizou da importância do marketing para seu negócio se manter e crescer. A vinda de grandes redes e também dos shoppings ajudou a mudar essa mentalidade. Eles estavam acomodados, parados no tempo e foram obrigados a se mexer.”
Com tudo isso, o mercado da propaganda em Nova Friburgo vive uma grande transformação. Tudo começou com a chegada das redes que aqui se instalaram, tanto com lojas próprias como através de franquias. As fusões também contribuíram para modificar o mercado. O mercado está se tornando cada vez mais profissional e o consumidor, por sua vez, cada vez mais volátil.
“Com tudo isso, o que a gente observa é que os grandes vão dominar e para resistir, o empresário local precisa ter criatividade e fortalecer cada vez mais seus diferenciais, investindo em atendimento e relacionamento.”
Em suas colunas, Roberto insiste muito nesta tecla, isto é, na necessidade de investir em propaganda e marketing para não perder clientes antigos e conquistar novos. E, ao longo de sua atividade como publicitário, vem observando de perto as mudanças ocorridas no comportamento do empresariado friburguense.
“Até algum tempo, a gente tinha de suar a camisa para convencê-los a investir, a anunciar. Hoje a luta é entre as diversas agências e mídias locais, que disputam o mercado. Que, por sua vez, também está cada vez mais concorrido. A divulgação se tornou não apenas necessária, mas praticamente obrigatória. Os empresários já se deram conta de que sua marca precisa aparecer e se destacar. Caso contrário, ela irá sucumbir diante dos concorrentes.”
Como ele costuma dizer, “o mercado é líquido e os concorrentes, tubarões”. Ou seja, tanto na publicidade como em qualquer outro setor, onde houver espaço, logo alguém vem ocupar. Antigamente, afirma, era difícil entrar no mercado porque a demanda era pequena. Hoje a demanda cresceu, amadureceu e a dificuldade maior é penetrar num mercado onde já existem concorrentes estabelecidos e com conhecimento de mercado.
A prova de que o mercado local estaria mesmo amadurecido está na reação à tragédia de janeiro passado. Perguntamos ao colunista se ela interferiu muito nos negócios e a resposta surpreendeu.
“Eu diria que o mercado se portou muito melhor do que o maior dos otimistas poderia prever. Uma prova de que o mercado de Friburgo tem mesmo potencial.”
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