(Secom) Com um dos maiores orçamentos dentre as pastas da Prefeitura de Nova Friburgo—cerca de 100 milhões de reais por ano—a Educação é uma preocupação do Prefeito de Nova Friburgo, Sérgio Xavier. Talvez por isso, o chefe do executivo tenha colocado no comando da pasta um nome de peso do setor no município.
Tendo tomado posse no dia 2 de janeiro de 2012, Ricardo Lengruber é um experiente profissional da área. Com formação em História, Filosofia e Teologia, pós-graduado em Teologia e em Administração Escolar, com mestrado e doutorado em História da Teologia pela PUC-Rio, Ricardo atua como professor desde os 17 anos de idade. Já passou por todos os níveis de graduação como professor. Tem livros publicados nas áreas de educação e de religião e vários artigos de opinião em jornais e revistas nacionais e internacionais.
Segundo informou, ele ficou surpreendido com o convite do prefeito Sérgio Xavier para assumir a Secretaria Municipal de Educação, porque não o conhecia pessoalmente e por não pertencer a partidos políticos. “Mas fiquei satisfeito e honrado com o convite. Parece-me uma boa intenção do gestor municipal em colocar na pasta da Educação uma pessoa que pudesse responder à altura as suas necessidades e demandas”, disse.
A primeira impressão do secretário de Educação foi a de que “a nossa rede é muito grande, com 20 mil estudantes, 133 unidades escolares, 2.700 servidores e um orçamento muito expressivo, que varia entre 80 a 110 milhões dependendo dos convênios firmados no ano. É uma rede com muita carência de pessoal. É preciso que o governo tenha um planejamento de médio em longo prazo, para trazer quadros docentes e administrativos para suprir essa carência, que se estende ao nível estrutural também. Temos boas escolas, em bom estado de conservação, com excelente espaço, mas temos outras unidades em péssimo estado de conservação, que dependem de reforma de manutenção, de construção e em alguns casos com profundidade. Ainda temos a situação das creches, que funcionam em imóveis alugados, o que na verdade é problemático porque é uma verba que se dispensa todo o mês e que não se tem retorno do capital investido”, afirmou.
PRIORIDADES – “Das nossas prioridades, hoje, duas delas estão caminhando paralelamente. Uma é a de planejar com o governo municipal uma estratégia de valorização salarial na Educação, que a médio e em longo prazo, havendo continuidade desse planejamento, haverá possibilidades de colher bons frutos. Embora tenhamos que adequar isso à Lei de Responsabilidade Fiscal, mesmo sabendo que existem recursos na Educação. A outra questão está relacionada com a infraestrutura da rede. Se pensarmos em números, as 133 unidades são um valor expressivo. Mas muitas dessas unidades espalhadas pelo território do município não foram bem distribuídas de acordo com a realidade demográfica de algumas regiões. Por exemplo: encontramos na Zona Rural do município uma concentração de 40 unidades com um número de alunos pequeno dentro das salas de aula, enquanto que em áreas como Conselheiro Paulino temos duas grandes escolas com densidade de alunos superiores às suas capacidades. É preciso readequar esse tipo de desequilíbrio. Para isso, teremos que reformar e ampliar unidades para respeitar o Plano Municipal de Educação, no que diz respeito ao número de alunos por sala de aula. Buscar a qualidade no trabalho. Teremos que construir unidades escolares; como, por exemplo, faremos no Parque das Flores, que possui uma escola muito pequenininha, com duas salas de aula apenas, ou como faremos no Floresta, com uma creche para o bairro. Com esse trabalho, vamos desafogar unidades como as de Conselheiro ou as de São Jorge. Portanto, infraestrutura e pessoal são nossas prioridades.”
UMA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM NOVA FRIBURGO – Para o secretário municipal de Educação, Ricardo Lengruber, “Nova Friburgo possui 40 mil estudantes em Educação Básica. Para um município com 180 mil habitantes, esse é um número ‘razoável’. Desse montante, 50% está na rede municipal. Essa população, em sua maioria, é de baixa renda, e os alunos dependem da escola para se alimentar. E aí entra a função social da escola, a questão da merenda escolar que, de imediato, não podemos largar. Tudo o que está envolvido por trás disso, que diz respeito à formação e preparação de um adulto pleno. Na rede municipal temos duas situações ligadas a dois déficits. Um que é a não alfabetização de alunos, entre sete a oito anos, que precisariam ter cumprido o processo de alfabetização, mas que, em muitos casos, isso não ocorre de fato. A gente encontra pré-adolescentes com 10 anos com a alfabetização comprometida. Estamos trabalhando num projeto para resolver isso, que deverá ser chamado de ‘Rede de Alfabetização’. Ele terá três flancos. A valorização do profissional que atua no primeiro e segundo anos do ensino fundamental. A professora alfabetizadora receberá uma remuneração por estar com essas turmas. Toda escola que tem alfabetização não poderá deixar de ter um alfabetizador regente dentro de sala de aula. O segundo ponto é que esse profissional se comprometerá em fazer um curso de qualificação na área de alfabetização. Curso que será oferecido de forma gratuita pela secretaria de Educação. Isso será importante para o plano de carreira desse profissional. Além de receber a gratificação e de receber o curso, ele precisará ficar na alfabetização por um tempo de três anos, esse é o terceiro ponto”.
EVASÃO ESCOLAR - “A não alfabetização acarreta em um desnível entre idade e série. Aluno que deveria estar no sétimo ano ainda está no terceiro. Então esse menino que tem uma idade superior ao dos colegas da turma se desmotiva facilmente. Por uma questão psicológica, comportamental, por uma questão que não pertence a ele. E isso provoca, sim, a evasão escolar. Agora, tem outra vertente que passa pelo programa bolsa família. Temos uma gerência dentro da secretaria que dialoga com a Secretaria de Saúde e com a de Assistência Social. Essa gerência monitora os alunos que recebem o benefício. É interessante, porque existem vários itens para serem analisados; as razões pela qual os alunos não comparecem à escola. Pois o programa está atrelado à matrícula e a frequência e quando ela não é observada, a direção preenche um relatório e três fatores são conclusivos: a falta de interesse familiar, a questão de saúde e em terceiro a questão do desnível idade/série. Então o aluno está muito mais atrelado a esse fator com a evasão.”
O PREFEITO – “O prefeito Sérgio Xavier me disse que precisamos trabalhar a valorização salarial do pessoal e precisamos organizar a rede municipal de educação de modo a melhorar a qualidade nas unidades escolares. Quando foi feita a exoneração dos diretores, buscou-se esse princípio. Já que são cargos de confiança do prefeito, isso foi necessário para se verificar onde há alguma lacuna, reclamação ou denúncia mais séria, e fazer a substituição com base nesses critérios. É óbvio que são critérios subjetivos, porque não dispomos de instrumentos para seleção dessas informações. Esse é o motivo pelo qual o prefeito solicitou que criássemos uma ouvidoria, que começa em primeiro de fevereiro, para ouvir sugestões e reclamações.”
PROJETOS – “Ouvidoria, rede alfabetizadora e valorização do pessoal, além da questão da infraestrutura.”
BIBLIOTECA MÓVEL – “Começa a funcionar esse ano e a gente espera que no início das aulas já ocorra o planejamento para visitar as escolas, com os projetos de leitura, contação de história, troca e empréstimo de livros, incentivo à leitura. Em 2011, o ônibus não funcionou. Mas os problemas que haviam já foram reparados.”
TRANSPORTE ESCOLAR – “Cerca de dois mil estudantes estão em áreas de difícil acesso e não são servidos pelo transporte urbano. Esse é outro ponto que será visto. Temos três ônibus que estão no município no sistema de comodato pelo governo do estado, por um período de 10 anos. Mas eles não dão conta em atender a demanda. Portanto, será preciso terceirizar.”
ESCOLAS QUE FORAM REFORMADAS – Depois de ter sofrido uma inundação de mais de dois metros de altura, comprometendo as instalações e todo o mobiliário, a unidade de ensino Jardim de Infância Maria Duque Estrada Laginestra (Jimdel), localizada em Conselheiro Paulino, na Rua Zilda Ceccon Salarine, 96, Prado, será inaugurada pela Prefeitura de Nova Friburgo, através da Secretaria Municipal de Educação, no dia 3 de fevereiro.
Toda reconstruída sobre pilotis, as nove salas receberão de volta os seus alunos, que foram transferidos no ano letivo de 2011 para a escola municipal próxima, a Décio Monteiro Alves. Iniciada em 19 de abril do ano passado, a um custo de pouco mais de um milhão de reais, a construção do novo prédio previu instalações amplas e arejadas, além de um ótimo espaço para o lazer das crianças.
Este ano mais escolas serão entregues – De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, assim como a unidade de ensino municipal Jardim de Infância Maria Duque Estrada Laginestra, no Prado, a Prefeitura prevê entregar a unidade Acyr Spitz, em Lumiar, onde será construído um novo prédio, e as unidades de Florândia da Serra, próxima à Salinas e Comunidade Tiradentes, em Amparo.
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