(*) Sueli Meirelles
Indescritível a tragédia que se abateu sobre Nova Friburgo. Ainda aturdidos e impactados, os sofridos moradores, os jornalistas e os formadores de opinião buscam as causas e os culpados pelo ocorrido. Porém, em sociedades complexas e globalizadas, os fenômenos são multifatoriais (têm causas múltiplas e interligadas) tornando muito mais útil a reflexão sobre o que podemos aprender com os repetidos erros cometidos pelos governos e pela sociedade desorganizada.
A questão ecológica (em sua origem linguística significando espaço de preservação da vida) inclui fundamentalmente a mudança de mentalidade necessária para o planejamento da vida como um todo: Planejamento familiar, educacional, resgate de valores e papéis sociais, planejamento urbano, desocupação de encostas, reflorestamento, agricultura sustentável, cuidados com o lixo, uso de sacolas reutilizáveis, eliminação do consumo de carne bovina... E uma profunda reflexão sobre nossos hábitos. Como diz o escritor Og Mandino, “se somos escravos dos nossos hábitos, que sejamos escravos de bons hábitos”.
Se é certo que a nossa querida cidade de Nova Friburgo acabou do modo como a conhecíamos, como os pioneiros suíços que aqui chegaram na época do império, vamos recomeçar a vida, não com os antigos hábitos que nos conduziram ao caos e a tragédia, mas desenvolvendo novos hábitos que nos integrem a Natureza a qual pertencemos e que precisamos aprender a respeitar, sabendo que a nossa sobrevivência depende, fundamentalmente, desse respeito e integração. Assim sendo, vamos colocar em prática ações efetivas, em Nova Friburgo, que sirvam de modelo para outros municípios brasileiros, exercendo nossa cidadania, quer como população, quer como governantes, todos corresponsáveis pela intensificação dos graves problemas ecológicos que nos afligem. É tempo de unidade e solidariedade. Que todos exerçam a função de agentes de transformações sociais. Que governo, comunidade, escolas, igrejas, empresas, mídias... Somem esforços para recuperar nossa terra, através de ações simples e objetivas:
• Respeitemos os cursos naturais das águas fluviais, que tendem a descer pelos veios entre montanhas. Deixemos seu caminho livre;
• Vamos pavimentar as ruas com placas que deixem intervalos para o escoamento imediato das águas pluviais;
• Em meio aos 3.000 alimentos básicos disponíveis, vamos eliminar o consumo de carne vermelha;
• Vamos realmente fazer uso de nossas sacolas reutilizáveis;
• Vamos parar de cortar árvores quando julgamos que, de alguma forma, elas nos “incomodam”;
• Vamos frear a construção civil em termos de verticalização habitacional, que concentra mais pessoas por metro quadrado, intensificando todos os problemas ecológicos;
• Vamos estabelecer teto populacional para os municípios, como recurso para evitar o inchaço que agrava ainda mais os problemas ambientais;
• Vamos estabelecer incentivos governamentais que estimulem a migração para novas cidades pré-planejadas e sustentáveis;
• Vamos criar e manter um Fórum Permanente para a implementação de ações ecológicas em cada bairro, com pessoas conectadas através da Web. Vamos simplesmente AGIR.
• VAMOS TRANSFORMAR NOVA FRIBURGO NUMA ECOCIDADE: A cidade-parque que irá ressurgir da lama sobre novas bases ecológicas e comemorar 200 anos com pleno e consciente exercício de cidadania.
(*) Psicologia Clínica do CIT – Colégio Internacional de Terapeutas,
MBA em Gestão de Projetos na Abordagem Transdisciplinar (Unipaz).
Membro do Gaian Institute (USA) - Ecologia Integral
E-mail: Sueli_meirelles@yahoo.com.br
Deixe o seu comentário