Cirurgião cardíaco destaca a importância da prevenção

quarta-feira, 30 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Cirurgião cardíaco destaca a importância da prevenção
Cirurgião cardíaco destaca a importância da prevenção

Cuide bem de seu coração

Palestra de cirurgião cardíaco destaca importância da prevenção

A voz do coração. Sintomas pré-operatórios.” O tema da Ratera (Reunião de Apoio Terapêutico) promovida pelo Hospital São Lucas era bem claro: destacar a necessidade de prestar atenção aos sinais que podem acabar levando a uma cirurgia cardíaca. Mas o chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital São Lucas, Gustavo Ventura Couto, aproveitou a oportunidade e foi além dos aspectos médicos da questão.

Durante quase duas horas, Gustavo conseguiu prender a atenção dos presentes, em sua maioria, ex-pacientes, falando sobre a importância de ter um comportamento positivo diante da vida. “Nunca subestime a complexidade de seu coração e de sua vida, das atitudes que toma no seu dia a dia, nem a importância disso tudo para o bom funcionamento do seu corpo”, resumiu em determinado ponto da palestra.

Como não podia deixar de ser, ele abordou os sintomas clássicos de distúrbios cardíacos, como falta de ar e dor no peito, assim como o cansaço constante, a dificuldade para respirar, tonturas e náuseas ao fazer algum esforço. Tudo isso pode indicar que o coração não está funcionando muito bem e talvez seja necessário fazer uma cirurgia cardíaca.

A dor no peito é, sem dúvida alguma, um fator determinante de uma complicação cardíaca, disse Gustavo, sobretudo se a mesma estiver aumentando e vier acompanhada de falta de ar, cansaço extremo, enjoos e náuseas. Neste caso, a recomendação é clara: sair correndo para o pronto socorro, pois é grande a chance de estar ocorrendo um problema sério relacionado ao coração.

O cardiologista esclareceu, porém, que a dor no peito nem sempre está presente. O cansaço, aliás, é um sintoma muito mais comum de problemas cardíacos. Muitas pessoas começam a se sentir cansadas e desanimadas sem motivo e não estranham este fato, associando-o, por exemplo, à idade. E não é para ser assim. “A dor no peito é menos importante que o cansaço”, garantiu.

Poucos imaginam, porém, que a ansiedade possa estar na origem de um problema no coração. Os próprios especialistas não davam nenhuma importância a este fator como possível indicativo de um distúrbio cardíaco. Hoje, porém, já se sabe que um desconforto sem motivo, uma mudança de humor súbita, uma alteração de comportamento podem, na verdade, estar relacionados a algum problema de coração.

Sintomas como suor, inchaço e fraqueza são detalhes que também precisam ser levados em conta, assim como tosse, dificuldades de respirar e tontura. Tudo isso precisa ser bem investigado, pois pode indicar uma série de doenças cardiovasculares. O médico também citou outros fatores que precisam ser levados em conta, entre eles, dores em outras partes do corpo, como mandíbula, dentes e até ouvidos. “Qualquer dor que não passa e, ao contrário, vai aumentando, tem que ser avaliada, mesmo quando a pessoa não sente cansaço nem dor no peito. É incomum estar relacionada a um distúrbio cardíaco, mas acontece”, disse.

Ficar atento a estes detalhes é fundamental, tanto para quem nunca apresentou nenhum problema cardíaco como para quem já foi operado. Gustavo Ventura Couto considera estas medidas até mais importantes do que a cirurgia em si. “O que a gente faz é corte e costura; vai lá, bota as pontes para funcionar, implanta uma válvula, mas e depois?”, questiona, garantindo que a cirurgia não é uma garantia de cura. “Nós alteramos uma condição que poderia ter um desfecho muito ruim criando uma nova oportunidade para que aquela pessoa possa corrigir certos erros, adotando hábitos saudáveis e tendo atitudes positivas diante da vida”, ressaltou.

Estamos vivendo uma nova era da medicina, disse Gustavo, ressaltando que a média de idade do brasileiro nos últimos dez anos passou de 67 para 74 anos. “Estamos convivendo com pessoas de mais de 90 anos e operando pessoas com mais de 80 anos, com ótimos resultados. Graças aos avanços obtidos, hoje dificilmente uma pessoa que enfarta morre, desde que seja atendida convenientemente dentro de um determinado tempo”, falou.

Como não podia deixar de ser, o palestrante não deixou de lado seu assunto preferido, a cirurgia cardíaca, sempre de forma muito didática, através de ilustrações e filmes. No Hospital São Lucas, 82% das intervenções são para resolver obstruções coronarianas, 12%, de pacientes com problemas de válvulas e 5%, de patologias diversas, congênitas ou adquiridas por traumas, infecções, aneurismas de aorta, entre outras.

Poucos pacientes deixam de fazer o cateterismo, pois este exame não apenas identifica a patologia como costuma ser determinante da conduta cirúrgica. A partir daí, o cirurgião pode optar por uma angioplastia com colocação de um ou mais stents ou para uma operação propriamente dita.

Em seguida, Gustavo voltou a falar sobre saúde e não sobre doença. “Vocês sabem quais são as três epidemias que afetam o coração? A aterosclerose (entupimento das artérias), mas também a depressão e a neurose. A contribuição destes elementos é enorme. E a prova de tudo isso é que houve efetivamente um aumento nas doenças do coração depois da tragédia de janeiro”, afirmou.

Para que os problemas de saúde sejam adiados, é preciso, sobretudo, buscar o bem-estar físico, mental, familiar, financeiro, profissional e espiritual, melhorando a nossa relação com o ambiente em que vivemos. Parece um lugar comum, mas a gestão do prazer e da felicidade é determinante para evitar as doenças.

Só que nada disso surge por acaso, ressaltou o médico que, mais uma vez, deixou o mediquês de lado para atingir seu principal objetivo na palestra, o de levar a plateia a refletir sobre suas atitudes diante da vida. “É preciso, antes de mais nada, decisão, como a de parar de fumar ou começar a caminhar. Em seguida, vem o gerenciamento destas iniciativas, isto é, como você vai fazer isso.” O que, aliás, não custa nada, é absolutamente grátis, basta força de vontade e representa uma garantia de saúde.

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