Possível fechamento da FFSD mobiliza alunos e professores

sexta-feira, 25 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Possível fechamento da FFSD mobiliza alunos e professores
Possível fechamento da FFSD mobiliza alunos e professores

Faculdade Santa Dorotéia

está com os dias contados?

Alunos e professores organizam movimento para conscientizar população e autoridades da importância de manter aberta a instituição, formadora de professores há mais de 50 anos. Direção diz que fechar as portas nunca foi e não é o objetivo

Juliana Scarini

O grande dilema que tem rondado professores, alunos e direção da Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia (FFSD) é em relação ao seu possível fechamento. Há alguns meses, a Congregação Santa Dorotéia, mantenedora da faculdade, anunciou que a instituição estava tendo prejuízos financeiros devido à queda na entrada de alunos. Fundada em 1956, a faculdade é responsável pela formação de professores, inclusive para cidades vizinhas, e o término dos cursos tende a prejudicar o mercado—já que hoje ainda são poucos os jovens que se sentem atraídos por esta formação.

A primeira tentativa da Congregação em manter a faculdade aberta foi oferecer os cursos para a Universidade Católica de Petrópolis (UCP). A negociação se arrastou até o fim de outubro, mas, por hora, não teve continuidade. Segundo Ricardo Costa, o Rico, professor da FFSD, “antes desse quadro nos foi dito pelos representantes da Congregação que vieram a Nova Friburgo que se a faculdade não encontrar um parceiro novo ou uma nova mantenedora para dar continuidade aos cursos ela já não vai oferecer vestibular para o ano que vem e a tendência é ir fechando as turmas que estão concluindo os cursos”.

No entanto, irmã Celma Calvão, diretora da faculdade há 30 anos, afirma que “nós ainda estamos ligadas à UCP, pois ela se interessou muito, e se nós fecharmos negócio será uma coisa muito boa para Nova Friburgo, pois terá uma outra universidade, e de natureza católica, como é o caso na nossa”, destacou, lembrando que as negociações estão paradas porque a UCP está com problemas internos, como, por exemplo, fase de mudança de reitor. Irmã Celma disse ainda que só está esperando passar o mês de novembro para retomar as conversas com a universidade.

Atualmente apenas 350 alunos estudam na FFSD. Para a diretora, “não é pela dificuldade financeira que queremos passar a Santa Doroteia para outra instituição, e sim, porque nós não temos no presente momento um quadro de irmãs para nos substituir na cidade”, ressaltou Celma Calvão, que ainda lembrou outro motivo para tal decisão: a forte queda de entrada de alunos há aproximadamente oito anos, resultando em dificuldades financeiras, como observadas em várias instituições privadas de ensino superior.

De acordo com o professor Rico, na terça, 22, a pedido dos professores, o deputado Glauber Braga se reuniu com o setor do Ministério da Educação e com o senador Cristóvão Buarque a fim de buscar alternativas e recursos para solucionar o problema financeiro vivido pela instituição. Para a direção, a iniciativa é válida, já que os professores conhecem e sabem da necessidade de uma injeção financeira, que ajudaria a resolver questões que estão paradas por falta de verba. “Se conseguirmos esse recurso ele será muito bem utilizado”, enfatizou irmã Celma.

O vereador, professor Pierre Moraes, que também é diretor do Sindicato dos Professores, sugeriu como alternativa um consórcio intermunicipal das prefeituras de Nova Friburgo e cidades vizinhas pra bancar alunos. Para a diretora, todas as propostas e sugestões são bem-vindas e diz que continua lutando e procurando não só a UCP, mas outras instituições para conversar. “Entendo que os alunos, professores e funcionários fiquem assustados com a possibilidade de fechar e de não encontrar uma substituição a nível, mas nós não vamos desistir fácil”, observou.

Assembleia com alunos, professores e funcionários

Na tarde de terça, 22, os alunos de FFSD se reuniram numa assembleia geral para discutir e obter alternativas para a instituição. “Precisamos disputar a atenção das autoridades para buscar soluções nesse quadro, principalmente no que diz respeito à formação de professores”, disse o professor Rico, que abriu a assembleia.

O aluno Pedro Monnerat, do sexto período de História, falou que é preciso conscientizar os colegas, dar ideias, trazer propostas e “enxergar além dos nossos interesses pessoais, já que a faculdade tem um papel importante na sociedade. Quanto mais gente aderir, melhor”.

A tarde foi de propostas para tentar salvar a perda da instituição, como lembrou o professor de história João Raimundo Araújo. “Aqui que eu tive a honra e o prazer de assistir a Marina Colassanti declamando um de seus contos; tivemos a presença de Leonardo Boff, Paulo Freire e outros nomes. Fechar a faculdade é uma apunhalada em todos nós”, relembrou o que ele próprio intitulou, em artigo publicado no A VOZ DA SERRA, como o “terceiro desastre na cidade”. O primeiro foi o ambiental, o segundo, político e, agora, com a possibilidade de fechamento, aconteceria o desastre cultural.

Wanderson Abreu, também aluno de História, alertou que é preciso “ganhar as ruas para que as pessoas tomem consciência da importância”. Já o professor de Ecologia e Geografia Marcelo Oliveira, chamou a atenção para a questão do futuro, pois “a faculdade é da comunidade que necessita dos professores que são formados pela instituição”, explicou, dizendo que fica admirado de ver a Congregação Santa Dorotéia deixar uma obra da irmã Sânia Cosmelli acabar: “Tem que ser dado valor”. Marcelo ainda sugeriu uma reunião entre alunos e professores e a possibilidade de ir a São Paulo apresentar para a provincial das irmãs de Santa Dorotéia as propostas discutidas na assembleia.

Muitos dos alunos sugeriram fazer campanha nas escolas para mostrar a importância de manter a FFSD funcionando, já que alguns estão se formando e pretendem fazer curso superior na cidade.

Para a diretora Celma Calvão, “essa manifestação das pessoas é uma coisa que nos conforta muito, porque isso vai provando que o nosso trabalho sempre foi muito sério, muito honesto. Isso é um grande elogio e um grande apoio. Os alunos, funcionários e professores são nossos amigos e querem o que a gente quer: que a faculdade sobreviva tendo outro grupo a frente dela, que possa até ampliar a instituição, trazendo novos cursos”, assinalou com otimismo e ainda lembrou que a faculdade é um espaço de cultura de extrema importância para toda a sociedade e que as irmãs Dorotéia “têm fé em Deus” de que tudo se resolverá.

Abaixo-assinado

Desde agosto—quando foi anunciada a possibilidade de fechamento caso não se achasse uma instituição mantenedora—a Associação de Docentes da FFSD e alunos estão divulgando na internet um abaixo-assinado para as pessoas que apoiam a causa com o objetivo de abrir o vestibular em 2012.

Os assinantes declaram publicamente seu reconhecimento pelo trabalho de excelência acadêmica realizado pela faculdade e sua importância para a sociedade friburguense.

Para assinar, os interessados podem acessar o site pelo link http://mostre.me/doroteia.

Abraço à Santa Doroteia

No próximo dia 30, às 18h, será realizado um grande abraço à FFSD, em defesa da formação de professores, dos profissionais de informática e secretariado em Nova Friburgo e região. O ato é aberto a todas as pessoas interessadas na manutenção da instituição em Nova Friburgo.

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