Flávia Namen
O centenário da chegada da energia elétrica em Nova Friburgo e da instalação das grandes fábricas têxteis na cidade foi comemorado pela Energisa e Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho com vários eventos no último fim de semana. Exposição, shows de jazz e MPB e espetáculos teatrais agitaram a Usina Cultural e também celebraram os dez anos de fundação do espaço.
A exposição “100 anos de luz e industrialização” foi inaugurada na noite da última quinta, 17, com coquetel que reuniu convidados e imprensa. A mostra reúne vários painéis de fotos e textos sobre o processo de industrialização do município, que teve início em meados de 1910 com a chegada dos imigrantes alemães. Os visitantes podem conferir uma rica história que começou com a Cenf (atual Energisa) e Arp, seguida pelas fábricas Ypu Filó e Haga, culminando com o surgimento do polo de moda íntima.
A abertura dos eventos comemorativos foi prestigiada por Mônica Botelho, presidente da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho. “Celebrar este centenário é uma forma de valorizar o legado que recebemos e que procuramos cuidar da melhor maneira possível. Coincidentemente também estamos comemorando os dez anos da Usina Cultural, um espaço democrático que valoriza os talentos locais e oferece uma série atrações gratuitas ou a preços populares”, declarou ela.
A coordenadora da Usina Cultural, Elizabeth Maldonado, também destacou a variedade de atrações oferecida no espaço. “O trabalho que desenvolvo aqui me dá muito prazer porque vejo a satisfação do público. Temos uma programação bem eclética e acessível além de oferecermos oportunidade aos artistas locais. Sem contar nas oficinas e exposições que promovemos com frequência”, diz ela, que está à frente do espaço desde a sua fundação.
A abertura da exposição foi animada por performances dos alunos da Oficina de Teatro da Usina Cultural, que tem direção de Daniela Santi, e seguida de show com o Grupo Rolla Jazz na sala maestro Joaquim Naegele. A programação comemorativa prosseguiu na sexta com show de MPB com Leila Maria (voz), Rodrigo Braga (piano) e Chico Costa (sax). No sábado, o destaque foram os espetáculos teatrais “Palhaçarte”, com Elisa Ottoni e Guilherme Bon, e “A Fábula da Memória”, de Marco Andrade.
Protesto da população foi decisivo para chegada da energia elétrica na cidade
Um dos mais destacados empresários que vieram para Nova Friburgo foi Julius Arp, dono de uma fábrica têxtil em Joinville, Santa Catarina. Atraído por amigo decidiu instalar uma unidade fabril em Nova Friburgo.
Para viabilizar seu empreendimento na cidade, precisava contar com a garantia da concessão para explorar o fornecimento de energia elétrica. Antagonismos políticos resultaram na resposta negativa para Julius Arp quanto à concessão de energia, dada pelo Legislativo Municipal, presidido pelo coronel Galiano Emilio das Neves Junior.
A população, revoltada, e querendo receber os benefícios da energia elétrica, saiu às ruas em 17 de maio de 1911, naquela que ficou conhecida como A Noite do Quebra Lampiões, visando destruir todos os lampiões a óleo que ainda iluminavam as vias friburguenses. Exigindo a instalação de iluminação elétrica na cidade, a população terminou por invadir a Câmara Municipal, quebrando todo seu mobiliário. A concessão foi finalmente entregue a Julius Arp, que inaugurou sua fábrica em 24 de maio de 1911.
(Texto que integra um dos painéis da mostra.)
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