Eloir Perdigão
Enchentes e quedas de barreiras ceifaram vidas e causaram grandes prejuízos ao longo da RJ-130, que liga Nova Friburgo a Teresópolis. Em Conquista, por exemplo, casas que nunca haviam sido alagadas antes ficaram com lâmina de água de 1,70 m. É o caso da casa de Calixto de Magalhães Pacheco, presidente da Associação de Moradores e Produtores de Conquista. E até hoje a comunidade ainda não teve seus problemas solucionados. Calixto faz um apelo às autoridades para que atuem sobre dois dos maiores problemas: o aterro que está sendo feito com o entulho da tragédia e a dragagem interrompida do Rio Grande.
Dez meses se passaram e as providências necessárias não foram tomadas pelas autoridades. Apenas uma pequena dragagem foi feita no Rio Grande, que não chegou a um quilômetro, devido a uma pane na draga que executava o serviço. E lá se vão cerca de 40 dias sem que o problema tenha sido resolvido.
A comunidade ainda se vê envolvida em outro problema: o entulho oriundo da tragédia, que estava no campo do Nova Friburgo F. C., em Conselheiro Paulino, agora está sendo levado para um terreno em Conquista. O movimento de caminhões é constante. De acordo com Calixto, a comunidade está temerosa por se tratar de material contaminado, além de estar sendo despejado muito próximo à margem do rio. “Em toda chuva de verão aquela área ficava alagada. Era um local para a água se espraiar, agora, com aquele entulho, vai ficar em forma de uma represa. E a preocupação que a gente tem é que o peso da água pode não ser suportado e aquele entulho descer por aí abaixo.”
Caso isso venha a acontecer o rio pode ser assoreado, inclusive no trecho onde já foi feita a limpeza. E o que é pior, invadir as casas com todo esse material contaminado. Calixto ainda teme que a Defesa Civil ainda possa declarar a área como de risco e interditá-la. “A tragédia ninguém poderia evitar, mas isto que estão depositando aqui podia ser evitado. Se o governo do estado ou a Prefeitura procurarem, conseguirão outro lugar que não prejudica tanto uma comunidade quanto aquele ali. Principalmente próximo ao rio”, garante.
DRAGAGEM E ENTULHO
Calixto apela ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que providencie o conserto da draga para que o serviço no Rio Grande, em Conquista, possa continuar e ser concluído. Ele afirma que ainda falta um enorme trecho para ser dragado.
Outra reivindicação do presidente da associação é que o Inea interrompa o depósito do entulho da tragédia no local onde está sendo feito. Se não houver outro jeito que seja construído um muro de contenção na margem do rio, para evitar que o entulho desça. “Em todo verão temos chuvas fortes e aquilo vai descer e contaminar toda a região”, prevê, preocupado.
Calixto comenta que outra área, próxima à Queijaria Suíça, também está para receber esse entulho. O local chegou a receber o despejo desse material, mas, devido a uma manifestação no mês de julho, o serviço não continuou. “Se voltarem a depositar o entulho ali vai prejudicar a comunidade. Vai impedir a água do rio de se espraiar e com o aterro o nível do rio vai subir e quem mora mais próximo do rio, como nós, como vamos fazer?”
Outro fator agravante é que muitos córregos, em outras localidades próximas a Conquista, continuam assoreados ou entupidos. E a dragagem prometida não foi feita. Com os córregos assoreados o trabalho dos agricultores locais está prejudicado, pois a qualquer chuva jogam água para fora. Não há como fazer plantações, com grandes prejuízos para os produtores.
OUTROS LOCAIS AFETADOS
Outras localidades também se ressentem da falta de ações governamentais. Exemplos são Prainha e o chamado Condomínio do Lago, próximo à Queijaria Suíça. Dois dos locais mais afetados continuam com esgoto correndo a céu aberto, entre outros problemas. E sem soluções para seus problemas, moradores estão voltando para suas casas. “A única coisa que as autoridades sabem falar é que o local está interditado. Agora, os moradores vão para onde? A solução ninguém tem, não dão a mínima atenção”, queixa-se Calixto.
O presidente da associação afirma que as autoridades sabem dos problemas de Conquista. No entanto, tomaram conhecimento dos problemas, mas não deram solução. Calixto pede que o prefeito Sérgio Xavier e autoridades ligadas ao governo do estado visitem Conquista e suas áreas mais atingidas pela tragédia para que apresentem soluções. “Podem me procurar que a gente vai conversar. Inclusive já fiz várias reuniões para que o Inea, a secretária do Meio Ambiente e Defesa Civil viessem. Vou convocar novamente para que pelo menos apresentem uma solução para nós.”
Calixto avisa à comunidade de Conquista que a associação promoverá nova reunião no próximo dia 28, às 19h30, na Escola Municipal Vevey la Jolie, felizmente poupada da fúria da natureza. Esta escola é, além de local de reuniões, ponto de apoio da comunidade local para casos de emergência.
INEA
A reportagem procurou a superintendente do Inea em Nova Friburgo, Margarete Nacif, para que comentasse as reivindicações da comunidade de Conquista, mas ela se encontrava em viagem.
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