A Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), instituiu o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. A ação envolve 150 países num esforço conjunto para a redução dos acidentes de trânsito, um problema que afeta todas as nações do mundo e que cresce vertiginosamente.
As estatísticas mundiais indicam o tamanho dos desafios que governos e sociedades têm pela frente. Caso não haja mudanças no quadro atual, a previsão é de que, até 2015, os acidentes de trânsito sejam a principal causa de morte nos países em desenvolvimento.
Nós, gestores do automobilismo nacional, habituados a conviver com os riscos inerentes à alta velocidade, nos surpreendemos com o recrudescimento do número de acidentes fatais provocados por imprudência e irresponsabilidade dos motoristas nas vias urbanas e nas estradas brasileiras. O que choca, ainda mais, é a comprovação de que as maiores vítimas de acidentes fatais são jovens, na faixa de 20 a 39 anos.
Ocorrências de trânsito refletem um conjunto de fatores estruturais da realidade social, que incluem a prioridade concedida aos automóveis nas vias públicas; a ausência de investimentos, nos últimos anos, por parte do governo federal em manutenção e segurança nas estradas; a falta de um banco de dados relativo aos acidentes de trânsito—principal entrave ao desenvolvimento de estratégias adequadas para combater o problema; entre outros.
Há uma luz no fim do túnel quando constatamos que, a partir de 2008, com os efeitos positivos da Lei 11.705/08—que ampliou as penas para condutores alcoolizados e instituiu a Operação Lei Seca—houve queda nos índices de acidentes fatais.
A Confederação Brasileira de Automobilismo, entidade máxima do esporte no Brasil—influenciada pelo forte engajamento do presidente da FIA, Jean Todt, na campanha mundial capitaneada pela ONU—e ciente de sua responsabilidade social, fará a sua parte, criando uma campanha nacional de educação no trânsito, que será estrelada por alguns dos pilotos mais respeitados do Brasil, e focada na conscientização dos jovens sobre os riscos da velocidade quando não associada a procedimentos de segurança mínimos.
Esperamos que o nosso exemplo seja seguido por outras federações desportivas, entidades governamentais e não governamentais e pela sociedade brasileira de maneira geral. As dezenas de manchetes de jornais que estampam anualmente imagens de carros destruídos, jovens mortos e pais desesperados nos chamam não só à reflexão, mas também à ação.
*Cleyton Pinteiro é presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo
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