Mudando os hábitos

quinta-feira, 03 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Foi tudo muito rápido. Alguém gritou alguma coisa e todos saíram correndo pela Alberto Braune e as avenidas que margeiam o Rio Bengalas. Carros paravam e retornavam de marcha à ré. Viaturas da polícia cruzavam as ruas com sirenes ligadas e quem estava em casa correu até as janelas para ver o que estava acontecendo.

Pessoas desesperadas procuravam o acesso de bairros altos como Braunes, Perissê e o Cordoeira. Mulheres agarradas a seus filhos vagavam em prantos pelo meio das avenidas, misturando-se aos automóveis e coletivos que tentavam sair dali de qualquer maneira. Por toda a parte só se ouvia a frase: “Corre moço, a represa estourou e água está vindo aí!”.

Todos nos lembramos dessas imagens, apenas dois dias depois da tragédia de 12 de Janeiro. O pânico tomou conta da população e afetou mesmo quem deveria manter a calma como policiais, bombeiros e militares. Não ocorreu a ninguém que Nova Friburgo não tem uma represa desse porte e, mesmo que tivesse, as águas não correm rio acima.

Relembro esse triste acontecimento por dois motivos: primeiro, as chuvas estão aí e sabemos como tempestades de verão podem ser aterrorizantes. Segundo, vamos conviver, provavelmente para sempre, com o sistema de sirenes de alerta e mais uma série de medidas que serão incorporadas em nossa rotina diária.

Que o sistema é útil não há nenhuma dúvida. No Japão, Havaí, Tailândia e Indonésia, por exemplo, é usado como alerta de tsunamis. Nos Estados Unidos para avisar a chegada de tornados. Nos Alpes é útil em casos de avalanches de neves e inundações e a Austrália usou com sucesso no início deste ano, quando seus rios transbordaram.

Na noite de 25 de abril, na cidade do Rio de Janeiro, em apenas três horas choveu cerca de 200 milímetros de água na Tijuca, mais do que o volume previsto para 40 dias. O sistema de sirenes soou em onze comunidades. Em três delas ocorreram desabamentos mas desta vez não houve vítima alguma.

Mas voltemos para Nova Friburgo. O nosso sistema de alarme já está sendo implantado e, segundo a Defesa Civil, até o fim de novembro estará completamente operacional. Os testes e treinamentos com as comunidades já estão agendados, o convênio com as operadoras de celular para envio de mensagens está encaminhado e, tal como no Rio, as comunidades em áreas de riscos terão agentes capacitados entre os seus moradores.

Diante do pouco que foi feito, torço para que esse serviço funcione da melhor maneira possível. Quem ouvir as sirenes não deve entrar em pânico. Lembre-se de todas as instruções e dirija-se ao ponto de apoio determinado. E nunca, mas nunca mesmo permaneça em sua residência se morar em uma área de risco.

Aliás, uma sugestão: que tal adaptar e distribuir os folhetos informativos da Defesa Civil carioca em toda a cidade? Bancas de jornal, hotéis, pousadas, restaurantes, ônibus, táxis, bancos, lojas, indústrias, rodoviárias, escolas, enfim, onde for possível. A população toda vai aprender como proceder e até os turistas se sentirão mais seguros.

Afinal, arma mais eficaz contra o pânico é a informação.

Carlos Emerson Junior

carlosemersonjr@gmail.com

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