Juliana Scarini
Conselheiro Paulino, o sexto distrito da cidade, concentra grandes indústrias metalúrgicas e siderúrgicas e possui uma enorme quantidade de confecções de moda íntima, gerando milhares de empregos e respondendo por quase 50% do PIB de Nova Friburgo. Mas apesar do destaque na economia municipal, em visita ao bairro a equipe de A VOZ DA SERRA pôde conferir de perto problemas de uma comunidade relegada por sucessivos governos.
Muitos destes problemas estão concentrados na Praça Lafayette Bravo, no centro de Conselheiro. Segundo o taxista Olney Tardin, falta pavimentação adequada e organização do trânsito. Para ele, “um dos maiores problemas é a falta de um agente da Autran entre 16h30 e 17h. Essa praça fica toda engarrafada, não tem lugar para os pedestres atravessarem, é muita confusão”, ressaltou, lembrando que este é o horário de saída das fábricas e confecções.
O superintendente da Autran, Celso Novaes, afirma que “enquanto perdurar a obra na praça a responsabilidade de sinalização do trânsito é da empreiteira”. Ele destaca também que, após a conclusão da obra, a Autran tem planos de melhorias no trânsito da localidade.
O distrito foi um dos mais afetados pelo 12 de janeiro e há quase um ano espera a conclusão das obras de revitalização do governo do estado. As obras começaram em 2010 e foram paralisadas devido à catástrofe climática na cidade. Porém, desde que foram retomadas, no mês de junho, pouca coisa mudou.
De acordo com moradores e comerciantes, a obra está demorando mais do que o previsto e, ao contrário da placa afixada na praça indicando que a geração de empregos chegaria a 30, não passam de cinco operários tentando concluir os reparos. A lentidão do trabalho tem atrapalhado, inclusive, o movimento do comércio.
A Prefeitura, através de Juarez Paulo da Silva, secretário de Conselheiro Paulino, disse que essas obras estão sendo fiscalizadas pela Secretaria de Obras e, apesar dos problemas com a empreiteira, já estão em fase de conclusão. “Será uma praça moderna e mais bonita”, diz Juarez, afirmando também que a previsão é de que a praça seja entregue em 30 dias.
Antonio de Paula Silva Faria, morador e barbeiro há 51 anos no bairro, diz que falta administração pública e “desentupir as redes de água, e não apenas os bueiros, como foi feito, pois isso não resolve o problema das chuvas”, lembrou, insatisfeito. As calçadas irregulares também foram observadas, além de barracas de ambulantes que disputam espaço com os pedestres.
No entanto, a Prefeitura destacou que “calçadas irregulares é uma situação que se verifica em toda a cidade desde janeiro passado, inclusive em Conselheiro” e que aquelas de maior movimento estão sendo consertadas aos poucos. Com relação à limpeza das redes de águas pluviais, o secretário Juarez diz que este serviço é feito diariamente por uma equipe designada especialmente para esta tarefa e que a forte chuva do último dia 15 não ocasionou maiores problemas para o bairro.
A coleta de lixo no local, segundo os moradores, acontece à noite, mas o que se pode perceber é a enorme quantidade de lixo nas calçadas por falta de lixeiras. O resultado são calçadas sujas e lixo revirado, deixando o bairro com imagem de total descaso. Em resposta às reclamações de quem mora no bairro, a Prefeitura diz que as lixeiras devem ser repostas pela EBMA e que o lixo das ruas é retirado por varredores da secretaria diariamente. O secretário apela à população para que contribua no sentido de manter a praça e as ruas do distrito limpas, colocando o lixo para recolhimento apenas meia hora antes do caminhão coletor passar pelo bairro.
A Coordenadoria de Posturas fez este ano diversas fiscalizações no local e grande parte das ações desta fiscalização foi motivada por denúncias. A Prefeitura ressalta que a população deve colaborar denunciando irregularidades pelo telefone (22) 2525-9123.
Rua Regina Breder, outro problema
Na Rua Regina Breder, transversal que dá acesso ao centro de Conselheiro, os problemas são os mesmos há anos. A rua fica abaixo do nível do Rio Bengalas e para solucionar o problema só mesmo a construção de um muro de contenção na Rua Clarice Storck dos Santos.
Roberto Lovantino, morador há cinco anos nesta rua, diz que não pode guardar os seus móveis em casa. “Eu só tenho minha cama e algumas coisas necessárias, o restante dos móveis fica guardado na casa de parentes”, explicou.
Quem mora ali diz que o fluxo de moradores é muito grande, já que alguns chegam a ficar somente dois meses e se mudam quando percebem os problemas da rua. Pode-se notar também alguns bueiros sem tampa.
Em nota, a Prefeitura diz que a construção do muro é de responsabilidade da empreiteira do PAC.
Rua Francisco Luiz Fernandes, também alvo de reclamações
A rua localizada em Lagoa Seca também foi visitada pela equipe de A VOZ DA SERRA, que constatou mais problemas básicos, como bueiros sem tampas e carros estacionados em calçadas.
A moradora Maria do Carmo Teixeira Ferreira, há oito anos nesta rua, disse que “desde janeiro os bueiros não receberam nenhum tipo de limpeza. Um deles está cheio de lixo, além de tampas quebradas, com enormes vergalhões expostos”. Ela lembra que funcionários de um comércio local quase caíram num dos bueiros sem tampa.
Outro problema é a falta de espaço para os pedestres, pois os carros usam a calçada como estacionamento e, quando não é isso, como depósito de material de construção. Porém, de acordo com a Prefeitura, a limpeza geral é feira constantemente e o problema do entulho na rua é agravado por moradores de um condomínio do local que, após a limpeza, voltam a depositar lixo na via. O pedido da Prefeitura é para que os moradores se conscientizem e mantenham a rua limpa.
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