Maurício Siaines
A Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (Smel) promoveu roda de choro em sua sede, na Praça Lévi Aires Brust s/n, em Lumiar, no último sábado, 24 de setembro, com a presença de seis músicos coordenados pelos cavaquinistas Sérgio Prata e Beto Fonseca, revivendo e atualizando a relação tradicional entre as bandas de música e o choro, primeiro gênero musical brasileiro, desenvolvido entre o final do Império e início da República na cidade do Rio de Janeiro. Nomes famosos da música brasileira, como Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Pixinguinha (1897-1973), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Jacob do Bandolim (1918-1968) participaram dessa história.
Sérgio Prata, além de músico, pesquisador do Instituto Jacob do Bandolim, conta a história da Banda do Corpo de Bombeiros, fundada e regida por Anacleto de Medeiros (1866-1907). “Ele foi convidado para ser maestro da Banda do Corpo de Bombeiros e resolveu levar os músicos de choro, que foram contratados e ganharam seus primeiros cachês”. Não é o caso ainda dos músicos que participam das rodas da Euterpe Lumiarense, nenhum deles recebe qualquer remuneração. Indagado sobre o que o levava a tocar nessas condições, Beto Fonseca respondeu: “Prazer de tocar. É uma música genuína e é um alento tocar essa boa música fugindo um pouco das coisas comerciais”.
Encontro de gerações
Ivone Heiderich, 74 anos, é presidente de honra da Smel, responsabilizou-se pelos bens e pela sede da entidade durante o tempo em que a banda esteve inativa. Junto com ela, na última roda de choro estava Manoela Laranjeira da Silva, 26 anos, moradora de Lumiar há 15, onde exerce o ofício de costureira, e toca flauta na banda-escola da Smel. Começou a aprender música em 2008, na Euterpe Lumiarense. As duas são representativas dos esforços pela sobrevivência da banda de música. Manoela entende as rodas de choro como boa contribuição para a formação dos músicos de Lumiar, dizendo também: “Pessoalmente, gosto muito de assistir, pois dá um entusiasmo vê-los tocando bem, achando que um dia também posso chegar lá”.
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