TRAGÉDIA NA RJ-130 - Pedra rola de encosta a 150 metros de altura e atinge carro na pista: mulher morreu na hora

terça-feira, 20 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
TRAGÉDIA NA RJ-130 - Pedra rola de encosta a 150 metros de altura e atinge carro na pista: mulher morreu na hora
TRAGÉDIA NA RJ-130 - Pedra rola de encosta a 150 metros de altura e atinge carro na pista: mulher morreu na hora

Tragédia na estrada: pedra rola na RJ-130 e mata mulher dentro de carro em movimento

Marido que viajava ao lado está em estado grave no CTI do HRS. Acidente aconteceu menos de uma semana depois da Justiça cobrar do Estado ações de prevenção a novos riscos de deslizamentos em duas estradas

Henrique Amorim

A pedagoga Maria Helena Tofani Mineiro, 68 anos, morreu domingo, 18, por volta das 9h30, atingida por uma pedra de pouco mais de 100 quilos que rolou de uma ribanceira a 150 metros de altura no quilômetro 12 da RJ-130 (Nova Friburgo-Teresópolis), no distrito de Campo do Coelho. Maria Helena viajava no banco traseiro do Gol branco, LOV 0631, atingido em cheio no teto e na lateral direita. Ela teve morte instantânea. Seu marido, Antônio Valcir Mineiro, 75 anos, que estava ao lado dela, também foi gravemente ferido e até o fechamento desta edição ainda permanecia internado em estado considerado bastante grave e respirando por aparelhos no CTI do Hospital Municipal Raul Sertã, para onde foi levado às pressas por uma equipe de resgate do Corpo de Bombeiros, com perda de massa encefálica e traumatismo craniano. O carro era dirigido por um dos filhos do casal, que disse ter apenas ouvido um forte barulho durante a viagem. A família retornava de Teresópolis, onde Antônio retirou os curativos de uma cirurgia oftalmológica. O corpo de Maria Helena só foi retirado do local no início da noite de domingo. Durante todo o dia, a rodovia ficou em meia pista. Ontem, 19, a pedra ainda estava no acostamento da rodovia.

A pedra que matou a pedagoga—mãe do apresentador do programa “Olho Vivo”, da TV Focus, Marcos Tofani—rolou de uma propriedade no cume da encosta, na Rua Adolfo Júlio Bom, onde fora feita uma escavação para instalação de uma piscina de fibra com cerca de meio metro de profundidade. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Nova Friburgo, tenente-coronel João Paulo Mori, após vistoria no local constatou-se que pelo menos outras cinco pedras de menor proporção correm também o risco de rolar da encosta. Todas as pedras teriam sido removidas pelo morador do imóvel, o pedreiro Aroildo Constantino, que foi notificado e obrigado a retirá-las do terreno.

“É impressionante como a pedra rolou numa velocidade assustadora e atingiu justamente o carro que passava pelo local. É importante destacar que essa tragédia não foi diretamente ocasionada pelas chuvas do início do ano”, comentou ontem o tenente-coronel João Paulo Mori que, à tarde, retornou ao local com uma geóloga recém-contratada pela Defesa Civil, e demais técnicos do órgão, para vistoriar novamente o local e identificar os riscos de novos deslizamentos no local. Até o fechamento desta edição ainda não havia sido divulgado o posicionamento oficial da equipe sobre a nova vistoria. O corpo de Maria Helena foi sepultado ontem à tarde no Cemitério São João Batista.

Risco de pedras rolarem em rodovias já havia sido detectado pelo Ministério Público

O trágico acidente que culminou na morte da pedagoga Maria Helena aconteceu há cerca de uma semana após o Ministério Público ter cobrado do Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER-RJ) ações preventivas para conter tragédias deste tipo na própria RJ-130 e também na RJ-150 (Nova Friburgo-Amparo-São José do Ribeirão), onde há riscos iminentes de deslizamentos de encostas, rolamentos de pedras e blocos rochosos, como na altura do quilômetro 3, próximo à localidade conhecida como Botafoguinho, no alto da Chácara do Paraíso. O DER tem dez dias—a contar do pedido do MP—para informar o que será feito para conter o risco de deslizamentos nas duas rodovias de grande movimento. Na cobrança, o Ministério Público alertou que se houver descumprimento, poderá ser ajuizada ação civil pública para “fixar responsabilidades e reparar os danos à sociedade”.

Ontem, o coordenador da Defesa Civil comentou que, no caso das pedras no quintal do pedreiro Aroildo Constantino, não há, inicialmente, a necessidade de dinamitá-las, pois todas elas são de tamanhos menores e pesos inferiores a cem quilos, o que permite a destruição com golpes de marreta. O acidente, obviamente, causou medo a muitos motoristas e pedestres que utilizam as rodovias da Região Serrana, violentamente atingidas pela tempestade de 12 de janeiro. Na semana passada, por exemplo, na BR-116 (Rio-Bahia), pedras de grandes tamanhos rolaram de encostas e caíram sobre a pista, na altura de Teresópolis, no trecho da rodovia sob concessão particular. Por sorte, ninguém saiu ferido.

No local, motoristas ainda enfrentam retenções com o tráfego em meia pista em horários alternados, até mesmo interditado por períodos de até meia hora nos dois sentidos, enquanto são feitas a limpeza e a instalação de telas de contenção. A expectativa da concessionária CRT, que administra o trecho privatizado da BR-116, é que a obra dure até a próxima sexta-feira, 23. Nesse mesmo local morreram soterrados um casal e uma menina de seis meses com o deslizamento da encosta há dois anos.

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