O Rebanho e o Pastor

segunda-feira, 29 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra

A recente e triste notícia do falecimento de Dom Clemente Isnard, ocorrido no dia 24 de agosto passado em Recife, deve conduzir o pensamento do povo e do clero da Diocese de Nova Friburgo para a verdadeira e profunda identidade e missão do Bispo.

Quero como Bispo e contando com a intercessão de Dom Clemente, ajudar a Igreja Particular dessa Região Serrana nesse aprofundamento de fé e de caridade, pois o Bispo Diocesano manifesta, com sua vida e com seu Ministério Episcopal, a figura paterna de Deus e com a sua paternidade espiritual vive exclusivamente para fazer de todos os seus diocesanos uma só família, reconciliada no amor do Pai.

A sucessão apostólica existente na Igreja Católica garante que haja nessa família diocesana uma certeza da fé que é inabalável: as fraquezas humanas presentes no seio da diocese não destroem a Igreja, embora possam ferir e até arrancar pedaços da alma de um Bispo Diocesano.

Na vida de Jesus Cristo, mesmo antes da sua paixão e morte na cruz, houve homens que se dedicaram a ferí-LO e a acusá-LO dos mais diversos pecados, desde a blasfêmia contra Deus até ser criador de calúnias e difamações. Suas respostas àqueles que assim se comportavam foram sempre informadas pela bondade, pela confiança e, sobretudo, pela misericórdia, revelada sumamente pela frase que Ele pronunciou do alto da cruz: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.

O Bispo, sucessor dos Apóstolos em virtude da sua ordenação, tem a plena identificação com Nosso Senhor, o Bom Pastor por excelência, e, consciente desse seu caráter episcopal, conhece, compreende e vive como uma dolorosa experiência a afirmação de Cristo: “Se me perseguiram, também perseguirão a vós, pois o discípulo não é mais do que o Mestre”.

Junto com essa realidade ontológica sobressai uma outra, pois das perseguições, das calúnias e das acusações injustas, até da sua morte ignominiosa, brotou a vitória do próprio amor misericordioso, da fé e da esperança que Cristo trouxe para a humanidade.

Dom Edney Gouvêa Mattoso, ordenado comigo e com Dom Edson de Castro Homem no dia 12 de março de 2005 e empossado na Diocese de Nova Friburgo desde o início do ano de 2010, completa no dia 29 de agosto o seu 24º ano de Ordenação Sacerdotal, iniciando assim o seu ano jubilar. Como amigo pessoal e como Bispo tenho na sua pessoa um exemplo de vida íntegra, revelada nas virtudes humanas e cristãs que muito me admiram, pois são frutos maduros de uma entrega incondicional a Deus e à Igreja fundada por Cristo sobre a rocha de Pedro.

Queria destacar na sua personalidade humana e espiritual o grande vigor espiritual que o capacita para um trabalho sério, responsável e honesto a serviço do povo de Deus. Jamais recua diante das dificuldades. Sofre as dores de Cristo crucificado, mas não esmorece no seu amor à Igreja. Suas energias humanas podem ficar abaladas por acontecimentos, entre os quais destaco a tragédia das chuvas na Região Serrana no início desse ano, embora fiquem mais sofridas por fatos extremamente duros que estão acontecendo nessa cidade.

Abalos e dores, entretanto, não esgotam a têmpera humana e episcopal de Dom Edney e lhe renovam no meio das tribulações, no ânimo de servir, de evangelizar, de corrigir rumos e, principalmente, de fazer crescer a fé e a esperança de um povo que vê no seu Pastor a identidade e a missão de Cristo no meio do mundo.

Como amigo que o admira e como seu irmão no episcopado penso que a Diocese de Nova Friburgo, abençoada agora pelo seu primeiro Bispo, Dom Clemente Isnard, deve agradecer ao Deus Uno e Trino pela presença de Dom Edney à frente desse rebanho de homens, de mulheres, de jovens, de crianças, que querem vê-lo à frente e não atrás, jogando pedras que machucam.

Dom Antonio Augusto Dias Duarte

Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

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