Lei Seca divide opiniões, intensifica blitz e motiva ações das autoridades

segunda-feira, 25 de julho de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Motoristas opinam

sobre fiscalização

mais intensa

Leonardo Lima

Muitos comerciantes se queixam que, com as operações de fiscalização da Lei Seca em Nova Friburgo, o movimento de clientes diminuiu consideravelmente nos mais diversos bares e restaurantes da cidade. Em entrevista recente para A VOZ DA SERRA, o superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito, coronel Celso Novaes, defendeu a continuação das operações — e que, com criatividade, os comerciantes podem contornar a situação. “Muitos reclamaram que iam à falência com a Lei Seca. Isso não existe. Sempre há uma saída. Eu também gosto de beber, mas quando estou dirigindo não bebo. No ano passado tínhamos aproximadamente 50 mortes no trânsito até junho”, argumentou.

Mas, e os motoristas? Com as constantes operações de fiscalização na cidade, como eles estão fazendo para não serem flagrados no famoso teste do bafômetro? Para o radialista Landri Schettini, a melhor opção é evitar sair. “Tenho saído muito pouco. Estou preferindo tomar minha cervejinha em casa mesmo. Esse negócio de motorista da rodada não funciona. Quem quer sair para ficar olhando as outras pessoas beberem?”, questiona. Em relação aos meios de transporte alternativos, Landri reclama que os altos preços cobrados pelos taxistas afastam os passageiros. “Pegar táxi em Nova Friburgo é uma loucura. Os preços são muito altos. Ônibus de madrugada não existe. Deveria haver um convênio entre os comerciantes e os próprios taxistas para que à noite o preço da corrida não fosse tão caro”, defende.

Já o técnico em arquitetura Isac Hotz garante que a saída encontrada foi parar de beber. Porém, ele reconhece que há alternativas menos radicais. “Acho que se você vai para uma balada é melhor pegar um táxi, a menos que um dos amigos realmente não queira beber. Mas, se você for para uma festa mais longe e não compensar pegar um táxi, o jeito é ter um motorista da rodada”, argumenta.

Jovem publicitário conta como cumpre

a Lei Seca sem prejudicar sua vida social

Publicitário, jovem e motorista. Em entrevista para A VOZ DA SERRA, Sandro Darrieux, o Bino, revela qual prática adotou desde que a Lei Seca foi implantada no país. Ele também analisa quais saídas os motoristas, taxistas e comerciantes podem encontrar para cumprir a lei sem ser prejudicado na vida pessoal e social.

A VOZ DA SERRA: Como você tem feito para não ser flagrado nas operações de fiscalização da Lei Seca?

SANDRO DARRIEUX: Quando saio faço rodízios com os amigos, para que um deles não beba, ou vou de táxi. Não posso esquecer que minha diversão não pode por em risco a vida de outras pessoas.

AVS: Você é favor da tolerância zero no limite de álcool no organismo?

SANDRO: Acho muito importante a Lei Seca. Muitas pessoas têm sua vida colocada em risco pelo excesso de ingestão alcoólica. Acho válido não haver tolerância, pois é comprovado que os reflexos do motorista são prejudicados com quaisquer níveis de ingestão. Infelizmente, no Brasil as coisas só funcionam se os infratores forem punidos.

AVS: Muitos motoristas questionam que o preço dos táxis em Nova Friburgo é muito caro e não há linhas de ônibus de madrugada. Com isso o movimento nos bares e restaurantes tem caído, o que vem gerando reclamações dos comerciantes. Como publicitário, qual saída você vê para este impasse?

SANDRO: Bom, posso parecer repetitivo, mas a solução é o rodízio de motoristas. Cada dia um amigo diferente fica no suco/refrigerante. E sair em grupo para dividir a conta do táxi também é uma boa opção. Assim todos podem consumir bebidas alcoólicas.

AVS: Você acha válida uma parceria entre os comerciantes e os taxistas para que o preço das corridas saia mais barato para os clientes?

SANDRO: É uma iniciativa interessante, sem dúvida nenhuma. Há algum tempo a própria casa de shows 746 oferecia condução saindo do Centro. Acredito que, além de movimentar o local, a iniciativa ainda gera atrativo para os eventos. Essa parceria é boa para ambos os lados: tanto para o dono do transporte, que vai ter mais passageiros, quanto para o dono do estabelecimento, que terá mais clientes.

AVS: Você, que costuma frequentar as casas noturnas da região, tem percebido que as pessoas estão preocupadas com a Lei Seca, ou ainda tem muita gente que não está se importando com as operações de fiscalização?

SANDRO: Acredito que com o aumento da fiscalização as pessoas estão se controlando mais, se preocupando com o consumo. Mas ainda tem muita gente que não se conscientizou.

Donos de bares e restaurantes se dizem prejudicados pela lei

Muitos prejuízos. Assim define a proprietária de um bar no bairro Cascatinha, referindo-se às consequências da fiscalização da Lei Seca nos bairros Cônego e Cascatinha. O movimento diminuiu drasticamente e a reclamação é geral. Até os revendedores estão reclamando, pois, se os bares não vendem, também não compram mais. A proprietária sugeriu que as autoridades estudem a possibilidade da lei ser flexibilizada e ser aumentado o limite de ingestão de bebida alcoólica.

Para a proprietária de um restaurante no Cônego, a fiscalização da Lei Seca está acabando com os bares e restaurantes do bairro. Ela não se posiciona contrária à fiscalização e admite que lei é para ser cumprida. Mas questiona o horário em que a operação é desencadeada, sempre na hora do jantar. “Por que não fazem a fiscalização em outros horários?”, pergunta ela, como às 4h da madrugada, apontado por ela como sendo o horário dos que causam mais problemas, sem que sejam fiscalizados, ao contrário dos que bebem socialmente, sem causar problema algum.

Em função de a fiscalização ser feita sempre nos horários de jantar, a clientela está desaparecendo dos restaurantes. No Cônego já há uma dificuldade natural para se tomar táxi, e quando se consegue, cobram caro. O público dos restaurantes é constituído, em sua maioria, por casais e muitas vezes um dos dois não dirige. Com isso, os empresários estão arcando com severos prejuízos. A intenção de alguns proprietários é promover uma reunião dos amigos empresários do ramo de restaurantes do Cônego a fim de saber se alguém vislumbra uma luz no fim do túnel.

PM aperta o cerco com blitz noturna: em dois meses, mais de cem carteiras de habilitação foram apreendidas

Com o intuito de reduzir o índice de acidentes de trânsito em Nova Friburgo, principalmente nos fins de semana, à noite, devido à ingestão de bebidas alcoólicas, o 11º BPM tem intensificado nas últimas semanas as blitzes para cumprimento da Lei Seca no município. As operações acontecem em locais estratégicos no Centro e em bairros e distritos com maior concentração de bares e restaurantes.

Os motoristas dos veículos abordados são submetidos a testes para verificação do teor etílico (quantidade de álcool no sangue), o popular teste do bafômetro. Só nos últimos dois meses foram realizados em Nova Friburgo 975 testes, com a apreensão de 147 carteiras de habilitação do total de 3.576 ocorrências atendidas pelo 11º BPM. A cada fim de semana é bastante comum na 151ª DP o registro de acidentes de trânsito no perímetro urbano e rodovias, cuja causa é a ingestão desenfreada de bebidas alcoólicas.

É considerado inapto a dirigir por ingestão de bebida alcoólica o motorista que, ao soprar o etilômetro, possuir mais de 0,02 mgl de álcool no sangue, equivalente a um copo de vinho. As operações da PM também visam recolher armas e drogas. No mesmo período foram recolhidas pelo batalhão pelo menos 44 armas, com a prisão de 13 envolvidos.

O comandante do 11º BPM, tenente-coronel Marcelo Freiman de Sousa, recomenda a população que ao sair para se divertir em eventos ou locais em que sejam comercializadas bebidas alcoólicas, aquele que for dirigir na volta para casa não consuma qualquer tipo de bebida alcoólica. A orientação das autoridades é que seja priorizado o transporte solidário por vans, táxis ou até mesmo o rodízio entre o grupo, ou seja, a cada diversão, um membro do grupo permaneça sem beber, para poder dirigir com segurança na volta para casa.

Lei Seca motiva

encontro entre

prefeito e taxistas

(Secom-NF) - O prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto se reuniu no gabinete com taxistas da empresa Elite, na terça-feira, 19. Os profissionais apresentaram proposta que beneficia usuários e comércio com relação à Lei Seca em Nova Friburgo. O prefeito, agradecido, acenou com medidas visando dar mais segurança à categoria.

Pela proposta dos taxistas da Elite, como colaboração à campanha “Lei Seca – eu apoio”, o taxímetro será acionado somente no local onde estiver o cliente, além de desconto de dez por cento no período noturno. Assim, seriam beneficiados tanto os clientes quanto os estabelecimentos comerciais, que têm amargado prejuízos com a evasão da clientela. Os profissionais ainda sugeriram que policiais militares abordem os táxis durante as corridas.

Durante o encontro, Dermeval Neto comentou que o taxista Juarez de Oliveira Machado, morto recentemente durante um assalto, era um grande amigo seu, com o qual trabalhou como enfermeiro. O prefeito disse saber dos riscos dos taxistas e que ficou satisfeito com a proposta recebida, pois será uma boa contribuição à Lei Seca em Nova Friburgo, beneficiando comércio e clientela.

Dermeval salientou aos profissionais da Elite que, no exterior, a lei que proíbe motoristas de dirigir alcoolizado é rigorosamente cumprida e que já passou pela terrível experiência de estar dirigindo em Nova Friburgo, com a família no carro, e se deparar com um motorista embriagado ao volante. Comentou também que familiares já se utilizam dos serviços da empresa Elite e, como a sua, deseja que todas as famílias friburguenses tenham segurança ao sair, principalmente à noite.

O secretário de Ordem Urbana, Hudson de Aguiar Miranda, e o subsecretário André Luiz Santos, participaram do encontro. Hudson falou em buscar mais entrosamento com o 11º Batalhão de Polícia Militar, a fim de oferecer mais segurança aos taxistas, e junto à própria Prefeitura dotar os pontos de táxis de melhor iluminação e manter a poda das árvores, entre outras medidas. André falou do projeto de dotar a cidade com câmeras e de seu empenho para que também os pontos de táxi recebam este equipamento. Além disso, ele distribuirá aos taxistas os adesivos da campanha “Lei Seca – eu apoio”.

Muitos preferem ficar em casa

do que gastar dinheiro com táxi

Amine Silvares

A Lei Seca está ajudando a diminuir a quantidade de acidentes no trânsito. A frequente fiscalização inibe motoristas de consumir bebidas alcoólicas antes de assumir a direção, mas os donos de bares reclamam da queda nas vendas. Por outro lado, os taxistas poderiam estar tendo um momento lucrativo, no entanto, isso não vem acontecendo — a medida tem feito os friburguenses optarem por beber em casa, ao invés de gastar dinheiro com o táxi.

Seja no Centro, no Cônego ou em Mury, principais pontos gastronômicos da cidade, os taxistas que ficam de plantão durante a noite afirmam não terem notado aumento no número de viagens. “Os clientes frequentes continuam, mas o número de pessoas que procura não aumentou”, comentou um taxista do Centro. Alguns profissionais confirmam que o número de carros circulando pela cidade à noite até diminuiu, o que indica que muita gente está desistindo de sair para não ter que enfrentar as blitzes.

Talvez o fraco movimento seja resultado da fiscalização feita durante o período da noite, quando geralmente as pessoas saem em busca de bares e restaurantes e, nas altas horas da madrugada, por volta das 3h ou 4h, ruas e avenidas da cidade costumavam ficar à mercê de jovens embriagados até que sucessivas blitzes da Lei Seca começassem a ser realizadas.

O que todo baladeiro precisa saber sobre a Lei Seca

A Lei Seca tem apavorado os baladeiros de plantão, que gostavam de beber umas “cervejinhas” durante a noitada. A Lei 11.705, que modificou o Código de Trânsito Brasileiro, proíbe o consumo de bebidas alcoólicas pelos condutores dos veículos. Caso os motoristas sejam flagrados ultrapassando o limite de 0,2mg de álcool por litro de sangue pagarão multa de 957 reais, perderão a habilitação por um ano e ainda terão o veículo apreendido.

Não é difícil alcançar o valor-limite da Lei Seca, basta beber uma lata de cerveja ou taça de vinho. A fiscalização utiliza um aparelho que mede o índice de álcool no sangue, o já conhecido bafômetro, e quem for flagrado com mais de 0,6mg de álcool por litro de sangue, o que equivale a três latas de cerveja, poderá ser detido.

A Lei Seca objetiva reduzir o número de acidentes de trânsito causado por motoristas embriagados. Como se sabe, uma das principais causas de acidentes de trânsito advém de condutores bêbados. A lei considera crime conduzir veículos com praticamente qualquer teor alcoólico no organismo. Quem for apanhado sofre punições que variam de multa a cadeia. O homicídio praticado por um motorista alcoolizado é classificado como doloso (com intenção de matar).

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