Ame Nova FRiburgo: Sérgio Madureira - 17 de maio

segunda-feira, 19 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra

Craque friburguense “sem passaporte”, Cabrita morreu em completo esquecimento

20 de abril de 2008. A data teimava em minha memória, como se fosse um equívoco. Exatamente naquela

véspera de feriado prolongado pela semana que começou com Tiradentes e se alongou folgadamente com São Jorge, o santo guerreiro, me pareceu até uma coincidência cruel: enquanto a maioria se desligava, preparando-se para o descanso, o destino encerrava mais uma história. E que história!

Conferi, incrédulo, sobretudo alertado por um amigo, que também não acreditava: a verdade era que o craque friburguense “Cabrita” morrera pouco menos de um mês após eu ter conseguido acabar de reunir, com dificuldade, fotos e informações a seu respeito. Minha intenção, há muito tempo, já era incluí-lo entre as celebridades da 3ª edição do livro que preparo, já que sempre o admirei como um verdadeiro ídolo de minha juventude.

Chegamos a pensar que havíamos confundido 8 com 98, mas nada! Sua morte fora muito mais próxima do que uma década. Custei a acreditar que o craque tivera um fim tão anônimo. Pobre e completamente esquecido! Assim terminou a saga de mais um herói brasileiro, dos muitos que nascem e morrem, na maioria das vezes sem nunca ter o reconhecimento merecido. Onde quer que esteja, a ele a derradeira homenagem desta coluna.

Oportuno também hoje, quando se comemoram os 190 anos da cidade, lembrar sua figura, ainda que não esteja mais entre nós. Que fique o seu exemplo de jogador e craque de todos os tempos.

Quem foi JOÃO BATISTA FARIA, O CABRITA

JOÃO BATISTA FARIA, o “CABRITA”, nasceu no bairro da Vilage, em Nova Friburgo, a 24 de junho de 1946 – dia de São João Batista (padroeiro de sua terra natal), portanto, daí a origem de seu nome. Moleque travesso, sempre bem-humorado e um sorriso estampado no rosto, era queridíssimo de toda a molecada. Não somente por ser um grande boa-praça, mas pela incrível intimidade com ninguém menos do que “ela”, a dona mais gostosa do pedaço, a jovem senhora cobiçada e cortejada por todos, simplesmente chamada BOLA.

Cabrita iniciou sua carreira futebolística, como todo bom menino, em peladas de rua de nossa Nova Friburgo. Logo foi para o Friburgo Futebol Clube, até ser descoberto pelo Bangu Atlético Clube, onde foi campeão em 1966 (como reserva do lateral Fidélis – jogou cinco partidas, ganhando quatro e empatando uma). No histórico confronto com o Flamengo (Maracanã, 3 x 0), o time campeão era formado por Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luiz Alberto, Ari Clemente, Ocimar, Parada, Jayme, Paulo Borges, Cabralzinho e Aladim.

Jogou também no América, sendo campeão da Taça Guanabara em 1970, ao lado de Orlando Lelé, Alex, Bráulio, Flecha, Luizinho Tombo e Torino. Naquela época o futebol brasileiro era repleto de grandes craques, mas alguns desses “fora de série” jamais tiveram boas oportunidades na seleção brasileira, como Dirceu Lopes e Ademir da Guia. Mesmo os times pequenos, como o próprio Bangu e América, eram formados por verdadeiros gênios, grandes jogadores. Ou será que não lembramos os magistrais Didi, Jair da Rosa Pinto e Evaristo de Macedo, que jogavam pelo Madureira? Ou Domingos da Guia e Zizinho, pelo Bangu? E Zózimo e Edu (o Eduzinho que, segundo a velha-guarda, jogava mais do que seu irmão, Zico)? E ainda, mais recentemente, Ronaldo Fenômeno, no São Cristóvão?

Talvez por isso, ou mesmo por isso, o grande craque Cabrita passou boa parte de sua carreira na reserva. Era tão bom de bola, que não era bem visto pelo técnico Alfredo Gonzales. Ao contrário de Fidélis, que preferia jogadas mais simples (tipo chutões), Cabrita preferia dominar no peito e sair jogando (como fazia Leandro, no Flamengo). Cansado da reserva, pediu para sair e recebeu excelente proposta do Flamengo, mas o milionário bicheiro, todo-poderoso e já então presidente do Bangu, Castor de Andrade, não permitiu: “Não, para o Flamengo, não!”. E o transferiu para o Clube Atlético Mineiro. Provavelmente jogar no Flamengo tivesse sido exatamente o passaporte que lhe faltou para a fama. Cabrita jogou também na seleção carioca.

Em 1976 voltou a Nova Friburgo para atuar no Friburguense, onde encerrou sua carreira, em 1981. Com seus primeiros salários no Bangu, comprou um de seus bens, na época um Vemaguete e, claro, na primeira oportunidade veio para Nova Friburgo “esnobar com seu possante”, ao lado do grande amigo friburguense e também jogador do Bangu Mimi, que tempos depois contaria a aventura da viagem: “Foi uma coisa de doido. Levamos umas dez horas para chegar, mais tempo até do que se viéssemos no tempo do trem. O carro fervia a toda hora, o que nos obrigava a parar, mais do que andávamos”, declara Mimi, divertindo-se com a lembrança.

Mas Cabrita foi um ídolo dos nossos tempos. Lembro-me bem dos meus sonhos de menino – e como todo menino, também queria ser jogador de futebol – quando, na época de goleiro do segundo time do Botafogo da Chácara do Paraíso, num dia em que exatamente ele, o grande craque, era esperado para uma visita. Sua chegada ao modesto campo era aguardada, principalmente por mim, como se hoje fosse o próprio Rei Pelé. Sempre tive uma admiração muito grande pelo mestre Cabrita, ídolo de minha época jovem e meu conterrâneo.

O friburguense João Batista chegou a auferir resultados, mesmo financeiros, com sua carreira. O problemático Vemaguete não seria sua única aquisição de valor. Ele também chegou a adquirir casas e outras propriedades na cidade e região. Mas o destino foi cruel também com nosso craque. Fumante inveterado – o que sempre foi uma característica comum ao meio –, além de beber (acabaria vítima de uma cirrose, que o levou à morte), Cabrita teve um outro grande vício: era jogador compulsivo. Nas cartas do baralho estaria escrito o pior capítulo de sua história, o que o levou a perder o que conseguira conquistar. O nosso craque, de origens muito humildes, morreu pobre e inaceitavelmente esquecido, em 20 de abril deste ano. Pobre financeiramente, porque, onde quer que esteja, fica a certeza de que Cabrita figurou e conquistou seu lugar entre os grandes heróis de todos os tempos.

O friburguense e ex-jogador de futebol Gustavo Faria está escrevendo um livro para preservar a memória do futebol da cidade, para o qual já conseguiu selecionar mais de mil fotos, com grandes craques friburguenses, evidentemente, entre os quais, Cabrita figura com destaque.

TEM DIAS QUE É

MELHOR NEM SAIR DE CASA...

Esta velha e surrada frase faz sentido. No último domingo, 11, acordei cedo, aliás, como faço todos os dias, comprei diversos jornais, sentei-me no banco da Praça Getúlio Vargas e folheei até as 9h. Depois fui a uma bomboniére comprar bombons. Bem atendido, perguntei o preço: “R$ 19,99”, me respondeu o gentil atendente. Dei uma nota de R$ 20. Ele agradeceu e continuou atendendo a seus clientes. Continuei em pé, impassível. Quando ele terminou de atender, perguntei pelo meu troco. “Infelizmente, vou ficar te devendo”, disse.

“Não vai, não! Eu quero meu troco.” O moço ficou irritado com o que ele considerava “muita mesquinharia” de minha parte e me ofereceu uma bala que, evidentemente, não aceitei. Depois de muito bate-boca, ele devolveu dez centavos, já que disse não ter moeda de cinco centavos.

Dali fui até um hortifruti e o mesmo voltou a acontecer: o valor das compras foi 16,99, o rapaz argumentou que não tinha um centavo para o troco. Exigi o meu direito e ele disse que não podia fazer nada. Chamei pelo gerente, mas o rapaz sorriu, ironicamente: “Você acha que gerente trabalha nessa hora da manhã?”. Liguei para o Procon, mas tocou até a ligação cair. Finalmente, um atendente sensato apareceu com um centavo.

Mal-humorado por ter que ir trabalhar em Mumbai (Índia), na nova novela de GLÓRIA PEREZ, e irritado com o desrespeito que nós, clientes, sofremos diariamente, saí a pé para o bar mais próximo. Comprei uma lata de cerveja e, antes do primeiro gole, perguntei o preço: “1,99”, me respondeu a moça, sem tirar os olhos do jornal. Entreguei uma nota de R$ 2, ela recebeu, colocou-a no caixa e continuou lendo. Terminei de beber e devolvi a lata: “Moça, não quero mais, não. A cerveja está amarga, quero meu dinheiro de volta”...

Bem, para encurtar, depois do “barraco”, ela me devolveu o troco e disse que eu era muito mesquinho. E eu lhe dei o “troco”: “E a senhora é uma ladra”.

Exija o seu troco! Imagine quanto faturam os comerciantes que não devolvem um centavo ao longo do dia, da semana, do mês... E mais: por que cobrar R$ 19,99, e não R$ 20? Por que cobrar R$ 16,99 e não R$ 17, ou R$ 1,99 e não R$ 2?

MORRE PAULO NETTO, O

DESCOBRIDOR DE XUXA

Morreu na semana passada PAULO NETTO, o Netinho, o homem que descobriu XUXA num comercial de Tv. Paulo, considerado o melhor câmera da história da Tv e que depois se transformou num dos mais criativos diretores de cena, especialmente de programas infantis, tais como Plati bum, A turma do balão mágico e Xuxa, era o mais querido dos queridos homens da Tv. Esteve diversas vezes em Nova Friburgo a passeio e, em 1993, dirigiu no Nova Friburgo Country Clube o especial Presentes mágicos, estrelado por Xuxa.

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