Henrique Amorim
Os moradores dos loteamentos Três Irmãos, Floresta e Alto do Floresta, duramente castigados na tragédia de janeiro, vêm recebendo a visita de 11 agentes comunitários de saúde e educação ambiental, contratados temporariamente pela ONG Viva Rio. Os agentes, todos moradores das próprias comunidades, percorrem casa a casa para entrevistar as famílias, com vistas à elaboração de um raio-X das três comunidades afetadas direta e indiretamente pela queda de encostas e soterramentos. É o projeto Recomeçar, promovido em parceria com a igreja evangélica Ceifa, Rotary Club, universidades Candido Mendes e Estácio de Sá, Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia e Prefeitura de Nova Friburgo.
Em cada visita os brigadistas — como são popularmente chamados os agentes — identificam quais as maiores necessidades enfrentadas pelas famílias e as atividades desenvolvidas por cada morador. Ao final do trabalho que tem a duração prevista de seis meses o relatório será encaminhado às autoridades.
“Nossa intenção é que com os inúmeros dados sociais que esse levantamento irá fornecer, a Prefeitura e o governo do Estado possam elaborar ações efetivas de reconstrução das áreas afetadas, resgate da autoestima dos sobreviventes da catástrofe e ainda aproveitar a vocação e as peculiaridades de cada localidade para o desenvolvimento de futuros projetos sociais”, observa a coordenadora do projeto, a psicóloga Juliana Dantas.
Ela destaca ainda que o levantamento da pesquisa se desdobrará num diagnóstico de saúde, riscos emergenciais sofridos pelos moradores e também a contagem da população dessas localidades. “Teremos ao final o perfil de cada comunidade”, reforça Juliana. É ela, inclusive, que treina os brigadistas para as abordagens nos loteamentos.
Durante as visitas realizadas diariamente nas três localidades de Conselheiro Paulino, os moradores em situações de vulnerabilidade social já estão sendo encaminhados aos serviços públicos de saúde e assistência social. É ainda intenção da ONG ampliar futuramente as ações do Recomeçar para outras localidades atingidas pela tragédia das chuvas. Além de Nova Friburgo, a ONG já desenvolve ações semelhantes em Teresópolis.
Também serão promovidas ao longo das atividades do projeto Recomeçar palestras nas escolas, igrejas e associações localizadas no Três Irmãos, Floresta e Alto do Floresta para orientar e capacitar os moradores tornando-os verdadeiros agentes comunitários que poderão alertar vizinhos quanto a necessidade de desocupar suas casas ante a possibilidade de temporais.
A ONG Viva Rio pretende ainda implantar bases meteorológicas nas comunidades beneficiadas com pluviômetros (medidores da quantidade de chuva) confeccionados com garrafas PET pelos próprios moradores. Alguns moradores, inclusive, já estão sendo beneficiados com oficinas de artesanato desenvolvidas pelos integrantes do Recomeçar. Os moradores, brevemente, serão beneficiados com a venda dos produtos confeccionados por eles numa feira do projeto estimulando a geração de renda. Na oportunidade, serão apresentados os desenhos que retratam o drama vivido pelas vítimas da chuva no “mural da dor e do amor” promovido pela Viva Rio no ato que lembrou um mês da tragédia.
Parceiros ajudarão a resgatar
a autoestima dos moradores
Além do levantamento social que poderá resultar em ações e investimentos públicos, os moradores das três localidades beneficiadas pelo Recomeçar serão alvos ainda de atividades de resgate da autoestima coletiva. Os alunos do curso de Comunicação Social da Universidade Candido Mendes irão promover materiais de divulgação e reportagens sobre pontos positivos dos loteamentos e de sua gente. Paralelamente já vem sendo desenvolvida a campanha “Inverno Quente” para arrecadação de cobertores e agasalhos para moradores mais carentes do Três Irmãos, Floresta e Alto do Floresta.
Os donativos podem ser entregues nas lojas do plano SAF, igrejas Ceifa, supermercados Big Blue e Cavalo Preto, Frivel, Ucam, Estácio de Sá, Faculdade Santa Dorotéia e na própria sede da Viva Rio em Conselheiro, na Rua Coronel João Teixeira 180, salas 6,7 e 8 (Centro Comercial Adriano Afonso) – prédio da loja da SAF, próximo à Praça Lafayette Bravo Filho. Os alimentos arrecadados recentemente nas atrações do Festival de Inverno da Prefeitura também serão usados para compor cestas básicas para as famílias mais carentes dos loteamentos visitados pelos brigadistas.
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