Em época junina, que esse pequeno conto do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que faz parte de meu repertório no espetáculo “Contos e Causos”, nos leve a reflexões e esquente nossos corações.
“Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que lá do alto havia observado a vida humana, e disse que todos somos um mar de fogueirinhas. O mundo é isso, revelou:
— Um monte de gente. Um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com a sua luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes, fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno que nem percebe o vento. Existe gente de fogo louco que enche o mar de chispas! Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam, nem queimam. Mas, alguns, incendeiam a vida com tamanha vontade e com tamanha verdade, que é impossível olhar para elas sem pestanejar. E quem chegar perto... pega fogo!
Pois é, gente, essa linda história mora, ao lado de outras pequenas joias preciosas, no “Livro dos Abraços”, do Galeano, editora LPM.
Nesse período de festas juninas, de fogueiras por todos os cantos e recantos do nosso município, esse conto me leva imediatamente a uma reflexão: que tipo de fogueiras somos nós? Que tipo de fogueira desejamos que nossos filhos, amigos, netos, alunos, sejam? O que tenho eu feito para alardear meu fogo, para contagiar as pessoas com as quais convivo?
Certamente nossa chama, chama, pois vira verbo, convoca pessoas para a mesma dança, faz com que todos cantem e cirandeiem no mesmo tom, em total harmonia. Nossa chama eleva o astral, dá sabor ao dia a dia, à vida, atrai bons fluidos, ilumina longe até perder de vista.... e quem chegar perto... você já sabe... pega fogo! Lindas festas quentes para todos.
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