OS GESTORES da memória friburguense não sabem explicar a manutenção do acervo da Fundação D. João VI, o antigo Pró Memória da Prefeitura, após a enxurrada de 12 de janeiro. As águas chegaram à Praça Getúlio Vargas com lama e entulho e as obras e documentos permaneceram intactos. Sorte de Nova Friburgo.
A ENTREVISTA de Nelson Bohrer, o popular Guguti, publicada na última edição de A VOZ DA SERRA, mostra que, passada a chuva e temendo novos alagamentos, é hora de buscar um local adequado para guardar este importante centro de documentação histórica. Além disso, o trabalho de digitalização que está sendo feito permitirá uma amplitude nas pesquisas através da internet, abrindo a história friburguense para o conhecimento de todos.
PORÉM, a cultura friburguense sofreu baques sérios por conta da enxurrada. Praticamente todos os seus centros de cultura foram afetados, sendo o principal deles o Teatro Municipal. Assim como ele, o Centro de Arte aguarda a sua reabertura, pois também sofreu danos materiais e permanece trancado, provavelmente interditado pela Defesa Civil.
ALÉM disso, o patrimônio artístico do município foi profundamente atingido com a chuva, destruindo parcialmente a Capela de Santo Antonio, no Suspiro, sua tradicional fonte, e instalações do Colégio Anchieta. A perda ainda foi sentida com a interdição de estabelecimentos de ensino, como o campus da Uerj, na Vila Nova. Sem falar no Nova Friburgo Country Clube e no Sesc, este já recuperado, felizmente.
SE A palavra de ordem é reconstrução, a cultura friburguense também deve estar na linha de frente para que isto aconteça. Atingida como foi, a vida friburguense perde um pouco do seu encanto e atratividade turística, pois ficamos sem salas para apresentações musicais, impedindo a produção cultural na cidade.
OS PROBLEMAS com a cultura não param aí. Aprovado pela Câmara Municipal desde o ano passado, o projeto do Executivo que prevê novos tombamentos de bens públicos ou particulares de interesse histórico ou cultural ainda não foi deslanchado. Para quem sofreu perdas quase irreparáveis com a chuva, é um bom momento para reavaliar a importância dos imóveis e os riscos do nosso patrimônio.
A CULTURA friburguense possui um rico valor agregado para o turismo e a economia do município. Gera renda e cria inúmeras oportunidades de trabalho. Devemos, pois, tratá-la como investimento para que volte à sua plenitude e não como uma obra embargada sem previsão de voltar à atividade, no final da fila das prioridades.
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