Bruno Pedretti
Segundo maior produtor de flores de todo o Brasil, Vargem Alta é um lugar lindo, de paz e pessoas simples. Mas nem tudo são flores na localidade. Moradores do bairro reclamam do abandono e pedem mais atenção para que alguns problemas sejam sanados no local mais florido de Nova Friburgo. Alguns membros da comunidade de Vargem Alta estiveram na redação de A VOZ DA SERRA denunciando as precárias condições da Estrada das Flores, do Cemitério do Sapê, da Escola Estadual Municipalizada Manoel J. Nogueira Peixoto e do posto de saúde.
A equipe de reportagem visitou o local para conferir de perto os problemas enfrentados pela comunidade. A secretária da associação de moradores de Vargem Alta, Viviane Valência de Moraes, acompanhou os repórteres e mostrou o que vem gerando transtornos aos floricultores e comunidade do bairro.
Posto de Saúde da Família
O Posto de Saúde da Família de Vargem Alta é alvo de críticas. De acordo com a comunidade, há mais de um ano e meio não há um agente de saúde na unidade. “O agente de saúde era essencial para nós, ajudava demais, pois eles visitavam a casa de pessoas que, às vezes, não tinham tanta facilidade de locomoção, e atendiam”, revela uma moradora. A secretária da associação conta que o posto de saúde nunca teve ambulância, mas possuía uma Kombi que transportava os funcionários do posto e “quebrava um galho” fazendo o transporte de doentes em casos de emergência. Há dois anos, segundo os moradores, o veículo foi retirado do bairro, pois estava em más condições de uso, e desde então a comunidade está tendo que encontrar alternativas para transportar as pessoas que necessitam de atendimento de emergência. “Além de faltar transporte, estamos sem um enfermeiro para auxiliar o médico com os curativos”, diz Viviane.
A comunidade vem pedindo a reforma do posto de saúde há bastante tempo, mas nada foi feito até agora. Existem telhas quebradas, infiltrações e até mesmo uma caixa de gordura atrás da unidade de saúde, onde crianças transitam. A associação conseguiu uma cadeira de dentista equipada para um profissional atender aos moradores, mas está guardada, já que na sala há goteiras.
A unidade de saúde é responsável pelo atendimento de 500 famílias, cerca de duas mil pessoas que vivem na região. “O movimento é intenso no posto. Aqui se faz pré-natal, curativo, controle de diabetes, entre outros atendimentos. A maioria dos problemas sempre é resolvido por aqui mesmo”, revela uma moradora.
Escola Manoel Nogueira Peixoto
As reclamações sobre a Escola Estadual Municipalizada Manoel J. Nogueira Peixoto estão relacionadas à estrutura da unidade educacional. De acordo com os moradores, a escola está em péssimas condições, com telhas furadas, forro mofado, tacos soltos, banheiro depredado, entre outros problemas estruturais. “Existem crianças que se deslocam para outras escolas por conta de alergias que adquirem na escola. Já pedimos a reforma algumas vezes à secretaria de educação, mas ainda não fomos atendidos”, conta Viviane.
Sobre o assunto, o secretário municipal de Educação, Marcelo Verly, garantiu: “Estamos finalizando a montagem de processo licitatório para a contratação de empresa que se responsabilizará pela manutenção, conservação e reparo de nossas unidades. E a Escola Manoel Nogueira Peixoto é uma de nossas prioridades”.
Estrada das Flores e calçamento precários
Logo na entrada de Vargem Alta, no km 9 da estrada Mury-Lumiar, dois deslizamentos de grande porte levaram parte da Estrada das Flores. Apenas um carro passa por vez no local e não há sinalização alertando os motoristas sobre a cratera. Há cerca de um quilômetro do campo de futebol de Vargem Alta, uma pista inteira havia caído, mas os próprios moradores e encarregados do bairro fizeram um mutirão para abrir a passagem e possibilitar fundamentalmente o transporte das flores, principal fonte de renda da localidade.
O trânsito de automóveis dentro do bairro é algo bastante complicado. Na maioria das ruas não existe calçamento e os buracos ficam cada vez maiores, dificultando o transporte das flores e trazendo prejuízos para os floricultores.
Cemitério do Sapê
O principal motivo da visita de moradores de Vargem Alta à redação de A VOZ DA SERRA, no entanto, foi denunciar o abandono do cemitério local. De acordo com eles, o Cemitério do Sapê está largado, apesar de ter um coveiro responsável pela limpeza e manutenção do lugar. Viviane conta que a capina do cemitério é feita pelos encarregados do bairro, função que seria do próprio coveiro.
A reportagem de A VOZ DA SERRA esteve no local para averiguar a denúncia de que o coveiro teria jogado um caixão conservado ao lado do terreno do cemitério. A equipe não encontrou o caixão, mas os moradores enviaram uma foto comprovando tal situação. “O rapaz tinha sido enterrado pouco tempo atrás, havia até cabelo ainda, e o coveiro tirou o corpo para realizar outro enterro. Muitas crianças passam pelo local e estávamos com medo de contaminação. Também foi uma falta de respeito com a família do moço que faleceu”, comentou um morador, temendo se identificar.
Também foi encontrado bastante lixo no cemitério. Os moradores reivindicam que seja construída uma capela, com banheiro. “Quando vamos sepultar os corpos aqui temos que lavar a mão no córrego que passa do lado. Precisamos ao menos de uma lata de lixo e um tanque para lavarmos as mãos”, diz a secretária da associação.
A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura, mas até o fechamento desta edição não recebemos qualquer resposta sobre os problemas abordados na matéria.
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