Com carinho e otimismo, ao Dr. Max Wolosker
Há exemplos de como, após vitimados por tragédias as mais diversas, povos, cidades ou até famílias podem se reerguer e mesmo se superar, ressurgindo mais fortes das cinzas, como a fênix da mitologia grega. Derrotados, massacrados e humilhados na Segunda Guerra Mundial, quem diria que japoneses, alemães e italianos seriam hoje os povos pujantes que são, os dois primeiros entre os cinco e os italianos entre os dez mais ricos do mundo? E hoje alguém tem dúvidas de que o Japão se reerguerá após sofrer sua mais recente catástrofe, um terrível terremoto seguido de avassalador tsunami? E os Estados Unidos que, depois de uma sangrenta guerra civil que dizimou parte da população e por fim uniu um país rachado em dois, rapidamente se transformaram na maior potência mundial? Para não soar como discurso para inglês ver, podemos usar o exemplo de Blumenau que, após quase sucumbir afogada por duas enchentes consecutivas nos anos de 1983 e 1984, recuperou-se e hoje é uma das cidades mais prósperas e desenvolvidas de nosso país. Mais próximo no tempo e no espaço está a própria cidade do Rio de Janeiro que, após décadas de decadência política, econômica e cultural, provavelmente iniciada com o impacto da transferência da capital da República, passa agora por processo de recuperação a olhos vistos. E são tantos também os exemplos de famílias que, após perderem por exemplo o provedor, fiam-se naquela mãe corajosa, na garra daquele irmão lutador ou na inteligência do avô que ficou, para no fim vencerem.
Evidentemente, não se deseja a tragédia, o trauma, as mortes. Não se escolhe a dificuldade como opção. Mas, a partir do momento que ela nos é dada pelos fatos como realidade, há que se utilizá-la para o melhor.
Por tudo isso, e embora seja perfeitamente compreensível uma aparente letargia nos friburguenses pós-12 de janeiro, compartilho o otimismo demonstrado pelo conceituado médico Dr. Max Wolosker ao encerrar sua coluna do dia 1º de março, quando afirmou que a outrora Vila do Morro Queimado deveria dar a volta por cima. Em que pese o profundo sentimento pelos nossos amigos, familiares e conterrâneos que se foram na tragédia, temos que nos convencer e provar aos que nos circundam e aos que longe estão que a decadência econômica e a catástrofe são passado. Temos que acreditar e fazer valer que, embora indesejada, dolorosa e traumática, a tragédia é passado e nossa vida é futuro. Devemos aprender com os erros, somar esforços e reconstruir a nossa cidade, como fizeram japoneses, alemães, italianos, americanos, blumenauenses e tantos outros povos que se superaram e saíram fortalecidos de grandes traumas em sua história. Devemos nos unir, iremos nos fortalecer e superar a dúvida levantada pelo próprio Dr. Max Wolosker em sua coluna do dia 23 de março, em que faz um desabafo e pergunta, para minha surpresa: vale a pena investir aqui? Ousarei responder com otimismo e convicção: sim, tenho certeza de que sim! Muita coisa boa está sendo gestada e surgirá em nossa cidade a partir de agora, estou certo disso. Muitas pessoas já estavam e estão se mobilizando para reerguer a cidade.
Mesmo ciente das históricas dificuldades, é fato que, após décadas de estagnação e às vezes retrocesso, nosso país e nosso estado atravessam momento de crescimento histórico. Por que não trazer isso para nossa cidade ? E contribuir para o nosso estado e país com o que a nossa cidade tem de melhor ?
Sou um orgulhoso friburguense que nasci, passei minha infância e adolescência aqui em Nova Friburgo. Depois de dezoito anos residindo, estudando e trabalhando na capital do estado, retornei ano passado para aqui passar os anos mais profícuos de minha vida: viver com a minha família, trabalhar e criar meus filhos na cidade em que nasci e que tanto amo. Temos uma filha de quatro anos e um filho de apenas três meses. Tenho certeza de que, dentro de anos e a seguir décadas, felizes e orgulhosos, contaremos aos nossos filhos e netos que nós, cidadãos friburguenses de bem, nos empenhamos, trabalhamos e reerguemos nossa cidade. Tratemos, pois, de arregaçar as mangas e trabalhar com determinação, otimismo e esperança.
O Dr. Max certamente aproveitará ao máximo sua viagem de estudo e turismo ao Velho Continente e verá, in loco, o poder de recuperação de um povo como o do norte da Itália — a região mais desenvolvida daquele país. Aguardamos seu breve retorno com ânimo redobrado, continuando a exercer sua bela carreira de sucesso em nossa cidade, injetando-nos essa dose extra de determinação, otimismo e esperança.
Pelos nossos filhos.
Para o bem da nossa velha, eterna e heróica Nova Friburgo.
Pablo Felga Cariello, advogado.
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