Eloir Perdigão
O movimento grevista dos vigilantes já está completando um mês. São 30 dias em que as agências bancárias não funcionam, os caixas eletrônicos estão indisponíveis para saque, com sérios transtornos e prejuízos para pessoas e empresas. Uma das opções para pagamento das contas tem sido as casas lotéricas, porém o movimento tem sido grande e, não raro, as pessoas têm que enfrentar longas filas.
Para saber o que os friburguenses acham do movimento grevista dos vigilantes e se estão sendo prejudicadas com a paralisação, A VOZ DA SERRA foi às ruas e ouviu dez pessoas. Acompanhe as respostas.
“Nós estamos sendo prejudicados em todos os sentidos, para receber, para pagar, é um transtorno danado. O movimento deles é justo, só que nós não temos que pagar por isso. Estamos sendo prejudicados demais”.
Heraldo Amaral, 60 anos, comerciante, Centro
“A cidade parou por causa disso. Está totalmente parada. O comércio está muito prejudicado. Eu acho que é justo o que eles reivindicam, mas os meios teriam que ser outros, não esse aí. Isso é um absurdo. Teria que ter a Justiça no meio dessa questão. A Justiça já poderia ter entrado no caso há muito tempo. Tem muita gente prejudicada e os vigilantes não são tantos. A Justiça poderia arbitrar um percentual que fosse justo e não precisava parar por tanto tempo”.
Norival Siqueira Filho, 76, comerciante, Centro
“Um absurdo porque tinha que ter policiais na ausência dos vigilantes. Porque a gente é que está muito prejudicado. O movimento deles é justo, só que a gente está pagando pela injustiça deles. O prejuízo está sendo total, porque as filas estão imensas, os caixas eletrônicos não funcionam direito, quando a gente chega no caixa não tem dinheiro, não recebe a conta porque está fora do sistema. Os vigilantes têm que voltar com os direitos deles”.
Lene Alves Cunha Garcez, 57, dona de casa, Chácara do Paraíso
“Olha, a gente sabe que os bancos nunca perdem. Isso é muito duro, mas é a pura realidade. Então a gente dá um voto pela reivindicação dos vigilantes. Mas a greve se prolongou. Eu acho o movimento dos vigilantes justo porque o trabalho deles é de extrema vulnerabilidade. Agora, eu acho que tem um momento, quando o público começa a sofrer demais, que eles têm que pesar para não se desgastarem. Porque, aí o pessoal começa a se voltar contra eles. E os bancos acabam se saindo melhor”.
Maria Helena Guinle, professora, Parque São Clemente
“Essa greve está prejudicando não só as pessoas, mas também as empresas, que querem fazer os pagamentos corretamente e não têm como fazer. Têm que ficar procurando banco, as lotéricas têm limite de mil reais e ficam sem opção. Ficam paralisadas. Os vigilantes estão certos. Eles têm que garantir o lado deles, só que o pessoal está prejudicado”.
José Fernando Costa, 52, motorista, Centro
“Eu acho um absurdo. Eu estou dependendo da minha vizinha para poder receber um dinheiro. Eu estou com um pé quebrado e com duas crianças dependendo desse dinheiro desde o dia 7 e até agora não sai o dinheiro. A gente pede, o gerente faleceu, o outro não quer atender e fica essa pouca vergonha. Eu acho que as pessoas não têm o direito de fazer isto com a gente. Se o vigilante está em greve, isso não interessa para a sociedade. Tem que dar outro jeito, chamar a Polícia Militar, a Polícia Civil, fazer alguma coisa, mas não é desse jeito que está sendo feito com o povo. A vizinha está me ajudando, a outra ali está desesperada...”
Alexandre Nunes, 39, corretor de imóveis, Braunes
“A situação está terrível, porque a gente não pode movimentar a conta; precisa conversar com o gerente e não tem como, nuca está; parou tudo. Eu não estou entendendo, porque no Rio eu soube que os banco estão funcionando normalmente. Por que só aqui? Eu acho o movimento dos vigilantes justo, eles precisam de um salário digno. Mas precisam resolver logo isto porque a gente está sofrendo com essa situação. Isto já está se estendendo há muito tempo e tem que ser resolvido logo”.
Robson Freimann, 44, comerciante, Girassol
“Está ruim. A gente quer fazer uma coisa e não consegue. Eu até consegui receber no início do mês aqui no banco, mas para pagar as contas eu estou indo na loteria. Os vigilantes têm que correr atrás do direito deles e eu acho que os responsáveis por isto deveriam resolver o mais rápido possível, o sindicato, não sei, porque essa greve já está completando um mês. Quando eu faço um serviço o pessoal não tem dinheiro para me pagar”.
Jorge Quintino da Costa, 61, industriário aposentado, Olaria
“Eu acho que a greve é justificada porque eles ganham muito pouco para arriscar a vida. E quem está no controle das empresas são os delegados da Polícia Federal, os coronéis da PM e os delgados da Polícia Civil. Então porque a Polícia Federal não desloca agentes para o serviço ser prestado à população de Nova Friburgo? Seria uma ideia interessante. Se a Polícia Federal proíbe abrir os bancos ao mesmo tempo deveria enviar agentes para poder cumprir esse serviço. A população é que fica prejudicada. A responsabilidade é da Polícia Federal”.
José Marcos Pereira Júnior, 41, oficial de Justiça, Cônego
“Eu estou vindo aqui desde o início dessa greve porque não tem caixa aberto e para determinados movimentos bancários a gente precisa ter acesso aos caixas. Eu já fui na minha agência de origem e não consegui resolver. Aqui também não. Determinadas operações a gente resolve no caixa eletrônico, mas outras não. Aí a gente está completamente prejudicado. Eu acho todo movimento reivindicatório válido. Mas quando começa a prejudicar a população o pessoal tem que olhar esse lado aí, ver a legislação. Acho que em outros países não é assim que funciona. Mesmo sendo uma democracia com direito de greve”.
José Luiz Lopes Chagas, 58, engenheiro, Cônego
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