Na última quarta-feira, 13, o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf), Cláudio Verbicário, enviou carta ao presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, destacando a tragédia na Região Serrana em janeiro — mais precisamente em Nova Friburgo — e explanando situações que aconteceram na cidade após a catástrofe.
O presidente da Acianf relatou a Alexandre Tombini que os bancos não abriram ou disponibilizaram os caixas eletrônicos para o uso da população nos sete primeiros dias pós-tragédia. Relatou ainda que muitos friburguenses tiveram prejuízos financeiros por conta de não poderem utilizar os serviços bancários, e agora, três meses após a tragédia, uma greve dos vigilantes e transportadores de valores impede novamente que moradores de Nova Friburgo utilizem os serviços bancários.
O objetivo da carta é buscar uma alternativa para a resolução desses problemas, que vem atrapalhando a vida dos friburguenses. Cláudio finalizou perguntando ao presidente do Banco Central do Brasil a quem recorrer para que os recursos do BNDES/PER cheguem até os empresários.
“Como é de conhecimento geral, Nova Friburgo, município serrano localizado no Estado do Rio de Janeiro, na madrugada de 12 de janeiro de 2011, sofreu a maior tragédia climática do país e uma das maiores do mundo, inclusive, recebendo a visita da nossa presidenta, a Exma. Sra. Dilma Rousseff que, com seu gesto, sinalizou à nação o grave momento pelo qual passavam os sete municípios atingidos pela catástrofe.
Nos cerca de sete primeiros dias pós-tragédia, com precariedade absoluta de comunicação (falta de telefone, internet, luz) os estabelecimentos bancários do município, em sua totalidade, não abriram suas agências ou disponibilizaram os caixas eletrônicos para uso da população. Entretanto, nenhuma providência foi tomada para proteger os milhares de correntistas (pessoas físicas e jurídicas) dos prejuízos financeiros que adviriam da impossibilidade de os mesmos utilizarem os serviços bancários. A conseqüência disto foi o pagamento de juros e taxas bancárias, o protesto de títulos e a devolução de cheques por alegada insuficiência de fundos, impossibilitando estes cidadãos de terem acesso às linhas de crédito especiais disponibilizadas para a Região Serrana.
Tanto as pessoas físicas como jurídicas que, por uma necessidade momentânea, faziam uso do cheque especial naquele momento (cujas taxas extorsivas de até 190% ao ano são de conhecimento geral) ou de qualquer outro crédito de curto prazo, não tiveram a oportunidade de acesso aos bancos para efetuar depósito em suas contas, mesmo que dispusessem de recursos para tal. Para nossa perplexidade, os serviços de compensação bancária ocorreram normalmente, como se normal se encontrasse uma região totalmente devastada, com perda de mais de mil vidas. Nem mesmo o similar de um feriado bancário foi adotado.
Como se isto não fosse suficiente para prejudicar todo um segmento econômico, agora, apenas três meses após o fatídico 12 de janeiro, somos surpreendidos com uma greve de vigilantes bancários que já dura mais de duas semanas, e nos encontramos novamente impossibilitados de usar os serviços bancários!
Gostaríamos, respeitosamente, de perguntar ao mui digno dirigente do Banco Central do Brasil: a quem recorrer? A quem nos dirigir para cobrar o ressarcimento pelos prejuízos sofridos? Seria matéria para o Conselho Monetário Nacional? Para o CADE? Ou para o próprio Banco Central?
Temos em nossa vida profissional e pessoal obrigações e deveres; mas parece não ser esta a diretriz do nosso sistema financeiro. Tudo nos leva a crer que exista uma “casta” especial, privilegiada, com direitos e prerrogativas não estendidas aos demais cidadãos e empresas, correntistas ou não.
E, por último, mas não menos importante, qual é o papel da todo-poderosa Febraban nos últimos acontecimentos? A nós, parece-nos surda e muda ante o desastre econômico que enfrenta a Região Serrana. A quem apelar para que os recursos do BNDES/PER solicitados pela Presidenta da República cheguem de fato às mãos dos micro e pequenos empresários? Como vencer o Golias da burocracia bancária? De nada adianta o remédio quando o paciente já estiver morto...
Excelentíssimo Senhor Presidente, não temos mais tempo a perder ou a já combalida economia serrana fluminense sofrerá danos irreparáveis. Nós, empresários, cidadãos e contribuintes, ansiamos por uma resposta o mais breve possível.
Respeitosas Saudações.
Cláudio Santos Verbicário
Presidente
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