A liberação de verbas pelo governo federal, já aprovadas pelo Legislativo, para dar início às tão sonhadas obras de construção dos prédios 2 e 3, em sua sede, no bairro do Prado. Esta é hoje a maior reivindicação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Nova Friburgo, que tem à frente Maria das Dores Mello Pacheco, a Dorinha, figura ímpar na cidade, que se dedica há décadas à inclusão social das pessoas portadoras de necessidades especiais.
Também duramente castigada pelas chuvas de janeiro, a Apae encontra-se hoje numa situação bastante deficitária em termos de espaço. O prédio onde funcionava parte da administração, a cozinha, os consultórios de atendimento médico e de fisioterapia, e que também abrigava as oficinas de música e esportes, foi condenado pela Defesa Civil e está inoperante. As oficinas foram suspensas, prejudicando cerca de cem alunos. A gráfica da Apae, fonte de recursos para a instituição, também foi obrigada a paralisar suas atividades.
Os serviços de alimentação e toda a parte clínica foram transferidos para o prédio onde funciona o Centro Educacional Rafael Mello Pacheco. Hoje quem visita a instituição pode perceber a determinação em manter os atendimentos aos quase 480 pacientes e/ou alunos. A boa notícia é que os serviços essenciais foram mantidos. Mas, as dificuldades não são poucas. As salas de aula, biblioteca, sala de informática e outras áreas da escola dividem espaço com aparelhos de fisioterapia, algumas foram transformadas em consultórios ou funcionam em meio período.
Apesar dos problemas, a parte clínica foi mantida pela direção da instituição. Segundo Dorinha Pacheco, não há como transferir o atendimento clínico para outro local da cidade, pois os alunos do Centro Educacional também recebem cuidados médicos. Pela manhã eles se dedicam à escola; à tarde fazem os tratamentos de fisioterapia e acompanhamento clínico. Os alunos estudam em horário integral, até as 16h, diariamente.
Dorinha explica que há recursos federais e estaduais em vias de liberação para a construção dos dois prédios da Apae, cujo projeto já está pronto há anos. Verbas geradas por emendas parlamentares, desde 2006, algumas já empenhadas e outras sob análise, seriam suficientes para erguer os prédios e aquisição de equipamentos. São vários processos nos últimos anos, todos já aprovados pelos respectivos legislativos (estadual e federal), mas os recursos ainda não chegaram à Apae.
Emocionada, Dorinha Pacheco chora ao falar da solidariedade do povo friburguense, de empresas multinacionais que ajudam a associação, e de personalidades, como o tenista Gustavo Kuerten, o Guga, cujo instituto está auxiliando famílias de pacientes da Apae na construção de suas casas. Apesar da falta de espaço, Dorinha conseguiu adequar cada metro quadrado da escola para garantir o atendimento aos pacientes especiais. Mas faz um apelo enfático para que os recursos federais sejam liberados o mais rápido possível, a fim de prestar um serviço de maior qualidade.
— Estamos lutando contra o tempo. Não podemos mais permanecer nesta situação. As emendas parlamentares foram apresentadas, aprovadas. Precisamos apenas de vontade política para que os recursos sejam liberados, para podermos fazer nosso trabalho, que é cuidar de nossos pacientes especiais e garantir a eles um tratamento digno e inclusão social — afirma.
EQUIPE MULTIMÍDIA
Não faltam elogios ao trabalho da Apae em Nova Friburgo. Na última semana a Equipe Multimídia da Universidade Candido Mendes (Ucam) percorreu as instalações e pôde constatar o carinho com que Dorinha trata a todos — e, principalmente, como o seu trabalho e a luta em prol das pessoas portadoras de necessidades especiais são reconhecidos. A dirigente da Apae não esconde o orgulho de estar à frente da instituição e faz questão de mostrar cada sala, cada área em que seus alunos são atendidos. Chama a todos pelo nome e recebe, sempre, um sorriso de agradecimento.
Nas filmagens, os rostos de crianças, adolescentes e adultos revelam a alegria e a satisfação em estar num local onde a dignidade vem em primeiro lugar. Mesmo com os espaços apertados, com a improvisação no atendimento, o carinho com que as crianças são atendidas consegue superar as adversidades. As sessões de fisioterapia prosseguem com a devida qualidade e o que se pode ver são funcionários, médicos, professores prontos a fazer o melhor — uma equipe dedicada e atenta, sob a supervisão de Dorinha Pacheco.
SHOWRISO APAEXONANTE II
Até o meio do ano, o curso de Comunicação Social da Universidade Candido Mendes promoverá a reedição do ShowRiso APAExonante, um evento beneficente, realizado em 2009, pelo Projeto Talento Cidadão, parceria entre a Ucam Nova Friburgo e A Voz da Serra. Por sugestão da própria Dorinha, o evento terá como slogan “Aqueça seu Sorriso”. A coordenadora do curso, jornalista Liliane Souzella, explicou que a ideia será apresentada esta semana aos alunos de Jornalismo e Publicidade para a formatação do show: as atrações, local e divulgação.
— Apesar de estarmos todos envolvidos com o projeto acadêmico A Nossa Friburgo, não foi possível resistir ao trabalho maravilhoso executado por Dorinha na Apae. E a ideia foi dela, entusiasmada com a repercussão do primeiro show. Em vez de realizarmos um evento beneficente no final do ano, como costumamos fazer, este ano teremos dois espetáculos beneficentes. Tenho certeza de que a reedição do ShowRiso vai empolgar nossos alunos — afirmou a coordenadora.
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