No último sábado, 26, empresários de Nova Friburgo voltaram a lotar a sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (Acianf). O objetivo era obter respostas sobre a liberação de crédito do BNDES para aqueles que foram atingidos pela tragédia de 12 de janeiro. A reunião foi agendada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e pelo presidente da Acianf, Cláudio Verbicário, e contou com a presença de diversas autoridades, entre elas, o suplente de senador, Olney Botelho, os vereadores Luciano Faria e Professor Pierre, o gerente geral da Caixa Econômica Federal, Marcos Lutterback, a gerente regional do Sebrae-RJ, Fernanda Gripp, o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego, Antonio Albuquerque, o gerente do Banco do Brasil, André Araújo, e o secretário de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, Christino Áureo.
Durante a reunião o presidente da Acianf elogiou a postura do ministro Carlos Lupi e a iniciativa e o compromisso do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, no sentido de incentivar a economia e trabalhar rapidamente em prol da recuperação da cidade. Cláudio Verbicário aproveitou para fazer uma retrospectiva da economia de Nova Friburgo e afirmou que a cidade já estava em recessão e piorou após a tragédia climática. Ele fez questão de destacar que a economia do município e de boa parte do Brasil depende das micro e pequenas empresas. Em seguida, partiu para o tema principal – a liberação das linhas de crédito do BNDES – reclamando das regras criadas pelos próprios bancos, afirmando que as normas mencionadas pelo BNDES foram desrespeitadas. “Isto é um escárnio”, enfatizou o presidente. De acordo com dados apresentados por ele, apenas 29 empresas conseguiram linha de crédito, através do Banco do Brasil, até o momento. “Devido à falta de compromisso dos bancos e seu caráter exploratório, o empresariado e a população podem promover protestos a qualquer momento”, concluiu.
Em resposta ao presidente da Associação Comercial, o ministro Carlos Lupi afirmou que o governo federal só opera com bancos públicos e que os bancos privados possuem uma regulamentação que é do Banco Central, por isso não têm ingerência do poder público. O ministro ainda afirmou que sempre brigou pela redução dos juros dos bancos.
Já o gerente do Banco do Brasil, André Araújo, explicou que o banco atrasou a liberação da linha de crédito em 15 dias porque aguardava a norma da medida provisória expedida pela presidente da República. Segundo ele, 50% dos recursos liberados para a região já foram aplicados pelo BB, sendo o equivalente a R$ 7 milhões para as micro e pequenas empresas. Além disso, 300 empresas já foram cadastradas e aguardam a liberação da linha de crédito. Informou ainda que até o dia 24 de fevereiro já contavam com 60 operações liberadas para utilização de recursos, com taxa de juros pré-fixada em 5,5% ao ano e carência mínima de três meses e máxima de quatro. André Araújo ainda afirmou que todas as linhas de crédito do banco estão operantes e as operações acima de R$ 100 mil serão pagas em cinco anos, com carência de até dois anos. “O banco é público e tem que seguir toda a legislação do BNDES. Não podemos passar por cima”, afirmou.
Marcos Lutterback também expôs a situação da Caixa Econômica Federal, destacando que esta semana os primeiros empréstimos serão liberados. “Não creditamos antes porque a prioridade inicial era liberar o FGTS. Até o momento já foram liberados aproximadamente R$ 40 milhões do FGTS em Nova Friburgo”, disse. O gerente da CEF também falou sobre o contratempo com a liberação do aluguel social - 1800 contas - e sobre o seguro desemprego. “Os primeiros empréstimos - de até R$ 50 mil - começaram a entrar nas contas a partir da última semana de janeiro. Para empréstimos acima de R$ 100 mil o banco ainda espera o aval para liberação, e para empréstimos abaixo de R$ 100 mil basta o aval do banco. Acima deste valor é necessário garantia real do requerente, ou seja, imóveis”, concluiu Lutterback.
O ministro declarou que solicitará à presidente Dilma que o equipamento (maquinário) de uma empresa sirva como garantia para os requerimentos acima de R$ 100 mil.
Carlos Lupi: “Façam pressão junto ao BNDES e outros órgãos”
A reunião também focou os problemas da zona rural. De acordo com moradores e trabalhadores desta região, existe um descaso profundo em relação à localidade. A região está abandonada e as pontes e estradas estão arruinadas, mas, de acordo com o secretário de Agricultura do Estado, Christino Áureo, esta semana uma equipe de técnicos se reunirá para definir quais serão as prioridades no quesito infraestrutura, a saber: reformas, remoção de entulhos, liberação de estradas, recuperação de moradias e construção de pontes.
O ministro solicitou aos empresários que façam pressão junto ao BNDES e outros órgãos e prometeu voltar à cidade. “Funcionalismo público só funciona na base da pressão”, afirmou Carlos Lupi.
Deixe o seu comentário