Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o uso do crack já atingiu contornos de epidemia nacional, e cerca de 98% das 4 mil prefeituras informaram que têm problemas de violência, saúde pública e social devido ao vicio de drogas alucinógenas como cocaína, maconha e que “cracolândias” estão instaladas no perímetro urbano e resistindo à desativação. É o quadro comum em pequenas urbes até cidades de médio e grande porte, inclusive as capitais, todas sem uma solução a curto prazo.
A CNM acusou a demagogia oficial no combate ao assunto e classificou de engodo Ias ações da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), vinculada a Presidência da República, informando que nenhuma prefeitura recebeu recursos do Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack lançado pelo presidente Lula em maio. Trata-se, segundo o relatório, de “mais um balão de ensaio”, como tantos outros que marcam os projetos da administração federal que se encerra. Nunca saiu do papel. Assinala ainda que não há combate e que o crack vai conquistando espaço, notadamente entre os jovens, suas maiores vítimas, graças à negligência das autoridades.
Nas capitais, o uso da droga por setores das comunidades das periferias é vertiginoso e chega a lotear áreas urbanas centrais. No interior de todo o país, sem exceção, os locais são conhecidos como ”cracolândias” e reúnem marginais de todos os matizes, prontos a assaltar e roubar para conseguir o dinheiro para as pedras, aumentando consideravelmente as estatísticas criminais. A repressão é tímida, incipiente e incapaz de solucionar, devido, inclusive à própria legislação, que tolera a figura do usuário, punindo apenas o traficante e desta forma abarrotando o sistema carcerário de “traficantes” descartáveis e que são substituídos na hora pela legião de desempregados do país.
Confrontada com a existência de “cracolândias” em todo o território nacional, a Presidência da República classificou o relatório resultante da pesquisa da CNM de “especulação” e reiterou que, assim como a saúde, a educação e a segurança são prioritários e têm recebido toda a atenção possível. O que parece que tem sido pouco de um governo que tem mais de 80% de aprovação popular. Informou ainda que foram alocados 410 milhões de reais para o combate ao crack, já distribuídos a prefeituras o que também é negado.
Corroborando o tema, pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), semana passada, concluiu que 1 entre 4 estudantes das redes particulares e públicas já consumiu algum tipo de droga, não podendo informar, contudo, quantos serão dependentes até começarem a causar problemas e dificuldades na família e na sociedade. Os resultados de algumas políticas públicas são inquestionáveis, mas o combate às drogas ficou a dever, justamente um setor que atinge o futuro do país que é a sua juventude.
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