Fumo e gravidez: uma combinação perigosa

segunda-feira, 03 de janeiro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Fumo e gravidez: uma combinação perigosa
Fumo e gravidez: uma combinação perigosa

Por Alessandro Lo-Bianco

Fumar na gravidez é um risco evitável, ao contrário de outros que a gente nem sempre consegue driblar, como o diabetes gestacional. E, entre os hábitos modificáveis, o tabagismo é o que mais traz riscos à gravidez. Segundo dados americanos de 2009, o hábito de fumar está associado a 5% das mortes infantis, a 10% dos nascimentos prematuros e a 30% dos casos de bebês nascidos pequenos para a idade gestacional. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), ocorrem cerca de 200 mil mortes por ano por causa do uso de tabaco.

Com relação às funções reprodutivas e à gravidez, o tabagismo – tanto ativo quanto passivo – aumenta o risco de infertilidade, de descolamento prematuro da placenta durante a gravidez, de ruptura prematura da bolsa, de placenta prévia (ou baixa), gravidez ectópica (nas trompas) e aborto, entre outros resultados adversos. Por isso, todas as mulheres grávidas devem ser questionadas sobre o uso de tabaco, mesmo antes de engravidar, quando se programa a gestação com o parceiro. A gravidez é uma oportunidade única para a intervenção médica. Mulheres que procuram o pré-natal devem ser avaliadas e receber reforço para abstinência a cada consulta.

A triagem é feita no consultório da obstetra, perguntando-se quantos cigarros se fuma por dia, mas é importante lembrar que não há níveis seguros para o consumo das substâncias presentes nesses produtos. O tabaco possui mais de 4.700 substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído e partículas de nicotina e alcatrão.

Mulheres que fumam têm de uma a três vezes mais probabilidade de dar à luz bebês de baixo peso, e esse risco aumenta com o aumento do consumo de cigarros por dia – é considerado baixo peso ao nascer ter menos que 2.500 kg. O risco de morte neo-natal, isto é, em bebês com até 28 dias de vida, parece também ser maior em fumantes. Apesar dos efeitos nocivos do tabagismo sobre a saúde das mães e do seu filho, estima-se que, nos Estados Unidos, 22% das mulheres em idade reprodutiva fumem. A prevalência é maior naquelas com idade inferior a 25 anos, índice escolar menor que 12 anos, solteiras e de baixa renda.

Substâncias tóxicas invadem a placenta

É preciso ficar claro que, quando uma mulher fuma durante a gravidez, o feto também fuma, pois recebe as substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. Avaliações das placentas de fumantes têm mostrado mudanças estruturais deste órgão, que é responsável por levar o sangue com nutrientes e oxigênio para o bebê. Nas mulheres grávidas com tais alterações, essa entrega pode ficar dificultada. Fumar pode resultar também em danos diretos ao material genético do feto. A nicotina provoca aumento do batimento cardíaco no feto, redução de peso no recém-nascido, menor estatura, além de alterações neurológicas importantes. Durante a amamentação, as substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas para o bebê pelo leite materno.

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