Dalva Ventura
Experimente encontrar uma pessoa – uma só – que tenha aprovado a mudança de mão da Rua General Osório, no trecho entre a Casa dos Pobres São Vicente de Paulo e Rua Aristão Pinto, ocorrida há mais de quatro meses. Desde então, moradores, comerciantes e motoristas que são obrigados a passar por ali, sobretudo nos horários de rush – na entrada e saída de colégios ou no fim da tarde – estão sendo obrigados a conviver com um caos sem precedentes no trânsito da cidade.
E nem com o fim do período escolar a situação melhorou, com engarrafamentos em todas as ruas e avenidas próximas. O Paissandu, que sempre foi apontado como o maior calcanhar de Aquiles do trânsito friburguense, perdeu a vez para a General Osório. O problema é disparado o campeão de reclamações por e-mails recebidos por A VOZ DA SERRA. São leitores indignados, que apelam ao jornal em busca de uma solução para, ao menos, amenizar os transtornos que estão sendo obrigados a enfrentar desde então.
É impressionante. Sempre que se faz uma mudança no trânsito alguns gostam e outros reclamam. No caso da General Osório, porém, isto não ocorreu. Todo mundo, literalmente todo mundo, que mora ou é obrigado a passar por ali, ficou insatisfeito. Inclusive os que teoricamente seriam beneficiados com as mudanças, como os que enfrentam o trânsito de Duas Pedras até o Centro nos períodos de rush.
Mas, se depender do prefeito em exercício, Dermeval Barboza Moreira Neto, e do diretor-superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito (Autran), coronel Celso Novaes, os insatisfeitos podem ficar tranquilos, pois o trânsito da General Osório não ficará como está. Desde que assumiu a Prefeitura, Dermeval vem repetindo que vai mexer na General Osório. E o coronel Celso Novaes assina embaixo – ele próprio diz que é obrigado a passar por ali de vez em quando e conta que outro dia mesmo levou uma hora e meia “do Sader até a praça”. E garante: vai atacar o problema o quanto antes.
Celso Novaes pede apenas um pouco de paciência da população, pois tomou posse há menos de duas semanas e antes de fazer qualquer mudança precisa “sentar e estudar com cuidado” as alternativas possíveis. “Até porque, não podemos correr o risco de errar”, afirmou.
Uma das possibilidades seria voltar ao que era antes, como querem os moradores. Outra, diz, seria manter a inversão da General Osório, mas por inteiro, e não apenas até a Aristão Pinto. Porém, só nos horários de rush, a exemplo do que ocorre em algumas ruas do Rio de Janeiro, como a Jardim Botânico e a Avenida Atlântica, por exemplo.
Embora precise amadurecer mais essa ideia, o superintendente da Autran já pensou até em deixar a General Osório “com mão e contramão”, como já ocorreu em priscas eras. Loucura? O coronel Celso acha que não. “Se os carros não puderem estacionar em nenhum dos dois lados, a General Osório passa a ser uma rua como outra qualquer, podendo, quem sabe, dar passagem tanto para carros que vão em direção a Duas Pedras como o contrário”, diz.
Quando se trata de Autran, porém, tudo é muito complicado, reconhece o superintendente. Basta citar a quantidade de agentes de trânsito disponíveis. São apenas 20, quando seriam necessários pelo menos 50. É difícil, admite, muito difícil, senão impossível, administrar o trânsito de uma cidade como Nova Friburgo com tão poucos agentes capacitados para exercer a função.
“Tem que ter uma solução”
Por enquanto, porém, só se ouve reclamações. A verdade é uma só: a inversão da rua não deu certo e está prejudicando o comércio, os moradores e o próprio fluxo do trânsito.
Um abaixo-assinado com mais de 800 assinaturas está há mais de dois meses na Secretaria Geral de Governo aguardando a atenção das autoridades municipais. Até quando?
Vale lembrar que os problemas ocasionados pelo imbróglio não se restringem aos engarrafamentos. Os moradores estão tendo que enfrentar ruídos ao qual não estavam acostumados. A General Osório, quem diria, que já foi uma rua sossegada e silenciosa, tornou-se uma das mais barulhentas da cidade. Com buzinaços, sirenes dos bombeiros, da polícia e de ambulâncias (além do Hospital Municipal Raul Sertã, a rua abriga várias clínicas e consultórios), motos passando pelas calçadas, enfim, um caos.
Assim como a maioria dos moradores e comerciantes da área, o proprietário da Padaria Suspiro, Luiz Fernando Ribeiro Reis, acha que o trânsito deveria ser num único sentido. “Ou subindo ou descendo. O que não pode é continuar do jeito que está”, diz. Além disso, destaca, a quantidade de ônibus passando por ali aumentou muito. Antes eram só algumas poucas linhas da Faol, aliás, muito úteis para quem precisava ir até o Hospital Raul Sertã. Esses agora estão cortando um dobrado, pois têm que atravessar uma rua de trânsito pesado, a Avenida Euterpe, para chegar ao hospital. Agora também há linhas da Viação 1001, da Natividade e da Viação Teresópolis passando pela General Osório. É mole ou quer mais?
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