Editorial - A natureza não perdoa - 23 de novembro.

terça-feira, 23 de novembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

NEM BEM o prefeito em exercício, Dermeval Neto, sobrevoou o município avaliando as áreas de risco, a fim de estabelecer ações da Defesa Civil, a força da chuva na madrugada e manhã do último domingo revelou novamente a nossa vulnerabilidade. Bairros e localidades foram duramente atingidos, antevendo de forma preocupante o início do período de chuvas e temporais do verão que se aproxima.

COMO SE vê nas páginas desta edição de A VOZ DA SERRA, as áreas atingidas carecem de infraestrutura compatível com a densidade populacional e questão habitacional muitas vezes desordenada e sem um prévio conhecimento dos riscos que tais famílias correm. É preciso, mais do que nunca, correr atrás do tempo perdido e estabelecer programas habitacionais que permitam substituir com qualidade e segurança as inúmeras moradias das encostas friburguenses.

POR MAIS que os governos afirmem estar com a situação sob controle e que os investimentos estão disponíveis, pouquíssimas cidades brasileiras se preocupam devidamente com os estragos que podem advir com as construções irregulares, inclusive em Nova Friburgo. Levantamento da Defesa Civil aponta para dezenas ou centenas de áreas consideradas perigosas e que exigem uma atuação firme das autoridades.

DESDE que a cidade foi assolada por fortes chuvas, há quase dois anos, a situação dos desabrigados não é das melhores. Sem políticas de habitação, o jeito foi criar núcleos habitacionais que pudessem abrigar esse contingente, sem, contudo, acenar para a imensa maioria que paga aluguel, mora em área de risco e sonha com uma casa própria. Nova Friburgo cresceu sem saber para onde e hoje o quadro exige uma atenção redobrada dos nossos administradores.

ALÉM dos transtornos às pessoas, as áreas de risco não estão sendo gerenciadas adequadamente, provocando incerteza sobre o futuro de alguns locais cidade que foram afetados pelas chuvas e que podem vir a causar novas tragédias. O meio ambiente, no caso, é o mais prejudicado, redundando em consequências desastrosas a curto, médio e longo prazos.

MAIS QUE providenciar o futuro dos que ficam ao relento a cada temporal mais forte, o governo municipal deverá traçar políticas públicas de gerenciamento de risco, dotar a administração de serviços de geotecnia e estabelecer práticas de gestão ambiental de forma abrangente e rigorosa em toda a comunidade.

NÃO podemos mais viver de sustos. É hora de planejarmos o futuro para não sermos surpreendidos pela força implacável da natureza outra vez.

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