Dalva Ventura
Ontem e hoje, o cargo de servidor público – que teve seu dia comemorado na última quinta, 28 – sempre foi muito cobiçado. A cada novo concurso, milhares de candidatos buscam uma vaga em instituições federais, estaduais e municipais. Não sem razão. Ao contrário dos trabalhadores do setor privado, os servidores contam com planos de carreira e garantias, como estabilidade no emprego, que tornam a demissão muito mais difícil. Além disso, têm a garantia de que a empresa não fechará e que seu empregador não irá à falência.
Comparando com o setor privado, os salários também são atraentes. A grande maioria – 47,1% – recebe de R$ 1.301 a R$ 3,5 mil por mês. Vale ressaltar, porém, que apenas 14,4% recebem pagamentos acima de R$ 8,5 mil e 1,2%.
O fato é que hoje em dia a vida dos funcionários públicos, sejam eles federais, estaduais ou municipais, mudou bastante e se assemelha cada vez mais com a de qualquer assalariado. O tempo dos barnabés e do paletó na cadeira parece ter ficado para trás definitivamente. Atualmente, todos têm que trabalhar muito, até para dar conta do grande volume de serviço que passa por suas mãos. Neste contexto, até a palavra “repartição”, carregada de preconceitos, deixou de ser utilizada.
Mesmo assim, a profissão ainda é encarada de forma depreciativa por boa parte da população. A história mostra, porém, que são esses funcionários, na verdade, os grandes responsáveis pela manutenção e organização dos serviços prestados pelo poder público, em qualquer nível.
A reportagem de A VOZ DA SERRA pode constatar esta realidade visitando diversas repartições. Em vez do ritmo lento que esperava encontrar, se deparou com gente que não pode parar sequer para dar uma entrevista. “Olha, nós vamos ter que parar quatro dias por conta dos feriados de Finados e do Dia do Servidor Público, que foi adiado para segunda-feira, dia 1º, então, estou cheio de serviço, desculpe”, afirmou um rapaz que trabalha no Tribunal de Justiça e, como os demais, não quis se identificar.
Aliás, independente do órgão em que trabalha, nenhum servidor pode dar entrevistas ou declarações sem autorização superior. Uma pessoa que trabalha na Defensoria Pública, e que também não forneceu seu nome, fez questão de desmentir a má fama dos servidores. “Olha, o que eu posso te dizer é que aqui todos trabalhamos muito. Ás vezes ficamos aqui até fora do nosso horário”, diz. Mesmo assim, o órgão não consegue dar conta da sobrecarga de processos. Alguns chegam a trabalhar até nos fins de semana, e não são raros os casos em que levam serviço para casa.
Evidentemente, nem todos agem desta maneira. Há servidores que deixam a desejar e seus chefes têm a maior dificuldade para colocá-los em disponibilidade. Uma pena, pois, como o próprio nome sugere, ser servidor público é estar a serviço do povo. Um trabalho que exige compromisso e intensa dedicação, contribuindo com eficiência e zelo na construção de um país melhor.
Emprego público cresce com desenvolvimento
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o emprego público geralmente cresce à medida que o desenvolvimento econômico aumenta, pois este cria a necessidade de aumento dos serviços públicos, principalmente nas áreas de infraestrutura, de educação e saúde.
* Segundo a última pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2007, 79% dos funcionários públicos do país fazem parte do Poder Executivo.
* São cerca de dez milhões de servidores distribuídos entre cargos federais, estaduais e municipais.
* Estes trabalhadores representam 11% das pessoas que estão no mercado de trabalho.
* O restante fica distribuído entre estatais (8,4%), administração indireta (8%), Judiciário (2,7%) e Legislativo (1,7%).
* O Sudeste é a região com maior número de funcionários (41%), seguido pelo Nordeste (26,5%), Sul (14,6%), Centro-Oeste (9,1%) e, por último, a região Norte (8,6%).
* O Centro-Oeste vence no quesito quantidade de funcionário público por habitante. Cerca de 6,8% da população está empregada no setor público. Em segundo lugar está o Nordeste, com 5,17% e em terceiro, o Sudeste, com 5,15%.
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