Dalva Ventura
São 22 fotografias que retratam os festejos de centenário do Sanatório Naval de Nova Friburgo (SNNF). O fotógrafo Nelson Alvarez não podia ter escolhido um tema melhor para sua primeira exposição. Extremamente ligado ao militarismo, embora nunca tenha seguido carreira, nem sequer servido ao Exército, Nelson sempre manteve estreitas relações com o Sanatório Naval de Nova Friburgo e com a Marinha, já tendo recebido, inclusive, a medalha Amigo da Marinha. Atualmente ele é, inclusive, o presidente da Sociedade Amigos da Marinha (Soamar) de Nova Friburgo, entidade cujo objetivo é manter a sociedade informada sobre a importância estratégica, política e econômica da Marinha.
A exposição pode ser visitada até domingo, 31, no segundo piso do Cadima Shopping, e registra todos os acontecimentos que marcaram a efeméride. Além de um concurso de trovas sobre a Marinha do Brasil e o centenário estão ali momentos marcantes do desfile do aniversário da cidade, 16 de maio, que contou com a participação de agremiações ligadas ao Sanatório. Uma delas foi o desfile da banda Recreio Bonjardinense, que também esteve presente na inauguração do Sanatório, ocorrido em 30 de junho de 1910.
Outro momento flagrado pelas lentes de Nelson foi o almoço de confraternização dos ex-diretores, ocorrido no dia 30, que incluiu uma missa campal, o lançamento do selo dos cem anos e uma cerimônia militar, além dos concertos das bandas Euterpe e Campesina. O destaque maior de todo o evento, porém, foi a apresentação da banda dos Fuzileiros Navais, no Teatro Municipal, e que representou uma verdadeira apoteose na cidade.
Segundo Nelson, o objetivo da exposição é mostrar aos friburguenses e visitantes como foi comemorado o centenário. “Quem não participou não tem nem ideia do que aconteceu”, diz. “Foi muito, muito bonito e emocionante”, frisa. Além disso, destaca, as fotos escolhidas para a exposição representam também um documento histórico.
Vale lembrar a importância do Sanatório para a região e a comunidade. Como se sabe, o órgão é responsável por toda uma área que vai de Nova Friburgo até Minas Gerais e, enquanto muitos setores da própria Marinha já foram fechados o Sanatório local permanece firme. Sua própria existência é importante para Nova Friburgo, garantindo a preservação da enorme área de entorno - não só em termos de proteção da fauna e da flora como de especulação imobiliária.
E os festejos ainda não terminaram. Até dezembro será lançada uma revista documentando tudo o que vem acontecendo no ano do centenário. A exposição pode ser visitada das 10h às 22h, desta quinta a sábado, e das 12h às 22h, no domingo.
Um pouco de história
O Sanatório Naval de Nova Friburgo foi criado em 1910 para tratar as vítimas do beribéri, doença muito comum entre os marinheiros da época. Sua inauguração contou, inclusive, com a presença do então presidente da República, Nilo Peçanha. Mais tarde o Sanatório passou a atender aos pacientes de tuberculose em seu hospital de tísica, inaugurado em 1936, hoje desativado.
Nesses cem anos, o Sanatório sempre teve uma presença importante no cotidiano da cidade. Atualmente conta com um ambulatório de serviços médicos e odontológicos destinados aos militares e seus familiares. Dispõe também de área recreativa, esportiva e social, denominada Casa do Velho Marinheiro, que proporciona atividades de lazer e facilidades de hospedagem aos oficiais e civis das Forças Armadas, em geral.
O prédio do SNNF é tombado pelo Instituto Estadual de Partrimônio Cultural (Inepac) e a propriedade ocupa uma área que abrange terras que vão de Mury ao bairro de Olaria, passando pelo Paissandu. Assim, a simples presença da Marinha na cidade garante a proteção de todo aquele ecossistema, inclusive de muitas nascentes que descem dali. “Se aquela mata fosse destruída, certamente a temperatura da cidade subiria muito”, garante o engenheiro e jornalista Nelson Alvarez.
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