Henrique Amorim
A apenas seis quilômetros do Centro, o bairro Varginha bem aparenta uma típica e pequena cidade do interior. Tranquilidade, vida pacata, muito verde nas redondezas e costumes já não mais tão comuns na atualidade, como o cumprimento entre os moradores nas ruas. “É um lugar onde quase todo mundo se conhece. É muito bom viver aqui”, garante Lair Fernandes Verly, que há quatro décadas escolheu Varginha para morar. Ela não se arrepende da opção e enumera muitas qualidades da localidade, onde muitos moradores dos arredores se deslocam até o pequeno comércio do bairro em cavalos e charretes. Mas quem vive em Varginha convive com problemas comuns às áreas urbanas.
O córrego que corta o bairro, por exemplo, recebe todo o esgoto sem tratamento dos domicílios e em épocas de estiagem o forte odor incomoda quem mora nas proximidades. Nos períodos de temporais, o córrego, ainda sem nome, transborda inundando quintais, terrenos e ruas próximas, levando muito transtorno à comunidade. Em algumas ruas, o calçamento de paralelepípedos encontra-se com trechos desnivelados e buracos, o que requer atenção redobrada dos motoristas devido ao risco de acidentes, como na Rua Lúcio Antunes Nogueira, onde é preciso bastante cuidado na ladeira íngreme, devido a uma cratera bem ao meio da pista. Em frente à Escola Municipal Juscelino Kubitschek, um poste de concreto com um emaranhado de fios da rede elétrica, telefonia e cabos expõe moradores e estudantes ao perigo.
A falta de capina é outra reclamação dos moradores de Varginha. “Raramente nosso bairro é brindado com um mutirão da Prefeitura. Está precisando de uma frente de obras por aqui para tapar os buracos, colocar tampas ou grades nos bueiros e tirar o mato das esquinas”, sugere o morador Antônio Elias Alencar. A Secretaria Municipal de Obras de Nova Friburgo informou que o bairro Varginha já está incluído no calendário de mutirões da Prefeitura e deverá receber melhorias em breve.
Uma das áreas mais carentes de investimentos no bairro é o Loteamento Ouro Verde, onde algumas ruas, como a Waldir Ramalhete Lemos, ainda não têm pavimentação, o que impede a circulação de veículos em dias de chuva por causa da lama na ladeira bem íngreme. O asfaltamento das vias, porém, ainda não tem previsão. O abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, a coleta de lixo e a circulação dos ônibus da linha Varginha-Centro, com intervalos de 20 minutos entre as saídas, não foram alvos de queixas.
Comunidade também quer mais especialidades médicas no posto de saúde
Os moradores de Varginha apelam ainda à Fundação Municipal de Saúde (FMS) a disponibilidade de mais médicos para o posto de saúde do bairro, que funciona num imóvel alugado, na Rua Francisco Ferreira. A unidade possui apenas um clínico geral, que dá atendimento ambulatorial nos dias úteis da semana, mas a demanda já é grande. “O pior é quando o médico sai de férias. Aí ficamos sem atendimento aqui. Ainda bem que a marcação de consultas aqui não é tão difícil, como em outros postos”, diz a paciente Rita Fernandes.
A pediatria e a cardiologia são duas das especialidades mais requisitadas pelos moradores, mas, devido à carência de médicos na rede pública, ainda não foi possível dotar o posto de Varginha com maior variedade de especialidades. Com isso, muitos pacientes acabam recorrendo à Policlínica Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, ou ao Hospital Municipal Raul Sertã. Pacientes que necessitam de atendimento de urgência são encaminhados ao hospital de ambulância.
Área de lazer é a maior reivindicação da comunidade
Quem mora no bairro Varginha, principalmente crianças e jovens, reclamam da inexistência de uma quadra poliesportiva ou, até mesmo, de uma praça para o lazer comunitário. O único espaço comumente utilizado pelos jovens é um campinho de futebol improvisado, na Rua Luiz Carlos Schuttz, talvez, segundo os moradores, o único local disponível para construção de uma praça de lazer ou quadra esportiva.
A cerca de dois quilômetros dali, o Estádio Jovino Schenkeu, do Varginha Futebol Clube, fundado há 40 anos, é frequentemente utilizado pelos esportistas, principalmente nos fins de semana, quando ocorrem campeonatos de futebol. Trilhas e cachoeiras ao redor são também bastante visitadas por moradores e até mesmo turistas no verão. O bairro, inclusive, integra o Circuito de Turismo Ecorural Ponte Branca.
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