Inclusão digital pode levar ao aumento da renda, mas precisa de investimentos

segunda-feira, 04 de outubro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Amine Silvares

A informatização dos serviços fez com que a inclusão digital se tornasse necessária para a sobrevivência no mercado de trabalho. São poucas atividades do cotidiano que não contam com algum tipo de tecnologia eletrônica computadorizada. Pintar a casa? Pois antes é possível ver como ficará, através de um programa de computador. Comprar um carro? Agora pode-se fazer isso pela internet. E carro é só uma das muitas coisas que se pode comprar on-line. Quando o mundo todo está a um clique de distância, é preciso se preparar, para não ser deixado para trás.

O problema da inclusão digital é a falta de preparação das pessoas para o verdadeiro objetivo, a evolução socioeconômica dos usuários. Não basta apenas vender computadores a preços menores ou entregar máquinas, inaugurar, tirar fotos e deixar por isso. É preciso que profissionais treinem a população para tirar melhor proveito das ferramentas que estão ao alcance e ajudar a desenvolver as comunidades com a ajuda da tecnologia, buscando soluções práticas para melhorar a vida dos usuários. As áreas carentes, que sofrem com a falta de infraestrutura em telecomunicações e tecnologias, são as que mais podem se beneficiar com os investimentos de empresas e governos.

Ao redor do mundo, diversas políticas de inclusão digital têm dado certo e servem de exemplo para o Brasil criar suas próprias políticas, adaptando e aplicando as técnicas que tem mostrado resultado. A chave do sucesso é passar o conhecimento necessário para que a população possa utilizar recursos da informática para melhorar o baixo índice social. Mas, antes, o país precisa se preparar para a democratização da informação e universalização da tecnologia. As redes elétrica e telefônica são insuficientes, bem como as de cabo para internet. A banda larga ainda não é amplamente difundida e as redes de wi-fi, internet via ondas de rádio, não são capazes de cobrir a demanda.

A inclusão digital é muito maior do que isso e nela está embutido o desenvolvimento da consciência democrática. O poder da internet pode ser sentido durante as eleições americanas de 2008, quando o então candidato à presidência americana, Barack Obama, utilizou a internet massivamente para fazer campanha. Foi graças ao apoio dos internautas que Obama conseguiu disseminar sua mensagem, suas propostas de governo e conquistou milhões de votos. Usando sites como o Twitter, YouTube, Facebook, My Space, fóruns e outros sites, o agora presidente dos Estados Unidos foi o primeiro a usar, massivamente, a internet no processo democrático. Nas eleições de 2010, a maior parte dos candidatos brasileiros não soube usar a internet a seu favor e o exemplo mais bem-sucedido é o de usuários e eleitores responsáveis pelo crescimento da popularidade da candidata Marina Silva, do PV.

Em Nova Friburgo, os pontos de acesso gratuitos ainda são insuficientes, sendo que alguns não funcionam da forma como deveriam. Apesar de algumas máquinas novas, falta internet e profissionais preparados para capacitar os alunos e ensiná-los a usar os computadores em benefício próprio e coletivo. A inclusão social pode acontecer através da digital, mas, para isso, são necessários grandes investimentos em educação, área que nunca recebeu o devido destaque no Brasil.

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